S�o Paulo, 04 - A combina��o da press�o na inadimpl�ncia e desemprego leva os grandes bancos a renegociarem d�vidas at� dos clientes adimplentes. A aten��o, mesmo com tomadores que ainda n�o est�o no vermelho, se faz necess�ria, de acordo com executivos ouvidos pelo Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, para evitar que fiquem em atraso pela deteriora��o das contas dom�sticas.
Como o aumento da inadimpl�ncia � visto como um movimento inevit�vel no cen�rio atual, o esfor�o dos bancos visa evitar que o indicador, considerando, principalmente, os atrasos acima de 90 dias, aumente em uma intensidade ainda maior. "Os bancos ainda est�o se desalavancando e a inadimpl�ncia vai subir nos diferentes players", diz o executivo de alto escal�o de uma institui��o.
Ao final de junho, os calotes nas pessoas f�sicas subiram na maior parte dos bancos ap�s trimestres seguidos de redu��o. Dados do Banco Central, publicados na semana passada mostram que o �ndice no mercado de cr�dito com recursos livres fechou agosto em 5,5% ante 5,4% do m�s anterior, o mais alto do ano. Tamb�m soma recordes a taxa de desemprego. Em agosto, ficou em 7,6%, maior varia��o anual apurada pela Pesquisa Mensal de Emprego, iniciada em 2003, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Neste cen�rio, mais do que uma postura de cobrador, defendem os bancos, a renegocia��o de d�vidas junto a adimplentes visa dar um f�lego adicional � vida financeira dos clientes. "Boa parte da popula��o vai precisar se organizar financeiramente e, por isso, estamos aumentando nossa abordagem pr�-ativa. Para algumas pessoas, o n�mero de dias que consegue ficar positivo (na conta corrente) est� diminuindo e as contas est�o se deteriorando m�s a m�s", alerta Cassius Schymura, diretor de Produtos do Santander.
O banco espanhol, conforme ele, est� refor�ando a oferta de um produto que reempacota diferentes tipos de cr�dito em apenas um empr�stimo, com taxas de juros e prazo mais atrativos. Batizado de cr�dito sob controle, a solu��o abrange, principalmente, cr�ditos sem garantia, como � o caso do cart�o de cr�dito, cheque especial e cr�dito pessoal. "Queremos ajudar o cliente a reorganizar sua vida financeira. N�o quer dizer que ele est� em apuros. Queremos prevenir, antecipar", explica Schymura.
Clientes adimplentes com risco de default tamb�m est�o no radar do Banco do Brasil. Walter Malieni, vice-presidente de Controles Internos e Gest�o de Riscos do banco, antecipa ao Broadcast que no pr�ximo dia 15 de outubro a institui��o vai disponibilizar a esse p�blico a renegocia��o de suas d�vidas pela internet. Por meio do Portal de Renegocia��o, lan�ado no final do ano passado, o BB j� recuperou quase R$ 1,5 bilh�o junto a 140 mil tomadores e agora espera elevar esse n�mero tamb�m com clientes adimplentes.
Diariamente, a plataforma registra m�dia di�ria de 580 opera��es de regulariza��o de d�vidas, com saldo de R$ 6,5 milh�es repactuados a cada 24 horas. De acordo com Malieni, o BB vai identificar futuros inadimplentes por meio da compara��o de um conjunto de informa��es que incluem comportamentos de consumo dos clientes, pesquisas de or�amento familiar. "Temos modelos acurados na plataforma que indicam a probabilidade de default dos clientes", explica ele.
Os bancos contam ainda com outros produtos para renegocia��o de d�vidas de clientes adimplentes al�m do reempacotamento de cr�ditos j� tomados. Um deles � o cr�dito pessoal com garantia do im�vel, o chamado home equity. Com juros menores e prazo mais longo, a linha, por�m, ainda n�o deslanchou no Brasil em meio ao receio dos tomadores em darem sua resid�ncia como garantia de um empr�stimo pessoal.