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Estado de Minas

Desigualdades entre homens e mulheres caem, mas abismo persiste

Em uma d�cada, dist�ncia entre g�neros e entre diferentes ra�as tem redu��o. Elas ainda trabalham mais e recebem menos do que eles. Pretos e pardos s�o os que t�m menor renda


postado em 05/12/2015 06:00 / atualizado em 05/12/2015 08:01

População brasileira ainda convive com desproporção na relação entre homens e mulheres no trabalho e entre brancos e pretos na distribuição de renda(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 7/12/14)
Popula��o brasileira ainda convive com despropor��o na rela��o entre homens e mulheres no trabalho e entre brancos e pretos na distribui��o de renda (foto: Euler J�nior/EM/D.A Press - 7/12/14)
A desigualdade de g�nero fortemente observada na sociedade brasileira sofreu retra��o ao longo da �ltima d�cada, mas o abismo separando homens e mulheres ainda � consider�vel, indica pesquisa S�ntese de Indicadores Sociais 2015 divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). As diferen�as podem ser percebidas em casa, no trabalho e em sala de aula. Exemplo claro de tais desigualdades � verificado nos rendimentos recebidos por elas no mercado de trabalho, correspondendo a apenas 74% do sal�rio deles.

Pelos n�meros, as mulheres trabalham cinco horas a mais que os homens por semana ao se considerar a soma do emprego com os afazeres dom�sticos. Fora de casa, eles trabalham 41,6 horas por semana; elas 35,5 horas. Ao se anotar o trabalho dom�stico, as mulheres ocupadas acrescentam 21,2 horas � carga hor�ria, enquanto eles somam apenas 10 horas ao total.

Fato � que a participa��o masculina nos afazeres dom�sticos cresceu entre 2004 e 2014. Antes apenas 46,1% contribu�am na arruma��o da casa, hoje 51,3% deles varrem a casa, lavam as lou�as e fazem outras atividades. No caso delas, o percentual manteve-se superior a 90% (90,7%), prova que a maior participa��o das mulheres no mercado de trabalho n�o implica em substitui��o do trabalho e, sim, em acumulo.

No caso dos rendimentos, as mulheres recebiam 70% do sal�rio dos homens uma d�cada atr�s. No ano passado, foi para 74%. A coordenadora do N�cleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (Nepem-UFMG) e professor de ci�ncia pol�tica, Marlise Matos, avalia que o ritmo dessa redu��o “n�o � para ser comemorado, � residual”. Segundo ela, a pesquisa � um ponto de partida para as pol�ticas p�blicas e os resultados mostram a necessidade de o Estado ser mais incisivo na redu��o das desigualdades. No caso dos sal�rios, diz ela, o poder p�blico tem mecanismos para verificar quais empresas adotam sal�rios diferenciados e � preciso puni-las.

A professora ressalta que � preciso romper com a naturalidade com a qual a sociedade trata tais desigualdades. Um exemplo citado por ela � a diferencia��o que se d� entre profiss�es no Brasil, sendo maior a presen�a de homens em engenharias e de mulheres em psicologia, enfermagem e outros cursos. “� preciso mudar esse perfil ocupacional. Isso tamb�m afeta esse resultado do mercado de trabalho”, afirma Marlise. E acrescenta em refer�ncia ao fato de a mulher ser mais atuante nas tarefas de casa: “Na sociedade, o p�blico � considerado masculino, enquanto o privado � feminino, sendo que tudo o que � legitimado para as mulheres � privado e menos valorizado”, afirma a professora.

A redu��o na desigualdade na �ltima d�cada, mesmo que t�mida, resulta ainda na ocupa��o da mulher na posi��o de refer�ncia nas fam�lias com filhos. Em 2004, apenas 3,6% dos lares tinham mulheres como refer�ncia, enquanto, em 2014, 15,1%.

Na busca pela redu��o das desigualdades, movimentos feministas d�o voz � causa das mulheres, sendo tais diferencia��es o germe de outros problemas, como a viol�ncia contra elas. Na pe�a Rosa Choque, do coletivo Os conectores, o grupo tenta apresentar as diversas formas de viol�ncia sofridas pelas mulheres no dia a dia a partir da invers�o de pap�is.

Em cena, o homem � estuprado e a mulher � a delegada do crime, segundo a atriz e ativista Cris Moreira. “A proposta”, diz ela, “� que o homem tente se colocar no lugar das mulheres. Queremos julgar o pensamento da sociedade, n�o do homem”. Segundo ela, na sociedade machista � estabelecido um esteri�tipo para os dois g�neros, no qual, ainda na barriga da m�e, o homem que chuta vai ser jogador de futebol e a mulher, bailarina. “As diferen�as s�o vistas desde cedo. A mulher tem que ser delicada”, afirma Cris.

NA COR DA PELE A desigualdade entre brancos, pretos e pardos tamb�m se reduziu nos �ltimos 10 anos. O ritmo de inser��o de brancos no mercado de trabalho foi menor do que entre pretos e pardos. Em 2004, 47% do primeiro grupo estava em trabalhos informais, enquanto no segundo era de 62,7%. De l� para c�, os percentuais reduziram 11,7 e 14,3 pontos percentuais.

Assim como a desigualdade entre as mulheres e homens, as pessoas pretas e pardas t�m rendimentos menores no comparativo com brancos. Os primeiros representavam 73,2% dos 10% mais pobres em 2004. Essa parcela aumentou nos n�meros do ano passado para 76%, aprofundando as desigualdades. Por outro lado, a participa��o de negros na parcela de 1% mais rica subiu de 12,4% para 17,4%.

“O �ndice de Gini (que mede a desigualdade) vem reduzindo gradualmente desde 2004, Em 2014, est� abaixo de 0,5 (quanto mais perto de 0, menor a desigualdade)”, afirma o gerente de Indicadores Sociais do IBGE, Andr� Sim�es. “Por�m, o que n�s observamos � que, apesar disso tudo, h� uma desigualdade por cor ou ra�a, quando analisamos as estruturas de rendimento. Essa popula��o (pretos e pardos) � pouco representativa entre os extratos de maior rendimento do pa�s”, afirma Sim�es.


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