Rio, 22 - Milhares de chefes de fam�lia que est�o perdendo seus empregos em fun��o da crise. No m�s de novembro, havia 548 mil chefes desempregados nas seis principais regi�es metropolitanas do Pa�s, 56,9% a mais do que em igual m�s do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Como s�o os principais provedores do lar, a demiss�o � um golpe no poder de compra dessas fam�lias.
Alex Galdino, de 37 anos, era o principal respons�vel pelas despesas em sua casa at� abril deste ano, quando foi demitido de uma empresa de tecnologia da informa��o. Sem emprego, n�o teve outra sa�da sen�o fazer bicos enquanto procura outra vaga. No lugar dele, a esposa, Ma�ra, que � psic�loga e massoterapeuta, assumiu parte das contas da fam�lia. Outras foram simplesmente cortadas do or�amento.
acabou com a TV por assinatura, j� gastou todas as suas economias e conta com a ajuda da m�e e da sogra. Cogitou vender o carro, mas adiou esse plano diante da necessidade de manter o ve�culo para levar a filha e a enteada ao m�dico, � escola e para fazer as compras de supermercado. Mesmo assim, o n�mero de viagens diminuiu bastante por causa da crise.
"N�o consigo emprego nem na �rea que tenho experi�ncia (TI), nem na �rea em que sou formado (log�stica). Nesse tempo todo, s� fiz uma entrevista para call center, mas n�o me chamaram porque acham que sou muito qualificado", conta o morador da zona sul de S�o Paulo. "Por enquanto, tenho feito manuten��o de computadores e atuo como supervisor freelancer. � menor (a renda), mas � melhor pingar do que secar."
O n�mero de chefes de fam�lia que est�o desempregados come�ou a crescer j� em janeiro deste ano. Naquele m�s, eram 357 mil nas seis principais regi�es metropolitanas (S�o Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador). Com o aumento, a taxa de desemprego entre os chefes atingiu 4,7% em novembro deste ano.
Abaixo da m�dia
O resultado est� abaixo da m�dia (7,5%), mas esconde uma das principais consequ�ncias desse movimento: outros membros da fam�lia que antes n�o trabalhavam passam a procurar emprego, sem que haja vagas dispon�veis para acomod�-los. Por isso, a taxa de desemprego sobe. Al�m disso, o poder de compra diminui, com repercuss�o sobre setores como com�rcio e servi�os, gerando um c�rculo vicioso.
"Isso vai fazer com que outras pessoas tentem recompor essa renda perdida", avalia o economista Rafael Bacciotti, da Tend�ncias Consultoria Integrada. Segundo o IBGE, h� 1,286 milh�o de "outros membros" da fam�lia buscando emprego, 52,3% a mais que em novembro de 2014.
No site de busca Vagas.com, a procura tem sido crescente. O cadastro de novos curr�culos atingiu 173 por hora na m�dia do acumulado do ano at� setembro, 11,6% a mais do que em igual per�odo de 2014. At� novembro, a alta acelerou para 17%. As oportunidades, no entanto, encolheram 4% at� o m�s passado.
Jovens
"Temos percebido que a faixa et�ria de 25 a 34 anos � a que mais procura, mas o crescimento tem sido maior entre 18 e 24 anos", conta Rafael Urbano, especialista em Intelig�ncia de Neg�cios da Vagas.com.
Entre os jovens, os cadastros avan�aram 49% de janeiro a novembro ante igual per�odo de 2014, segundo o site
A procura de emprego por jovens � o que mais tem dado combust�vel ao aumento do desemprego em 2015. Antes, o movimento era contr�rio: os pais tentavam preservar os estudos dos filhos e bancavam seu sustento. Agora, com a renda encolhendo quase 10%, n�o h� como mant�-los longe do batente.
Por outro lado, Bacciotti v� que j� h� um sentimento de "desesperan�a" entre os brasileiros, j� que a propor��o de pessoas economicamente ativas em rela��o �s pessoas em idade de trabalhar tem diminu�do. "� um ambiente econ�mico t�o ruim, uma atividade t�o paralisada, que h� essa desesperan�a", diz.
Para o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, a situa��o ainda pode piorar antes de melhorar. "Como essas pessoas s�o as fontes principais de renda, elas n�o t�m condi��o de sair do mercado de trabalho. Algumas fazem bicos ou abrem o pr�prio neg�cio e n�o s�o consideradas desocupadas. Mas a probabilidade de o neg�cio dar certo em 2016 � baixa", afirma o economista.
"� um emprego muito vulner�vel. O risco � que essa pessoa vire desempregada e a taxa de desemprego d� um salto", acrescenta Caparoz.
Segundo ele, a taxa de desemprego deve atingir seu pico em 2017, provavelmente em dois d�gitos, para s� ent�o come�ar a arrefecer em 2018. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.