
Foi a primeira vez em quase quatro anos que o IPCA perdeu a corrida para as remarca��es dos servi�os de eletricista, bombeiro hidr�ulico, encanador, marceneiro e aqueles profissionais h�beis na infinidade de reparos necess�rios para manter a casa em ordem. Eles haviam se acostumado a repassar custos sem d� do cliente, tendo precificado sua m�o de obra em at� 5,7 pontos percentuais acima da infla��o, como se observou em 2012. No ano passado, ainda de acordo com o IBGE, esses servi�os encareceram 10,02%, ao passo que a infla��o atingiu 6,41%.
Na Grande Belo Horizonte, os reajustes nos primeiros nove meses do ano somaram 4,78%, em m�dia, ante um IPCA de 7,03%. A bonan�a para esses profissionais, geralmente aut�nomos, parece ter acabado e nem mesmo os especialistas em lidar com os �ndices econ�micos arriscam palpite diferente de novos tempos dif�ceis para a categoria. Despesas n�o essenciais est�o sendo cortadas e v�o continuar nessa toada, para o economista F�bio Bentes, da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC).

Desde o fim de 2014, as contrata��es est�o minguando para o prestador de servi�os, com larga experi�ncia e que atende o cliente com o aux�lio de um Dobl� adaptado com ferramental suficiente para diagnosticar os problemas na resid�ncia. Os atendimentos ca�ram da frequ�ncia de tr�s demandas por dia a dois ou tr�s pedidos por semana. “Se reajustamos o or�amento al�m do m�nimo poss�vel, o cliente desiste do servi�o”, conta. Essa nova postura passou a exigir que o prestador de servi�os absorva parte dos aumentos de custos com deslocamento, que envolvem n�o s� a alta da gasolina, mas tamb�m a hora de estacionamento.
O levantamento de dados do IBGE indica que a dificuldade de remarca��o � generalizada pelo pa�s, observa Luciene Longo, analista do instituto em Minas. “Numa situa��o de crise, de fato, as pessoas repensam os gastos”, diz. Outro fator importante � que, at� mesmo por j� terem reajustado seus pre�os acima da infla��o, agora os prestadores de servi�os v�o ter de segurar os repasses.
Novos tempos
A demanda ativa nos �ltimos cinco anos at� meados de 2014 foi decisiva para facilitar os reajustes de pre�os que s�o livres, lembra Eduardo Antunes, gerente de Pesquisas da Funda��o Ipead, vinculada � UFMG. “A diferen�a, para o cen�rio atual, � que eles continuam reajustando porque os custos subiram”, afirma. A pesquisa da institui��o, que calcula o IPCA de BH, verificou reajuste m�dio de 11,09% dos pre�os dos servi�os de pedreiro, marcieneiro e eletricista de janeiro a setembro. A infla��o alcan�ou 8,65% no per�odo.
Trata-se de uma disparidade de percentuais modesta, quando comparada �s corre��es de 25,58% dos servi�os em 2013, mais de quatro vezes � frente da evolu��o do IPCA naquele ano, de 6,14%. Falar em tend�ncia, no entanto, significa, ainda, tatear no escuro. “O fundo do po�o est� perto, mas a expectativa � de que haja uma melhora da demanda no ano que vem. Ainda assim, dificilmente os pre�os v�o retornar, com a perspectiva de continuidade da alta dos insumos e eleva��o da carga tribut�ria”, afirma Eduardo Antunes.