Burocracia no com�rcio externo refor�a sistema protecionista, diz especialista

S�o Paulo, 10 - A quest�o da facilita��o do com�rcio � uma das �reas da pol�tica de com�rcio externo de um pa�s, mas n�o est� imune a influ�ncias pol�ticas, apontou Ricardo Sennes, coordenador-geral do Grupo de An�lise de Conjuntura Internacional (Gacint) do Instituto de Rela��es Internacionais da USP.

Durante o F�runs Estad�o - Exporta��o, ele explicou que o fato de o Brasil n�o estar integrado nas cadeias globais de valor acaba gerando um efeito de prote��o para os setores dom�sticos, o que tem um componente pol�tico �bvio. "Ao privilegiar uma l�gica burocr�tica, n�s estamos refor�ando a ideia de apostar no sistema protecionista", criticou.

Segundo Sennes, ao n�o se integrar nas cadeias globais de valor o Brasil est� expulsando parques produtivos de alto valor agregado. "N�s n�o estamos utilizando o potencial de atra��o de escala dom�stica para trazer plataformas de n�vel tecnol�gico mais alto", apontou. Na quest�o da facilita��o do com�rcio, o especialista explicou que n�o se trata nem de o governo melhorar procedimentos, mas sim inverter o processo, fazendo uma releitura das etapas burocr�ticas a partir do ponto de vista dos empres�rios.

J� Ana Paula Antonelli Vieira, coordenadora de com�rcio exterior da Siemens Brasil, relatou um pouco da experi�ncia da empresa no Pa�s, ressaltando as diferen�as regulat�rias entre os diversos Estados e a complexa burocracia. "Fizemos an�lises de alguns processos e percebemos que a companhia precisa anexar uma c�pia autenticada de seu contrato social - que tem 20 p�ginas - em cada uma das 5 mil opera��es de importa��o por m�s", contou.

Ela explicou que precisa adicionar 20% de gastos em fun��o do excesso de armazenagem, j� que muitas vezes as mercadorias ficam paradas na alf�ndega aguardando algum tipo de libera��o. "� preciso trabalhar na capacita��o do governo, dos �rg�os anuentes, e mesmo dos prestadores de servi�os para reduzir a burocracia", comentou.