Bras�lia, 27 - A ata do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) da semana que vem deve revelar que os membros do colegiado est�o divididos em rela��o ao que esperar do comportamento dos pre�os administrados em 2016. Vil�o declarado da infla��o deste ano, esse conjunto de itens deve apresentar alta de 17,43%, segundo a mais recente previs�o do mercado financeiro. Para 2016, os c�lculos levam a uma taxa de 7%, ou seja, j� acima do teto de 6,5% da meta de infla��o.
Essa perspectiva de que as tarifas p�blicas n�o dar�o tr�gua para o IPCA foi um dos principais pontos de diferen�a entre os integrantes do Copom essa semana, conforme apurou o Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado. O colegiado decidiu manter a taxa b�sica Selic em 14,25% ao ano pela terceira vez consecutiva, n�vel que se mant�m desde julho. A decis�o, no entanto, n�o foi un�nime. Para os diretores dissidentes Sidnei Corr�a e Tony Volpon, os juros b�sicos j� poderiam ter caminhado para 14,75% ao ano agora. Provavelmente, eles est�o mais pessimistas com essa condi��o dos administrados do que os demais colegas.
Vale lembrar que em sua primeira entrevista como diretor de Pol�tica Econ�mica, Altamir Lopes, no in�cio deste m�s, revelou a percep��o de que o ajuste dos pre�os regulados pelo governo tem sido mais prolongado e intenso do que previa a c�pula da institui��o. "H� uma resili�ncia dos pre�os livres e uma expans�o exponencial dos administrados", resumiu o diretor na ocasi�o.
Al�m das tarifas, outra discuss�o antes da vota��o de quarta-feira, 25, foi o 'timing' que o colegiado pode esperar sobre um desenrolar da �rea fiscal. Seria necess�rio agir j� ou � melhor aguardar algum sinal mais definitivo sobre as contas p�blicas? O BC tem reiterado que necessita dessas informa��es para tra�ar uma estrat�gia de combate � infla��o, que tem se mostrado resistente. Na mesma entrevista de quase um m�s atr�s, Altamir chegou a dizer que mais importante do que a fixa��o de um n�mero para a meta fiscal, a indefini��o sobre o tema traz problemas. "A indefini��o fiscal atua sobre os pre�os dos ativos e traz perturba��es."
Esse quadro de fiscal e administrados tem levado a uma disparada das expectativas do mercado financeiro para a infla��o deste e dos pr�ximos anos. Para alguns membros do colegiado esse avan�o das proje��es tem sido "desmedido e um tanto irracional". Da� a necessidade de uma a��o j�. Conforme a �ltima Focus, o IPCA deve apresentar alta de 10,33% este ano e de 6,64% no pr�ximo. Para 2017, a mediana das proje��es subiu de 5,00% para 5,10% na semana passada.
Ainda que tenha ocorrido essa divis�o de percep��o entre os membros do Copom sobre alguns pontos, h� uma forte determina��o de todo o colegiado em entregar a infla��o na meta. No comunicado da reuni�o do Comit� de outubro, o prazo que o BC deu para a tarefa foi o "horizonte relevante para a pol�tica monet�ria", que foi traduzido dias depois pelo diretor de Pol�tica Econ�mica como 2017. N�o h� divis�o nem faltar� empenho entre os membros do colegiado para que a tarefa seja cumprida.
Em janeiro do ano que vem, como a infla��o ficar� bem acima do teto da meta, o presidente do BC, Alexandre Tombini, ter� de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, justificando os motivos que levaram ao descontrole e apresentando a estrat�gia para que esse fen�meno n�o volte a ocorrer. � preciso tamb�m, no documento, sinalizar prazos para que os efeitos dessa estrat�gia comecem a surtir efeitos.
O comunicado que se seguiu � decis�o de quarta-feira foi bem mais sucinto do que o da edi��o de outubro. Trouxe apenas o novo patamar dos juros e a divis�o de placar do colegiado. A dissens�o revelou que, mais do que discurso, membros do Copom est�o preparados para agir. No comunicado passado, bem mais longo, foi apresentada a an�lise de que a manuten��o desse patamar por "per�odo suficientemente prolongado" era necess�ria para levar a infla��o para o centro da meta em 2017. O Copom tamb�m suprimiu da nota desta vez a frase de que continuar� vigilante para que o objetivo de levar a infla��o para 4,5% daqui a dois anos seja cumprido. Apenas o fato de haver uma divis�o, com dois integrantes do comit� querendo elevar a taxa neste momento, torna obsoleto todo o discurso que havia sido apresentado.
Esta foi a quarta vez desde que houve abertura dos votos dos membros do Copom em que h� divis�o do colegiado. As outras vezes foram em outubro de 2012, abril de 2013 e outubro de 2014, logo ap�s a reelei��o da presidente Dilma Rousseff. Em todas as ocasi�es, Sidnei esteve na ponta de cima. N�o h� hist�rico de Volpon, que integrou o comit� em abril deste ano.