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Estado de Minas

Inadimpl�ncia aumenta na universidade privada

Com desemprego e infla��o, pela primeira vez em cinco anos taxa de calote tem alta e chega a 9,5%, �ndice 22% superior ao de 2014. Mensalidade deve subir at� 14% em Minas


postado em 01/12/2015 06:00 / atualizado em 01/12/2015 07:18

Estudantes prestam vestibular em Belo Horizonte: matrícula nas faculdades da Região Metropolitana tem reajustes acima da inflação(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press 16/6/12)
Estudantes prestam vestibular em Belo Horizonte: matr�cula nas faculdades da Regi�o Metropolitana tem reajustes acima da infla��o (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press 16/6/12)
A inadimpl�ncia no ensino superior deve fechar 2015 com alta de 22%, revertendo pela primeira vez o ciclo de baixa do indicador, que n�o crescia desde 2010. A alta do desemprego e da infla��o tem pressionado os estudantes e os recursos para levar adiante o sonho do ensino superior e de um melhor lugar no mercado de trabalho. Levantamento do site Mercado Mineiro mostra que em Belo Horizonte o reajuste das mensalidades chega a at� 13%, como � o caso do curso de medicina. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), o reajuste do ensino superior em 2016 deve ficar entre 8% e 14% no estado.

A expectativa do setor � que a inadimpl�ncia feche 2015 em 9,5%, contra 7,8% no ano passado. Ao longo desse semestre o patamar atingiu n�veis bem mais altos, mas no fim do ano h� um movimento dos estudantes para negociar as mensalidades em atraso, caso contr�rio podem n�o conseguir continuar os estudos no ano seguinte. N�o fosse o mutir�o para pagar as d�vidas o �ndice seria ainda mais alto. “Ao longo desse semestre a inadimpl�ncia chegou a atingir o alarmante patamar de 40% em cursos noturnos e chegou a 20% nos diurnos. Geralmente, o aluno que estuda � noite, trabalha durante o dia para pagar a mensalidade e esse estudante foi o mais pressionado pelo desemprego”, justifica Emiro Barbini, presidente do Sinep-MG.

Como mostrou reportagem do Estado de Minas publicada em 25 de novembro, quase um quinto da popula��o jovem brasileira de 18 a 24 anos – 19,7% – est� desempregada. Para piorar a situa��o dos estudantes, fazer a matr�cula no semestre que vem vai ficar ainda mais caro. Segundo levantamento do site Mercado Mineiro, as primeiras faculdades e universidades que j� reajustaram as mensalidades aplicaram �ndices acima da m�dia da infla��o projetada para este ano. Exemplo: o curso de administra��o noturno na Faculdade Arnaldo subir� de R$ 1.146 para R$ 1.294, alta de 12,91%. Na Faculdade de Ci�ncias M�dicas, cursar medicina passar� de R$ 4.994 para R$ 5.643, reajuste de 12,99%.

No or�amento
Mesmo para quem est� em dia com a mensalidade, arcar com o peso da escola, � um desafio para as fam�lias que n�o contam com financiamentos ou bolsas, como � o caso da servidora p�blica Hilda Mesquita Zschaber que paga o valor integral da mensalidade da Faculdade de Medicina onde sua filha Mariana Zschaber estuda desde janeiro de 2014, no interior do estado. “Se pensarmos muito em todos os gastos para formar um filho em medicina em uma faculdade particular, acabamos parando no meio do caminho. Planejo os gastos pensando em um semestre de cada vez. A prioridade � o ensino dos meus filhos, ent�o cortamos outros gastos da fam�lia para honrar os compromissos dos estudos. “Vale o esfor�o”, diz.

Ainda de acordo com a servidora p�blica, al�m da mensalidade, ela gasta cerca de R$ 1500 por m�s com alimenta��o, moradia, gastos com livros e xerox para a filha estudar em Barbacena. "Como meu filho estudou em uma universidade federal, j� ameniza um pouco e conseguimos equilibrar as contas. A Faculdade de Barbacena oferece um financiamento para pagar o curso, mas acho que n�o vale a pena. Os juros s�o muito altos: o INPC mais 3%", salienta.

