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Estado de Minas

Rea��es contr�rias ao novo ministro da Fazenda apontam rela��o de depend�ncia

A presidente da Comiss�o Mista de Or�amento (CMO), Rose de Freitas diz que Nelson Barbosa sofre forte influ�ncia de Dilma Rousseff e n�o vai tomar decis�es que a contrariem. Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset aponta na mesma dire��o


postado em 18/12/2015 19:01 / atualizado em 18/12/2015 19:33

A presidente da Comiss�o Mista de Or�amento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), classificou nesta sexta-feira, 18, como "muito ruim" a escolha de Nelson Barbosa para ocupar a pasta da Fazenda. Para a peemedebista, Barbosa n�o tem independ�ncia e sofre a influ�ncia direta da presidente Dilma Rousseff para tomar decis�es de pol�tica econ�mica que a contrariem.

As rea��es desafavor�veis vieram tamb�m do mercado. Mais do que a substitui��o do ministro da Fazenda, ap�s o an�ncio de Nelson Barbosa como sucessor de Joaquim Levy, o mercado estar� atento a uma poss�vel mudan�a no discurso do governo quanto � pol�tica econ�mica. Na avalia��o de Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, as decis�es da pol�tica econ�mica est�o muito mais ligadas � presidente Dilma Rousseff que ao titular da Fazenda, quem quer que seja. O especialista pondera, no entanto, que o nome de Barbosa leva mais inseguran�a aos mercados.

"� preciso ter uma certa autonomia de pensamento para complementar as medidas necess�rias do ajuste fiscal. Ele n�o far�", disse Rose, ao ressalvar que n�o tem nada, do ponto de vista pessoal, contra Barbosa.

A presidente da CMO disse que o novo titular da Fazenda "n�o � um poupador". "Ele queria ter abatimento da meta fiscal e ter mais recursos para gastar", avaliou ela.

Rose de Freitas foi uma das principais articuladoras no Congresso para aprovar o super�vit prim�rio de 0,5% do PIB no pr�ximo ano sem qualquer tipo de dedu��o da meta. Era uma sa�da pol�tica para impedir o corte de R$ 10 bilh�es no programa Bolsa Fam�lia ao mesmo tempo em que tentava dar um aceno de rigor fiscal.

A senadora foi uma das interlocutoras frequentes de Joaquim Levy, defensor da meta fiscal de 0,7% do PIB. Ela articulou barrar a aprova��o de uma proposta apresentada na ter�a-feira, 15, pelo governo que previa uma banda fiscal de 0% a 0,5%, a depender da atividade econ�mica e dos abatimentos fiscais.

A presidente da CMO considerou que agora n�o era uma "boa hora" para tirar o ministro da Fazenda, justamente no momento em que o governo come�ava a dar sinais positivos: aprovou um or�amento e ainda conseguiu vit�rias no Supremo Tribunal Federal (STF) em rela��o ao rito do processo de impeachment. Rose � contra o impeachment de Dilma.

Analistas


"O Barbosa sempre teve uma vis�o diferente quanto � pol�tica fiscal a ser adotada, principalmente na maneira de encarar uma retra��o econ�mica, como a atual", afirmou. Sobre os efeitos do nome de Barbosa nos mercados, Lima destaca que j� houve movimentos de ativos em decorr�ncia das especula��es em torno de uma iminente sa�da de Levy. "Os mercados j� pioraram nos �ltimos dias com os rumores sobre Levy. Parte do aumento da inseguran�a j� foi precificado, mas ainda pode haver mais efeitos sobre os pre�os", estima Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset,.

Para Lima, h� d�vidas sobre que mudan�as o novo ministro pode adotar, mas medidas mais heterodoxas, como as implementadas por Guido Mantega, dificilmente s�o uma alternativa. "A situa��o hoje � muito diferente do ponto de vista de credibilidade e de recursos que se tinha no passado", ponderou. "Com o Mantega, houve a capitaliza��o de bancos p�blicos para fomentar cr�dito e estimular o crescimento. Hoje, vejo como muita dificuldade isso acontecer, at� porque houve a perda do grau de investimento, o que aumenta os custos de capitaliza��o", disse.

