Bras�lia, 03 - Vinte anos depois do lan�amento do Programa de Est�mulo � Reestrutura��o e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro (Proer), dois dos sete bancos privados que receberam uma forte inje��o de recursos p�blicos para n�o falirem e sofreram interven��o do Banco Central ainda t�m uma d�vida de R$ 24,1 bilh�es com o governo federal.
Dados atualizados do BC, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontam que o banco Nacional, o primeiro a sofrer interven��o, ainda deve R$ 17,5 bilh�es, e o banco Econ�mico outros R$ 6,5 bilh�es. Levando em conta os encargos contratuais, a d�vida consolidada � maior, de R$ 21,5 bilh�es para o Nacional e de R$ 7,8 bilh�es para o Econ�mico, totalizando R$ 29,3 bilh�es.
O Proer � considerado um dos mais pol�micos programas econ�micos da hist�ria brasileira, mas, na avalia��o do economista Gustavo Loyola, que presidiu o Banco Central entre 1995 e 1997, na �poca da implanta��o do programa, ele constituiu, na realidade, uma verdadeira reforma banc�ria. "Eram bancos privados muito grandes, populares, e que estavam prestes a quebrar. N�o t�nhamos um plano estabelecido, as sa�das foram criadas diante da necessidade de evitar que houvesse um colapso. Terminou sendo uma verdadeira reforma banc�ria", disse.
Em novembro de 1995, Loyola deu o sinal verde para a interven��o no Nacional, um dos maiores e mais conhecidos do Pa�s, que tinha sido o principal patrocinador do piloto Ayrton Senna na F�rmula 1. O fim da hiperinfla��o, com o Plano Real, escancarou no sistema banc�rio, p�blico e privado, o fim da era de dinheiro f�cil, ganho com a infla��o, e tamb�m revelou fraudes cont�beis, depois investigadas pelo Banco Central e pela Justi�a.
O Proer teve in�cio com o Nacional e depois incorporou os bancos Econ�mico, Bamerindus, Crefisul, Mercantil, Pontual e Banorte.
O governo interveio nos bancos, injetando dinheiro p�blico, para evitar uma crise no sistema financeiro, diz Loyola. Na interven��o, o BC separou as institui��es em duas partes: a parte boa, com ativos e clientes, foi vendida para outras institui��es; a parte ruim ficou para pagar a d�vida com o governo, como forma de devolver o dinheiro injetado no �mbito do Proer.
Concentra��o
Por outro lado, o programa de interven��o no sistema financeiro acabou acelerando o processo de concentra��o banc�ria no Brasil. O Nacional foi incorporado pelo Unibanco, que depois foi vendido ao Ita�. J� o Bamerindus foi vendido ao HSBC, comprado este ano pelo Bradesco.
O Econ�mico foi vendido na �poca ao Excel, depois comprado tamb�m pelo Bradesco, que j� tinha adquirido o Pontual. "A concentra��o banc�ria � um fen�meno mundial. O Proer talvez tenha acelerado esse processo, mas era algo inevit�vel", diz Loyola. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.