S�o Paulo, 12/10/2015, 12 - Uma onda de startups est� sacudindo os servi�os financeiros oferecidos no mundo e no Brasil. Conhecidas como �fintechs�, essas novas empresas est�o mudando a forma de as pessoas pagarem as compras, administrarem contas, investirem seu dinheiro e contratarem empr�stimos. De an�is para realizar pagamentos (leia mais ao lado) a plataformas que concedem empr�stimos em 30 segundos, elas v�m chamando a aten��o dos bancos, que se aproximam para n�o ficarem para tr�s.
Desde que abriu sua primeira conta-corrente, o administrador de empresas Pedro Conrade, de 23 anos, ficava inconformado com o servi�o prestado. �Todo mundo tem de ir � ag�ncia resolver qualquer problema. Nunca gostei disso�, diz. No ano passado, ele fundou a Controly. Embora n�o seja um banco, a startup oferece uma op��o � conta-corrente tradicional, baseada em um cart�o pr�-pago, cujos gastos s�o gerenciados via smartphone.
O aplicativo �, portanto, o grande diferencial. Em vez de ir ao banco abrir uma conta, a pessoa baixa o programa e recebe o cart�o em casa. O extrato convencional d� lugar a gr�ficos com a evolu��o dos gastos. Para fazer transfer�ncias, basta selecionar um contato na agenda ou no Facebook. Al�m disso, o app gerencia as reservas de dinheiro. �Os jovens s�o movidos por sonhos. Eles definem os objetivos e n�s reservamos um pouco do saldo toda semana�, diz Conrade. Segundo a Controly, o dinheiro dos clientes � gerenciado pela Acesso Card, uma institui��o financeira autorizada pelo Banco Central.
A startup come�ou a oferecer o servi�o h� tr�s meses e j� re�ne 3 mil usu�rios. A meta � somar 100 mil at� 2017. A Controly j� passou por duas rodadas de investimento, nas quais levantou cerca de R$ 4 milh�es. O dinheiro ser� investido em infraestrutura e preparativos para atender �s normas do Banco Central para se tornar uma institui��o financeira no futuro.
A Controly n�o � a �nica empresa a tentar surfar na onda das fintechs no Brasil. Startups que apostam em outros segmentos tamb�m v�m se destacando aos poucos. � o caso da Nubank, que oferece um cart�o de cr�dito sem taxas vinculado a um aplicativo pelo qual o usu�rio acompanha compras. Criada h� um ano, a empresa diz ter 600 mil interessados na fila de espera pelo cart�o.
No ramo de seguros, a startup Bidu, criada em 2011, investiu na integra��o de sua plataforma com a de grandes seguradoras e entrega propostas de ades�o em apenas 30 segundos. �Oferecemos mais ou menos o que o Buscap� oferece para os sites de com�rcio eletr�nico�, resume Maur�cio Antunes, diretor de marketing da Bidu.
Enquanto as apostas brasileiras em fintech est�o em fase inicial, startups internacionais mais consolidadas j� olham para c�. � o caso da alem� Kreditech, citada por especialistas como uma das mais inovadoras do setor. A empresa deve oferecer empr�stimos e cart�es pr�-pagos, gerenciados por meio de aplicativos, no Brasil, at� a metade de 2016. �J� temos parcerias com institui��es financeiras locais para come�ar a operar e estamos em busca de um diretor no Brasil�, afirmou um porta-voz da empresa ao Estado.
Fundada em 2012, a Kreditech usa a an�lise de grandes bancos de dados, tecnologia conhecida como Big Data, para cruzar at� 20 mil aspectos sobre cada cliente - o que inclui, al�m do hist�rico de cr�dito, informa��es das redes sociais e de sites de com�rcio eletr�nico. �Os bancos tradicionais n�o conseguem oferecer servi�os banc�rios para todos, s� atendem a um grupo privilegiado que tem hist�rico de cr�dito�, diz o porta-voz do servi�o. A empresa tem 200 funcion�rios em nove pa�ses e j� recebeu mais de � 300 milh�es em investimentos.
Coopera��o
O setor financeiro tradicional percebeu na intera��o com as empresas disruptivas uma oportunidade de se preparar para o futuro. Ao mesmo tempo, as startups veem nas parcerias uma maneira de validar o neg�cio, ganhar experi�ncia e receber investimentos.
No Brasil, as principais institui��es financeiras t�m se movimentado de diferentes formas para dialogar com as fintechs.
O programa InovaBra, do Bradesco, por exemplo, promove desde 2014 a intera��o do banco com startups que tenham potencial de desenvolver modelos de neg�cios e produtos relacionados a servi�os financeiros. Ao fim do programa, que dura 10 meses, o banco pode at� mesmo adquirir parte da empresa. �Esse n�o � o foco, mas a intera��o � boa para os dois lados. O Bradesco pode ser o grande primeiro cliente dessas startups�, observa o gerente de inova��o do Bradesco, Fernando Freitas.
Em setembro, o Ita� lan�ou, em parceria com o Redpoint e.ventures, um espa�o de coworking na zona sul de S�o Paulo chamado Cubo. Ele comporta at� 50 startups, n�o s� fintechs. �O Cubo fomenta a tecnologia. H� uma troca de aprendizado importante e nossos executivos passam tardes l�, afirma o diretor executivo do Ita� Unibanco, Ricardo Guerra.
Caixa Econ�mica e Banco do Brasil ainda est�o mais voltados para a inova��o dentro de casa, mas sem ignorar o que acontece fora. �� uma onda e n�s queremos surfar nela. Estamos avaliando a melhor forma�, explica o gestor de inova��o da Caixa, Rog�rio Saab.
No exterior, a empresa norte-americana Mastercard lan�ou o programa Start Path em 2013, mas s� abriu inscri��es para startups brasileiras este ano. Trata-se de parcerias de seis meses entre a empresa e as fintechs selecionadas. �Boa parte da nossa estrat�gia digital consiste em parceiras ou investimentos em startups. H� muita intelig�ncia fora da empresa, que tem de ser absorvida�, diz Marcelo Theodoro, chefe de produtos digitais para a MasterCard Brasil. Entre as inova��es que j� vieram de parcerias e aquisi��es, ele destaca a autentica��o de clientes por meio de selfies e por batimento card�aco.
O professor de empreendedorismo da Funda��o Get�lio Vagas (FGV/SP), Newton Campos, diz que as fintechs v�o ganhar espa�o nos pr�ximos anos. �Elas trazem processos menos burocr�ticos e baratos, com melhor experi�ncia para o usu�rio. Por isso, as grandes empresas est�o abrindo as portas.� (As informa��es s�o do jornal
O Estado de S.Paulo
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Startups apostam em servi�os financeiros
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