Bras�lia, 21 - No dia em que se soube que a infla��o acumulada em 12 meses superou a marca de 10% em algumas regi�es do Pa�s, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central manteve a taxa b�sica Selic est�vel em 14,25% ao ano. Tamb�m sinalizou, no comunicado, que o IPCA n�o ir� convergir para a meta, que tem como teto 6,5%, nem em 2016. Esta � a segunda vez consecutiva que o colegiado, por unanimidade, decide congelar os juros. O mercado financeiro tamb�m apostava em peso que n�o haveria mudan�as.
Para a diretoria do BC, o foco na meta n�o est� mais em 2016, como pregava at� ent�o. Conforme antecipou o Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, a diretoria j� discutia internamente a possibilidade de rever esse prazo de atua��o. Em setembro, o recado foi o de que a manuten��o desse patamar por per�odo "suficientemente prolongado" � necess�ria para a "converg�ncia da infla��o para a meta no final de 2016". Agora, o comunicado do Copom traz que a manuten��o por tempo prolongado � necess�ria para a converg�ncia da infla��o para a meta no horizonte relevante da pol�tica monet�ria. Esse per�odo, como � sabido, � de dois anos a frente da data atual.
Al�m disso, o comit� ressaltou que a pol�tica monet�ria se manter� "vigilante" para a "consecu��o desse objetivo". Mais detalhes sobre o que levou o Copom a definir pela estabilidade da Selic ser�o conhecidos na quinta-feira da semana que vem, quando o Banco Central divulgar� a ata da reuni�o. Antes disso, por�m, o mercado financeiro j� mostrar� sua rea��o por meio das previs�es para infla��o, juros e outras vari�veis econ�micas no Relat�rio de Mercado Focus.
Entre as duas reuni�es, o cen�rio econ�mico e pol�tico se deteriorou ainda mais e a quest�o fiscal continua como a grande algoz da inefic�cia da pol�tica monet�ria. Um dos pontos que mais mostraram abalo foi o das expectativas para a infla��o, que est�o cada vez mais distantes do centro da meta de 4,5% n�o apenas para o ano que vem como tamb�m para os seguintes - as deste ano j� encostam em 10%.
A elite dos cinco economistas que mais conseguem antecipar o resultado da infla��o (Top 5) j� prev� estouro da meta tamb�m no ano que vem. A tarefa do BC � n�o deixar que o IPCA ultrapasse a marca de 6,5%, mas esse grupo j� calcula o �ndice em 6,72% em 2016. Isso � mais do que um "desvio significativo" que a diretoria escreveu nas �ltimas atas como praticamente uma senha de que poder� elevar a Selic. O BC nunca explicitou, no entanto, quanto um desvio tem de subir para tornar-se significativo.
Mesmo com a disparada dos pre�os, a decis�o do comit� tamb�m levou em conta a recess�o econ�mica, que n�o permite alta dos juros. At� por conta disso, as estimativas do mercado sobre a possibilidade de corte t�m sido adiada semana a semana e tamb�m passam por redu��o de magnitude. O mais recente levantamento revela consenso sobre queda em julho do ano que vem, para 14,00% ao ano.
Analistas j� n�o acreditam mais que o BC conseguir� cumprir a meta tamb�m no ano que vem. At� meados do ano, as institui��es financeiras ainda consideravam essa uma possibilidade, mas com a mudan�a or�ament�ria para 2016 e outras not�cias ruins das contas p�blicas jogaram por terra essa hip�tese. Internamente, a institui��o j� calcula os impactos positivos e negativos de estender mais uma vez seu foco de atua��o, para 2017, ainda que negue oficialmente.
O efeito do c�mbio sobre os pre�os � outra vari�vel que n�o pode ser colocada de lado nos c�lculos da autoridade monet�ria. A diminui��o da nota soberana brasileira pela Fitch foi mais um vetor negativo para o ambiente macroecon�mico, ainda que o Brasil n�o tenha perdido o selo de bom pagador por essa ag�ncia de classifica��o. A perspectiva, por�m, continuou negativa, como temia o BC. Do lado externo, pesou na decis�o a indefini��o nos Estados Unidos sobre os juros, que ainda podem aumentar a qualquer momento.