
Em uma confer�ncia com jornalistas em Estocolmo, Deaton disse que estava encantado por ter recebido o pr�mio. “Eu sabia que era uma possibilidade, mas todos os anos as chances s�o t�o pequenas”, observou. O economista tamb�m se descreveu como uma “pessoa que est� preocupada com os pobres do mundo, com o modo que as pessoas se comportam e com o que lhes d� uma vida boa”. Deaton disse que ganhar o pr�mio � como se um raio ca�sse em voc�, uma possibilidade, embora remota. “Se voc� tem a minha idade e esteve trabalhando por muito tempo, sabe que � uma possibilidade”, afirmou no site da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, onde � professor de economia e assuntos internacionais. “Mas tamb�m h� muitas outras pessoas que merecem. A possibilidade deste raio cair parece muito remota. No momento, pensei: ‘Meu Deus, est� acontecendo de verdade!’”
Deaton nasceu em Edimburgo (Esc�cia) e tem 69 anos. Como pr�mio, o acad�mico deve receber uma recompensa financeira estimada em US$ 1 milh�o. “Ao ligar escolhas individuais detalhadas e seus resultados agregados, sua pesquisa ajudou a transformar os campos da microeconomia, macroeconomia e da economia do desenvolvimento”, informou a institui��o sueca.
O economista escoc�s promoveu uma avalia��o positiva do progresso humano durante os �ltimos 250 anos em seu livro A grande fuga, publicado em 2013. “A vida est� melhor agora do que em qualquer outro per�odo da hist�ria”, escreveu Deaton. “Mais pessoas est�o mais ricas e poucas vivem em pobreza extrema. As vidas est�o mais longas e pais n�o assistem rotineiramente � morte de um quarto de seus filhos”, acrescenta. Nas 370 p�ginas da obra, Deaton se disp�e a explicar porque o mundo � hoje um lugar melhor, com avan�os substanciais na riqueza, sa�de e longevidade, mas ainda com amplas desigualdades entre na��es.
O acad�mico tamb�m concluiu que iniciativas de ajuda internacional t�m pouco a ver com o progresso e sugeriu que livre-com�rcio e novos incentivos para as empresas farmac�uticas podem ter uma maior contribui��o no futuro. Os ataques aos esfor�os supranacionais de aux�lio foram criticados pelo magnata Bill Gates, que tamb�m atua no terceiro setor.
REFER�NCIA Como parte de seu trabalho acad�mico no in�cio dos anos 1980, em Edimburgo, Deaton desenvolveu novos m�todos para estimar como a demanda por determinado bem depende do pre�o de todos os bens e da renda individual. Essa abordagem se tornou padr�o na academia e tem sido utilizada para o desenvolvimento de pol�ticas p�blicas. Em artigos na d�cada de 1990, o economista tra�ou paralelos entre o consumo e a renda individuais e efeitos sobre a renda agregada. Mais recentemente, o especialista tem sublinhado como medidas confi�veis de n�veis de consumo familiar podem ser utilizadas para discernir mecanismos por detr�s do desenvolvimento econ�mico.
Ao conceder o pr�mio, a Academia Real das Ci�ncias da Su�cia destacou o uso efetivo de pesquisas domiciliares para lan�ar a luz sobre a rela��o entre renda e quest�es como o consumo de calorias e a discrimina��o de g�nero na fam�lia. “Em ess�ncia, esta � a economia aplicada em sua melhor forma”, afirmou Torsten Persson, o secret�rio do comit� para o pr�mio de Economia. “O professor Deaton ajudou a transformar a economia do desenvolvimento de um campo que costumava ser largamente te�rico e baseado nas contas nacionais a uma �rea florescente baseada em dados micro ou individuais”, refor�ou.
No ano passado, o pr�mio foi concedido ao economista franc�s Jean Tirole por suas an�lises sobre as grandes empresas e os mecanismos do mercado. O Nobel de Economia � o �ltimo a ser anunciado. Originalmente, n�o formava parte dos pr�mios nem foi inclu�do no testamento de Alfred Nobel, mas se somou �s outras distin��es em 1969, para festejar os 300 anos do Banco Central Sueco.
Detalhando as contribui��es
De acordo com o comit� Nobel, a entrega do pr�mio � um reconhecimento a Angus Deaton, justificada por tr�s grandes contribui��es. Nos anos 1980, ele elaborou com seu colega John Muellbauer o conceito “de sistema quase ideal de demanda” (AIDS, em ingl�s), que estudava o comportamento dos consumidores.
