S�o Paulo, 18 - O Banco Central (BC) est� numa encruzilhada. Insiste que vai cortar a infla��o praticamente pela metade entre este ano e o final do pr�ximo. Hoje, ela beira os 10% ao ano. Mas o BC afirma que termina 2016 em 4,5%, o centro da mete que ele mesmo se prop�s a cumprir. Ocorre que n�o h� um economista que considere a previs�o vi�vel. Nem analistas de mercado, nem economistas que um dia estiveram dentro da pr�pria institui��o dizem que isso seja poss�vel.
Nesta semana, o Copom (Comit� de Pol�tica Monet�ria do BC), se re�ne para decidir justamente como vai perseguir essa meta. Precisa avaliar se eleva a Selic, a taxa b�sica de juros, hoje em 14,75%. O cen�rio � delicado. De um lado, a recess�o, acompanhada de desemprego e queda da renda, se agrava. As pessoas compram menos e isso naturalmente vai reduzir a infla��o. Mas, de outro, o d�lar subiu demais e permanece inst�vel, o que pressiona os pre�os.
O Estado ouviu tr�s ex-presidentes e quatro ex-diretores do Banco Central. Tamb�m consultou proje��es atualizadas de mais de 20 institui��es financeiras. Numa at�pica unanimidade, todos veem que a melhor estrat�gia para o BC � esperar.
"O BC n�o tem uma vida f�cil", diz o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e s�cio da A.C.Pastore & Associados. "A taxa de juros que est� a� impede que a infla��o fa�a uma escalada sem limites: tanto que estamos vendo uma infla��o perto de 10%, mas � prov�vel que v� a 6% no ano que vem", diz. "Mas n�o vai a 4,5%, como diz o BC. Esse discurso � inconsistente." O pr�prio BC j� teria se dado conta e, internamente, estaria estudando como mudar o discurso e o prazo para cumprir a meta.
Na avalia��o de Pastore e dos demais economistas, o BC n�o tem muito a fazer neste momento porque sofre os efeitos de uma esp�cie de c�rculo vicioso, alimentado muito mais pela pol�tica do que pela economia.
Fiscal.
Para deter a infla��o, o principal trunfo do banco � elevar os juros. Mas a alta estaria no limite. Ele precisa agora da ajuda do ajuste fiscal - que o governo gaste menos, reduza o volume de dinheiro que injeta na economia. Por�m, o ajuste depende da aprova��o de uma s�rie de medidas no Congresso. Como governo e Congresso n�o se entendem, o ajuste empacou.
Para agravar, a crise pol�tica gerou uma incerteza t�o grande sobre os rumos do Brasil que afetou o apetite dos investidores. Muitos tiram dinheiro do Pa�s, o que eleva o d�lar. O d�lar mais alto alimenta a infla��o - e volta-se � origem do problema: o BC precisa do ajuste, que empacou na crise pol�tica, que leva � incerteza, que mexe com o c�mbio, que eleva a infla��o. "Com a dificuldade de implementar um ajuste fiscal profundo, o processo de ancorar as expectativas vai ser muito mais demorado", diz Carlos Langoni, ex-presidente do BC e diretor do Centro de Economia Mundial da FGV.
O mais complicado neste processo � que o BC precisa ser cauteloso sem parecer leniente com a infla��o, o que agravaria a situa��o da economia. "As infla��es come�am pequenas e depois v�o aumentando", diz Gustavo Loyola, tamb�m ex-presidente da institui��o e s�cio da Tend�ncias Consultoria. "Se eu estivesse no BC seria bastante conservador. N�o estou defendendo que o BC saia por a� como um m�ssil sem dire��o, elevando os juros. Mas ele n�o deve se comportar como se a briga com a infla��o estivesse perdida. O Banco Central precisa ser o �ltimo a jogar a toalha." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.