Sem cr�dito Com a redu��o do Fundo de Financiamento estudantil (Fies) a possibilidade de custeio do curso superior utilizando o cr�dito encolheu em 50%. Em 2014 foram 730 mil novos contratos, n�mero que caiu para 300 mil esse ano. Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), diz que as institui��es est�o buscando algumas alternativas. “O cr�dito privado ainda � muito caro para o estudante brasileiro, as taxas de juros alcan�am quase 30% ao ano”, comenta.

Segundo Capelato muitas institui��es no Brasil est�o aderindo ao financiamento pr�prio dos estudantes, onde os alunos arcam com 50% do valor da mensalidade pagando o restante depois da formatura, o que dobra o tempo de pagamento mas reduz o valor das parcelas. “Outra alternativa � que as institui��es possam captar recursos no mercado e financiar os estudantes com taxas mais baratas do que o juros cobrados pelas institui��es financeiras.”

Equa��o de dif�cil solu��o

A combina��o de crise econ�mica, desemprego e infla��o deve trazer outro indicador ruim para a educa��o no pa�s, o crescimento da evas�o no ensino superior. “Temos estudos que mostram que a taxa de evas�o entre os estudantes do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) � quatro vezes menor”, diz o diretor-executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato. O estudo demonstra que o custeio � muito relevante para se chegar � formatura.
Emiro Barbini, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), aponta que as institui��es est�o em uma encruzilhada, atravessando um de seus “piores momentos”. Segundo o executivo, o reajuste � um dilema: “Se as institui��es t�m medo e n�o corrigem as mensalidades podem n�o se sustentar diante da infla��o de seus custos, se reajustam podem perder o aluno.” Segundo levantamento da Serasa Experian, entre as consequ�ncias diretas do aumento da inadimpl�ncia entre os alunos est� a inadimpl�ncia das contas das escolas. Pelo estudo, o atraso nos pagamentos das faculdades entre janeiro e junho teve aumento de 25,3%.

A servidora p�blica Hilda Mesquita Zschaber, que arca com mensalidade da filha Mariana Zschaber na Faculdade de Medicina, conta que o reajuste da mensalidade para o pr�ximo semestre na faculdade foi de pouco mais de 7%, negociado entre o presidente da faculdade e os alunos do Diret�rio Acad�mico (DA). Na negocia��o ficou definido que o reajuste seria menor, mas algumas facilidades que os alunos tinham seriam cortadas, como o subs�dio no xerox, o segundo jaleco fornecido pela faculdade, entre outros.

NO VERMELHO Segundo n�meros da Serasa Experian, no primeiro semestre de 2015, a inadimpl�ncia entre os estudantes do ensino superior teve alta de 22,4% no comparativo com igual per�odo do ano passado – o indicador n�o considera a varia��o do n�mero de alunos. Em igual per�odo do ano passado, havia sido registrado recuo de 0,9%. O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, afirma que o crescimento da inadimpl�ncia nos seis primeiros meses do ano est� associado ao crescimento da infla��o no per�odo. “A infla��o de dois d�gitos foi constru�da principalmente no primeiro semestre”, afirma. Com um cen�rio de aumento do desemprego no segundo semestre, segundo ele, a perspectiva � de piora do indicador referente ao per�odo. “A infla��o corr�i a renda; o desemprego destr�i a renda”, afirma.

Por n�o causar tanto impacto na rotina dos estudantes, o pagamento das mensalidades da institui��o de ensino superior n�o � tida como priorit�ria a partir do momento em que o estudante precisa escolher quais contas vai pagar primeiro. “O ensino tem muitas salvaguardas. O aluno n�o pode ser impedido de assistir a aula. S� de fazer matr�cula no semestre seguinte”, afirma o economista. Nesse sentido, as contas priorit�rias s�o as de banco, �gua e energia el�trica, dado os transtornos resultantes do bloqueio de um dos servi�os.


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