O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta segunda-feira que a meta de super�vit prim�rio de 2016, de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), � "fact�vel", mas a demora em aprovar medidas necess�rias para refor�ar receitas torna o cumprimento desse objetivo cada vez mais dif�cil. Em semin�rio sobre Reavalia��o do risco Brasil, promovido pelo Centro de Economia Mundial da Funda��o Getulio Vargas (FGV), no Rio, o ministro destacou que a economia n�o est� doente.
"O super�vit de 0,7% � fact�vel, mas quanto mais tempo demorar para aprovar medidas, mais dif�cil fica", afirmou Levy a uma plateia composta, entre outros, pela representante da Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes. A ag�ncia de classifica��o de risco foi a primeira a retirar do Brasil o grau de investimento.
"O primeiro passo � resolver o Or�amento do ano que vem. Voc� tem noventena e estamos perdendo meses de arrecada��o. � medida que impostos n�o s�o aprovados, a receita n�o chega", disse Levy. "Ser� que, por isso (demora), governo ter� de elevar mais impostos? Talvez", reconheceu o ministro.
Apesar das dificuldades, Levy garantiu que a economia n�o est� doente, e que a queda do PIB foi causada por incertezas. "O PIB caiu porque as pessoas pararam para ver o que ia acontecer", disse. "A economia n�o est� doente, nem o ajuste fiscal, que � modest�ssimo, foi a causa da queda do PIB."
O ministro disse ainda que o governo n�o deve ser "complacente" com a situa��o atual. Para ele, quanto mais r�pido � o ajuste fiscal, mais f�cil � para a economia atingir a estabilidade, o que � uma condi��o m�nima para a credibilidade. "Quando isso acontece, a resposta da demanda vem muito r�pido e � positiva", disse Levy.
Ter uma oferta preparada para responder a essa demanda no momento da retomada tamb�m � outro ponto importante, segundo o ministro. "Assim que resolver o fiscal, temos de olhar a oferta, e isso d� trabalho para acertar", afirmou.
Crescimento
No evento, Levy disse ainda que o Brasil precisa saber utilizar melhor as suas vantagens competitivas para poder criar fontes de crescimento no curto prazo. "As duas mais �bvias s�o turismo e substitui��o de importa��es", apontou.
O ministro acrescentou ainda que j� h� muitos setores com procura por fornecedores locais e atividades em que o Pa�s j� � competitivo, como a avia��o. E citou a energia e�lica como setor que cresceu bastante. Para Levy, o Pa�s dever� escolher setores em que tenha capacidade de competir. Para o desenvolvimento dessas diferentes �reas, ser� necess�rio capital humano.
"O pr�prio setor do petr�leo no Brasil, se houver flexibiliza��o de algumas regras, pode ser bastante competitivo, mesmo com o pre�o do petr�leo em baixa", lembrou Levy.
Estabilidade
Levy avaliou ainda que o Brasil s� conseguir� um financiamento "mais normal" para a economia com a estabilidade fiscal. Para isso, � necess�ria a cria��o de mais instrumentos, diante do esgotamento das ferramentas empregadas at� hoje. "O Brasil � grande o suficiente para exigir novos mecanismos e atingir maturidade e estabilidade que permita isso", afirmou Levy.
O ministro lembrou que, at� pouco tempo atr�s, o pa�s convivia com uma taxa de juros historicamente baixa, quadro que se reverteu nos �ltimos dois anos e meio. "Se n�o resolvermos quest�es do gasto, continuaremos tendo problema com pol�tica monet�ria e juros de longo prazo. O financiamento da nossa economia se torna dif�cil", disse Levy.
O ministro afirmou que as tradicionais fontes de recursos para o financiamento imobili�rio se esgotaram, e isso pode comprometer, por exemplo, o programa de concess�es em infraestrutura. Al�m disso, o funding do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) n�o poder� crescer na mesma propor��o que antes. "N�o temos mais o dinheiro barato do BNDES", disse.
Ao mesmo tempo, essa situa��o, somada ao desaquecimento da economia e � consequente redu��o da demanda por cr�dito, cria a chance de o Brasil repensar essas estruturas. "Ganhamos um tempo para pensar como ser� a nova arquitetura. Mas essa arquitetura, baseada em cr�dito livre, s� vai acontecer se o fiscal permitir a queda dos juros de longo prazo", notou o ministro. "Temos de fazer escolha entre consumo e poupan�a. Se aumentarmos poupan�a apenas por alavancagem, ser� dif�cil manter programa de infraestrutura", exemplificou Levy.
O ministro destacou ainda que esses s�o os desafios a serem enfrentados pela economia brasileira diante da aus�ncia de um apoio mais forte das commodities como foi visto em anos anteriores.