O diretor de Assuntos Internacionais e Gest�o de Riscos Corporativos do Banco Central, Tony Volpon, rebateu nesta quinta-feira, 3, cr�ticas de que a institui��o estaria sendo leniente com a infla��o. Em discurso proferido em evento promovido pelo banco norte-americano JPMorgan, e divulgado nesta tarde no site da autoridade monet�ria, ele procurou explicar os motivos da infla��o elevada e ressaltou a import�ncia de ancorar as expectativas de infla��o.
"Venho aqui recha�ar, veementemente, qualquer hip�tese de perda de efic�cia da pol�tica monet�ria e de uma suposta falta de disposi��o do Banco Central em cumprir sua miss�o primordial de assegurar a estabilidade do poder de compra da nossa moeda", comentou Volpon. Segundo ele, o BC tem de "agir e responder de forma contundente e tempestiva para retomar o processo de ancoragem das expectativas inflacion�rias e disciplinar o processo de forma��o de pre�os".
Na vis�o do diretor, que foi voto vencido na reuni�o da semana passada por um aumento de juros, ao agir dessa forma o BC estar� operando principalmente sobre o canal de expectativas da pol�tica monet�ria. "Assim sendo, um ajuste monet�rio eficiente vai contribuir para a retomada da economia. Hoje, o controle efetivo da infla��o � uma condi��o necess�ria para a recupera��o do crescimento econ�mico sustent�vel", argumentou.
Nesse sentido, o BC conseguiria se beneficiar dos efeitos ben�ficos da readequa��o da demanda agregada e do reequil�brio nos pre�os relativos j� em curso, levando "ainda em 2016" a uma importante desinfla��o. "Isso ser� um passo necess�rio para chegarmos mais perto de um conjunto �timo de pol�ticas que colabore no processo de recupera��o da economia brasileira", disse
Infla��o acima de 10%
Volpon afirmou que o fato de a infla��o ter superado 10% ao ano tem uma carga simb�lica importante que n�o pode ser ignorada, pois pode incentivar um comportamento mais defensivo via indexa��o por parte dos agentes econ�micos. "Nos �ltimos meses a infla��o divulgada tem superado, por margens relevantes, as proje��es do mercado. E o �ndice de difus�o, medindo o porcentual de pre�os apresentando alta no m�s, tem acelerado e superado o patamar de 70%", afirmou.
Segundo Volpon, a deteriora��o das expectativas inflacion�rias � resultado de uma s�rie de preocupa��es. Entre elas, est� a possibilidade de o Pa�s enfrentar uma sequ�ncia adicional de choques de oferta. O diretor diz ainda que o debate econ�mico atual parece desprezar, em grande parte, o progresso no ajuste da demanda agregada em curso e o avan�o no reequil�brio dos pre�os relativos. "E h� aqueles que acreditam na total incapacidade de o Pa�s fazer um ajuste fiscal minimamente convincente, aceitando uma das diversas variantes da tese da domin�ncia fiscal, que visa roubar � pol�tica monet�ria sua pot�ncia e fazer crer que o nosso Pa�s est� fadado a anos de descontrole nominal."
Ajuste de pre�os relativos
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central afirmou tamb�m que o Brasil tem visto um importante ajuste de pre�os relativos. Ele disse que a raz�o entre pre�os livres e administrados tem voltado ao patamar de 2011.
"Essas mudan�as em pre�os relativos garantir�o maior equil�brio econ�mico-financeiro, melhor aloca��o de recursos entre setores, com maior competitividade da economia brasileira, especialmente seu setor industrial. Sem de forma alguma desprezar a necessidade de maior progresso na quest�o fiscal e monet�ria, ainda assim n�o devemos, como est� sendo feito a meu ver por muitos analistas, ignorar esses avan�os", argumentou.
Ele diz que, apesar desses ajustes, a infla��o permanece elevada em fun��o da continuidade de diversos choques de oferta impactando o sistema de pre�os, alguns, fruto das incertezas fiscais. "Apesar do maior equil�brio na rela��o entre demanda e oferta agregada, e uma pol�tica monet�ria austera, press�es cont�nuas t�m impedido que a infla��o inicie uma trajet�ria de queda em dire��o � meta".
Segundo o diretor, � de se esperar que, com o progresso j� feito no realinhamento de pre�os relativos, especialmente na rela��o livres/administrados, algumas dessas press�es estejam perto do seu fim. Mesmo assim, "isso n�o pode ser levado como fator que assegura a converg�ncia da infla��o � meta".