Segundo o economista-chefe da Western Asset, caso o governo sinalize uma dire��o diferente daquela apontada por Levy para a pol�tica econ�mica, ser� preciso demonstrar o que pretende ser feito. "O mercado vai querer entender como vai ser (a mudan�a), se vai haver extens�o de prazo de converg�ncia fiscal ou mais redu��o da meta", exemplificou.

Na opini�o do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo, a sa�da de Joaquim Levy pode fazer com que o ajuste fiscal seja mais gradual em intensidade e tempo de execu��o.

"O ministro Nelson Barbosa pode assumir uma postura de fazer o ajuste fiscal enquanto estimula o crescimento", avaliou.

Para o economista, Barbosa enfrenta como grande desafio a incerteza dos agentes econ�micos e o ambiente hostil no Congresso Nacional, que est� �s voltas com o impasse em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff. "O governo tem pela frente um ambiente de baixa popularidade e uma base fragmentada", disse.

Na avalia��o de Melo, a mudan�a na Fazenda ainda n�o foi completamente precificada pelo mercado. "Embora a sa�da de Levy estivesse no radar, h� espa�o para movimenta��o nos pre�os, � espera de algumas decis�es de pol�tica econ�mica do novo ministro", afirmou.

J� segundo o s�cio-diretor da Canepa Asset Management, Alexandre P�voa, o nome de Nelson Barbosa para substituir Joaquim Levy n�o agrada ao mercado financeiro, mas pode haver alguns atenuantes. Para ele, se forem verdadeiros os boatos de que Barbosa n�o era a primeira op��o da presidente Dilma Rousseff, isso diminui o receio de uma "guinada � esquerda" no governo.

"Dizem que o Barbosa era o terceiro da lista, depois de Marcos Lisboa e Otaviano Canuto, ent�o isso � um bom sinal. A presen�a de Levy no governo, mesmo que n�o conseguindo aprovar muita coisa, era um sinal de que nenhuma maluquice seria feita", comenta P�voa. "Se a pol�tica econ�mica � da presidente Dilma, e n�o do ministro da Fazenda, como dizem, essas poss�veis escolhas d�o um sinal de que a orienta��o continuar� sendo de busca do ajuste fiscal".

O s�cio da Canepa diz que � mais importante ver quem Barbosa colocar� no Tesouro e na Receita do que avaliar o novo ministro do Planejamento, Valdir Sim�o. Ele tamb�m quer ouvir o que Barbosa dir� em sua posse. "O mercado vai olhar com desconfian�a para a nomea��o dele, ent�o depende do que ele vai falar, se vai indicar uma continua��o do trabalho de Levy ou se tentar� uma guinada � esquerda".

P�voa n�o acredita que Barbosa, j� como titular da Fazenda, promover� no curto prazo uma mudan�a na rec�m aprovada meta de super�vit prim�rio para 2016, de 0,5% do PIB. Ele lembra que nos �ltimos dois anos a meta foi mudada de �ltima hora para evitar crimes de responsabilidade fiscal, mas acredita que o objetivo do pr�ximo ano foi constru�do pela equipe econ�mica como um todo, n�o s� Levy. Para o analista, de qualquer forma, o resultado prim�rio no pr�ximo ano ser� zero, "com sorte".

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a Am�rica Latina do banco Goldman Sachs, a escolha do ministro Nelson Barbosa para comandar a pasta da Fazenda significa uma mudan�a de titular do cargo, mas continuam os mesmos desafios para a consolida��o do ajuste fiscal, comentou ao Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado. "H� o risco da mudan�a sinalizar alguma altera��o econ�mica heterodoxa. Uma nova pol�tica fiscal nessa linha poderia ser mal recebida pelos mercados", comentou.

Na avalia��o de Ramos, o fato de Barbosa assumir o Minist�rio da Fazenda pode at� lev�-lo a adotar uma pol�tica fiscal ortodoxa, especialmente porque o ajuste das contas p�blicas � essencial para o equil�brio macroecon�mico e retirar press�es sobre a pol�tica monet�ria para conter a infla��o. "Vamos acompanhar os primeiros pronunciamentos do ministro Barbosa. Seria positivo uma posi��o a favor de reformas estruturais das contas p�blicas, como da Previd�ncia Social, uma nova regra para o sal�rio m�nimo e limite de gastos do governo", comentou.


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