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Estado de Minas

Outlets de Miami sentem o peso da crise no Brasil


postado em 18/10/2015 10:07

Miami, 18 - O que se pode fazer quando seu principal cliente perde metade do poder compra em cerca de dois anos? � exatamente essa pergunta que Miami est� se fazendo em rela��o ao Brasil, pa�s que lidera a lista de visitantes internacionais � regi�o. Entre os prejudicados pela crise econ�mica e pela disparada da cota��o do d�lar no Brasil, os shoppings de desconto - ou "outlets" -, que tanto atra�ram turistas para Miami nos �ltimos anos, s�o agora justamente os mais afetados.

Os dias de frenesi nos outlets de Miami - mesmo no gigantesco Sawgrass Mills, com suas cinco "avenidas" que somam 350 lojas - parecem ter ficado para tr�s. Os brasileiros continuam vindo � regi�o, apesar de ter uma pequena queda de 3% no n�mero de visitantes no ano passado - a primeira em mais de 20 anos, segundo o Miami Conventions and Visitors Bureau. Nos outlets, por�m, a retra��o foi muito superior, especialmente nas lojas que sempre lucraram por serem as preferidas dos brasileiros.

H� relatos de lojistas de Miami que tiveram as vendas cortadas pela metade. Desde o in�cio do ano, segundo o Banco Central, os brasileiros reduziram em 25% os gastos com compras fora do Pa�s (o dado compila as transa��es com cart�es de cr�dito no exterior). Em agosto, por�m, o BC apontou um freio mais forte dos gastos, que ca�ram 46% em rela��o a 2014.

O Estado foi ao Sawgrass Mills duas vezes na semana passada e, segundo turistas brasileiros, o ainda movimentado shopping nem sequer lembra os dias de "explos�o" vividos entre 2011 e 2013. Com o d�lar a R$ 1,70, a R$ 2 ou at� a R$ 2,50, a disputa pelas melhores mercadorias era ferrenha. A fila na Victoria's Secret, antes separada por fitas como nos aeroportos, hoje desapareceu por completo. Tamb�m ficou f�cil comprar na Gap e na Tommy Hilfiger, que sempre atra�ram uma legi�o disposta a revirar suas pilhas de ofertas.

N�o � muito dif�cil encontrar fam�lias brasileiras fazendo compras no Sawgrass, mas o portugu�s n�o � mais o idioma que domina. Cedeu lugar ao espanhol. Ao abordar uma fam�lia que carregava duas malas de compras e mais uma sacola pensando se tratar de brasileiros, o Estado foi informado que os visitantes eram paraguaios. Segundo o escrit�rio de turismo de Miami, os turistas do Chile e da Col�mbia tamb�m s�o "emergentes" na cidade.

Enquanto no Sawgrass o Brasil ainda tem presen�a relativamente forte - h� muitos funcion�rios de lojas que falam portugu�s, assim como sinaliza��o e promo��es direcionadas ao p�blico brasileiro -, em outros shoppings � bem mais dif�cil encontrar algu�m falando portugu�s. A reportagem ficou uma hora no Dolphin Mall, em Miami, e s� encontrou duas fam�lias brasileiras. Uma delas n�o carregava nem sequer uma sacola de compras.

Poder aquisitivo

. Quem se especializou em fazer compras nos outlets est� sentindo a queda no poder aquisitivo em d�lar. A fam�lia Toste, do bairro do Tatuap�, em S�o Paulo, est� t�o acostumada a rodar os shopping da Fl�rida que at� desenvolveu uma t�cnica para n�o se perder. Pai, m�e, filho, filha e genro se comunicam por walkie talkies - um para os "meninos" e outro para as "meninas".

O Estado encontrou o aposentado Joel Martins Toste Sobrinho, de 61 anos, enquanto ele esperava que a mulher e a filha sa�ssem da Victoria's Secret. Depois de uns 20 minutos l� dentro - com a ajuda do filho Bruno, que � o tradutor oficial da fam�lia -, elas n�o compraram quase nada. "Est� tudo muito caro", justifica-se dona Heidi. O filho explicou melhor: h� dois anos, era poss�vel comprar quatro cremes por US$ 35; hoje, dois custam US$ 18.

"Houve uma infla��o em d�lar. A gente percebe isso tamb�m", diz Bruno, que � turism�logo. � o efeito da roda da economia: h� alguns anos, enquanto o Brasil surfava uma onda de prosperidade que n�o se revelou duradoura, os Estados Unidos estavam em crise. Agora, a situa��o se inverteu. "Uma lata de Pringles (batata frita) custava US$ 1. Agora est� US$ 1,50."

Apesar do efeito duplamente negativo - pre�os mais altos e real desvalorizado -, a fam�lia n�o pretende voltar ao Brasil com malas vazias. "Comprei um rel�gio de US$ 600. Mas no Brasil ele sai por R$ 3,9 mil. Ainda fiquei no lucro", diz Sobrinho. Al�m disso, o aposentado disse que j� havia comprado d�lar h� algum tempo, ent�o a aquisi��o saiu menos de R$ 2,4 mil.

Mesmo quem planejou a viagem com bastante anteced�ncia - como um grupo de 42 pessoas vindo de Carl�polis, no norte do Paran� - est� fazendo bem as contas. Os tempos do "quem converte n�o se diverte" ficaram para tr�s. Hoje, a ordem � decidir comprar s� o que, mesmo multiplicando por quatro, continua valendo a pena. Para Fabiano Alpheu Barone Barbosa, 43 anos, que organizou a viagem do grupo, o af� do turista brasileiro pelas compras esfriou.

Funcion�rio aposentado do Banco Central, Carlos Salom�o, de 64 anos, visita a Fl�rida pela terceira vez em tr�s anos. Desta vez, dedicou-se a passeios diferentes. "Fui a Sarasota, Tampa e curti Orlando sem ir a parques. Foi uma surpresa, foram lugares agradabil�ssimos", diz ele, que viajou ao lado da esposa, Maria Aparecida, e de um casal de amigos. Segundo Salom�o, uma palavra jamais associada a brasileiros em outlets est� cada vez mais na moda em Miami: cautela. "N�o � s� o que est� ocorrendo agora, mas tamb�m o medo do futuro. E se 2016 for pior? N�o d� para sair comprando." As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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