Nos anos 1990, o economista deu in�cio aos estudos sobre o v�nculo entre consumo e renda. E posteriormente mediu os padr�es de vida e pobreza em pa�ses em desenvolvimento, por meio de uma metodologia de pesquisas em lares. O m�todo que desenvolveu permitiu lan�ar uma nova luz sobre a rela��o entre renda e ingest�o de calorias ou sobre a discrimina��o de g�nero no seio das fam�lias. � “um economista que olha com mais detalhes o que os lares pobres consomem para ter uma ideia melhor de seu n�vel de vida e das possibilidades para o desenvolvimento econ�mico. Ele entende profundamente as implica��es do crescimento, dos benef�cios da modernidade e da pol�tica econ�mica”, declarou em seu blog o acad�mico Tyler Cowen.
Por fim, Deaton se mostra otimista a respeito do progresso econ�mico no mundo. Em seu livro A grande fuga, destaca os avan�os do bem-estar, sobretudo em mat�ria de longevidade e prosperidade. E em uma videoconfer�ncia com os jornalistas que cobriam o an�ncio do Nobel, reafirmou sua convic��o de que a pobreza seguir� retrocedendo. “Prevejo que seguir� diminuindo. Penso que assistimos a uma not�ria redu��o nos �ltimos 20 a 30 anos e minha expectativa � que continuar�”, declarou.
Deaton admitiu, no entanto, que ainda h� muito a ser feito, diante da exist�ncia de 700 milh�es de pessoas que seguem vivendo em condi��es de extrema pobreza, segundo estat�sticas do Banco Mundial. A redu��o da pobreza deve ser uma resposta, “embora n�o a curto prazo”, � atual crise de refugiados, cujas causas remontam a desequil�brios seculares. “O que estamos vendo � o resultado de s�culos de desenvolvimento desigual (...) que deixaram uma parte do mundo para tr�s”, afirmou.
C�rebros econ�micos
Conhe�a os vencedores do Nobel de Economia nos �ltimos anos
» 2015 – Angus Deaton (EUA)
» 2014 – Jean Tirole (Fran�a)
» 2013 – Eugene Fama, Robert Shiller e Lars Peter Hansen (EUA)
» 2012 – Alvin Roth e Lloyd Shapley (ambos dos EUA)
» 2011 – Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims (EUA)
» 2010 – Christopher Pissarides (Chipre) e Peter Diamond (EUA) e Dale T. Mortensen (EUA)
» 2009 – Elinor Ostrom e Oliver Williamson (EUA)
» 2008 – Paul Krugman (EUA)
» 2007 – Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson (EUA)
» 2006 – Edmund S. Phelps (EUA)
» 2005 – Robert J. Aumann (Israel e EUA) e Thomas C. Schelling (EUA)
» 2004 – Finn E. Kydland (Noruega) e Edward C. Prescott (EUA)
» 2003 – Robert F. Engle 3º (EUA) e Clive W.J. Granger (Reino Unido)
» 2002 – Daniel Kahneman (EUA e Israel) e Vernon L. Smith (EUA)
» 2001 – George A. Akerlof, A. Michael Spence e Joseph E. Stiglitz (EUA)
» 2000 – James J. Heckman e Daniel L. McFadden (EUA)
» 1999 – Robert A. Mundell (Canad�)
» 1998 – Amartya Sen (�ndia)
» 1997 – Robert C. Merton e Myron S. Scholes (EUA)
» 1996 – James A. Mirrlees (Reino Unido) e William Vickrey (EUA)
» 1995 – Robert E. Lucas Jr. (EUA)
» 1994 – John C. Harsanyi (EUA), John F. Nash Jr. (EUA) e Reinhard Selten (Alemanha)
» 1993 – Robert W. Fogel e Douglass C. North (EUA)
» 1992 – Gary S. Becker (EUA)
» 1991 – Ronald H. Coase (Reino Unido)
» 1990 – Harry M. Markowitz, Merton H. Miller e William F. Sharpe (EUA)
» 1989 – Trygve Haavelmo (Noruega)
» 1988 – Maurice Allais (Fran�a)
» 1987 –Robert M. Solow (EUA)
» 1986 – James M. Buchanan Jr. (EUA)
» 1985 – Franco Modigliani (EUA)
» 1984 – Richard Stone (Reino Unido)
» 1983 – Gerard Debreu (EUA)
» 1982 – George J. Stigler (EUA)
» 1981 – James Tobin (EUA)