
O chester substitui o peru. Castanhas e vinhos perdem espa�o para as frutas da esta��o, que n�o servir�o s� como enfeite da mesa preparada para a ceia. O Natal dos mineiros mudou e ser� bem mais magro neste ano, segundo a Associa��o Mineira de Supermercados (Amis). Pesquisa encomendada pela entidade mostra que 43,5% dos consumidores v�o redobrar a cautela nas compras, gastando menos do que em outros anos. A data, a mais importante para as empresas do setor, ser� “morna”, como define a Amis, em raz�o da crise da economia brasileira. “N�o temos expectativa de crescimento para o per�odo natalino e n�o haver� contrata��es tempor�rias”, alertou o superitendente da associa��o dos supermercadistas, Adilson Rodrigues.
Ao longo dos �ltimos anos, o segmento tem registrado faturamento anual em torno de R$ 33 bilh�es. “No in�cio deste ano, esper�vamos um crescimento nas vendas em 2015 de 2,5%. Mas esper�vamos um c�u de brigadeiro, que logo se defez”, conta o executivo. Diante da redu��o do poder de compra do consumidor, as empresas revisaram a proje��o de fechamento do ano para uma expans�o de apenas 1%. Admitem, ainda, encerrar 2015 no mesmo n�vel do ano passado, portanto, sem perdas na compara��o, o que j� ser� lucro, na avalia��o de Adilson Rodrigues.
A pesquisa quantitativa H�bitos de Consumo foi executada pelo instituto G�nese, que ouviu 650 pessoas entre os dias 1º e 7 deste m�s em Belo Horizonte. Desse universo, 35% decidiram reduzir as compras nos �ltimos tr�s meses porque est�o sentindo no bolso o peso da infla��o. A justificativa est� nos pre�os altos nas g�ndolas, de acordo com 53% da amostra. Pouco mais de um ter�o dos consumidores (36%) disse que o pre�o � fator determinante na hora de escolher o que levar aos caixas registradores das lojas.
O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da infla��o, alcan�ou 9,49% nos �ltimos 12 meses terminados em setembro, com base em levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Na Grande BH, a carestia atingiu 8,34% em id�ntica base de compara��o. A eleva��o dos pre�os � sentida pela dona de casa Isabel Auxiliadora Vieira, de 67 anos, a cada ida ao supermercado. Neste Natal ela quer reduzir as compras em 40% frente ao que gastou no ano passado. “As coisas est�o caras demais, ent�o, tem que haver cortes”, avisa.
Isabel Vieira conta que, mesmo numa fam�lia grande como a dela, que tem tr�s filhas e cinco netos, ser� preciso escolher um card�pio mais compacto para aliviar um pouco o or�amento. “N�o d� para comprar o peru, por isso, vou p�r � mesa o chester. Vou cortar tamb�m castanhas e damascos, que est�o caros demais e darei prefer�ncia para as frutas dos sacol�es, que custam menos em compara��o aos pre�os das grande redes”, afirma. A dona de casa definiu, ainda, comprar lascas de bacalhau, para economizar frente ao custo do peixe inteiro. A salvo do fac�o, s� est� o tradicional panetone. “At� que n�o est� t�o caro como as outras coisas”, compara.
Os pre�os ser�o decisivos para o consumidor, como constatou a pesquisa da Amis. “Hoje o consumidor pechincha, quer bom atendimento e gastar menos. Haver� promo��es e ser� o momento para aqueles que economizaram durante o ano, possam comemorar o Natal”, diz o superintendente da entidade, Adilson Rodrigues. Maria Concei��o da Silva, de 68 anos, n�o prev� reajustes no or�amento da festa deste ano, ante 2014. Assustada com os pre�os nos supermercados, ela conta que o Natal da fam�lia ter� produtos nacionais. “Os vinhos e outros importados sair�o da mesa. A minha expectativa, neste ano, � gastar 10% menos do que gastei no ano passado”, diz. Outra forma de economizar tamb�m, segundo Concei��o � regrando os presentes. “Gastarei bem menos”, afirma. A pesquisa encomendada pela Amis indicou que, nos �ltimos 20 anos, os itens em oferta e a qualidade dos produtos cresceram de 10% para 13,8% e de 7% para 14,3%, respectivamente, na prefer�ncia do consumidor.
INSTABILIDADE “Estamos com uma folha em branco para 2016. N�o h� expectativas, enquanto n�o houver uma sinaliza��o no rumo do nosso pa�s. � preocupante ”, avalia Adilson Rodrigues, ao destacar que, em 2015, ser�o inaugurados em Minas 70 supermercados, com a contrata��o de 8 mil funcion�rios. “Foi um investimento previsto. Por�m, para o pr�ximo ano n�o � poss�vel prever investimentos, enquanto durarem as incertezas na economia e na pol�tica”, afirma.
• Padaria quer atrair cliente do vizinho
Enquanto os supermercados se adaptam aos novos h�bitos de consumo, as padarias podem vivenciar, nesse per�odo, a sua recupera��o no ano. � o que aposta o presidente da Associa��o Mineira da Ind�stria de Panifica��o (Amip�o), Tarc�sio Jos� Moreira. “As pessoas podem deixar de comprar em supermercados e comprar nas padarias, j� que querem economizar”, diz. O otimismo vem em um bom momento, tendo em vista que, neste ano a entidade verificou redu��o de 50% na rentabilidade dos estabelecimentos.
A queda, para Moreira, se deve aos custos altos que as padarias tiveram em 2015. “O consumo de energia para n�s � o segundo item das despesas. Al�m disso, a alta do d�lar afeta os pre�os do trigo (importado na maior parte pelo pa�s), fundamental para o produ��o dos p�es”, diz. O setor reajustou pre�os em 7,5%.
Moreira observa que houve, neste ano, uma susbtitui��o nas compras dos clientes. Eles passaram a comprar mercadorias de menor custo. “O nosso t�quete m�dio caiu 5%, assim, atualmente, nas panificadoras brasileiras a despesa m�dia � R$ 8,20.”
Ceia modesta
O que disseram os entrevistados
» 35% diminu�ram as compras nos �ltimos tr�s meses
» 43,5% v�o gastar menos neste Natal
» 53% reduziram as compras em raz�o dos pre�os altos nas g�ndolas
» 36% disseram que o pre�o � o fator determinante nas compras
