
Depois de meses de forte turbul�ncia, no entanto, muitos j� conseguem vislumbrar dias melhores a partir do segundo semestre, com o arrefecimento da t�o falada crise. Em 2015, o leme ficou sob o comando do ex-ministro Joaquim Levy, da Fazenda, que, tendo a plena confian�a do mercado no in�cio do ano, n�o conseguiu p�r em pr�tica as principais a��es aguardadas. De todo-poderoso, Levy entregou o comando depois de a presidente da Rep�blica, Dilma Rousseff, ter cortado mais uma vez a meta do super�vit fiscal, a economia que o setor p�blico tem de fazer para pagar os juros da d�vida.
Neste ano, o tim�o passou para o controle de Nelson Barbosa, que, no ano passado, no comando do Minist�rio do Planejamento, levou vantagem em embates diretos contra Levy. A indica��o do novo homem forte da pol�tica econ�mica d� uma guinada de rumo de praticamente 180 graus. Um fator que pode contribuir para melhorar a situa��o da economia � a proje��o de recuo da infla��o acumulada em 12 meses no primeiro semestre. Isso porque os n�meros de janeiro a junho de 2015 foram muito altos e a tend�ncia � de que, em 2016, sejam mais baixos, afirma o coordenador do curso de economia do Ibmec, M�rcio Salvato.
O economista considera que a taxa deve ficar abaixo de dois d�gitos, at� porque neste ano a varia��o dos pre�os administrados (os servi�os p�blicos, como energia e combust�veis) deve ser mais contida. Salvaro adverte, no entanto, que s�o necess�rios ajustes na pol�tica fiscal para resgatar a confian�a do pa�s. “Se nada for mexido em pol�tica fiscal, ainda deve permanecer (a infla��o) acima do teto da meta”, afirma. O teto da meta � de 6,5%.
Com a continuidade da crise econ�mica nos primeiros meses do ano, a expectativa do analista da Whatscall Consultoria, Pedro Galdi, � de que piorem os indicadores do desemprego, juros e infla��o. “Isso vai elevar os �nimos e deve levar � piora do n�vel de confian�a no atual governo”, afirma. Segundo ele, a tend�ncia � de piora no cen�rio econ�mico, tendo em vista os reflexos da crise para al�m de mar�o e o desenrolar do processo de impeachment da presidente Dilma no Congresso.
“Em minha vis�o, teremos ainda um primeiro semestre guiado por indefini��es e com vi�s de recupera��o no semestre seguinte. Por aqui, quanto mais r�pido se resolver a crise pol�tica e o destino deste governo, melhor ser� para a retomada da economia”, afirma Galdi. O cen�rio negativo no Brasil deve se repetir em graus diferentes em outros pa�ses emergentes. Na avalia��o de Galdi, enquanto pot�ncias econ�micas, como Estados Unidos, Alemanha e Fran�a, permanecem em recupera��o, os chamados Brics passam por um “momento fraco”. A avalia��o � que a R�ssia continuar� a sofrer com as san��es econ�micas impostas por pa�ses ocidentais e o baixo pre�o do petr�leo no mercado internacional e a transi��o da China de um modelo focado nas exporta��es para o de uma na��o voltada para o mercado interno coloca o pa�s em rumos incertos.

D�lar valorizado, custo de vida alto e tributa��o crescente – como mecanismo para compensar a queda de receita dos cofres p�blicos, devido ao desaquecimento da economia – s�o fatores que, combinados, levam a consider�vel aumento dos custos de produ��o. O resultado dessa combina��o de press�es sobre as empresas � o agravamento da crise, avalia o coordenador do curso de economia do Ibmec, M�rcio Salvato. Em resposta ao cen�rio macroecon�mico adverso, ele vislumbra no setor produtivo da economia a busca por melhores �ndices de produtividade como diferencial que pode significar a sobreviv�ncia no t�o competitivo mercado brasileiro. “� preciso fazer algo diferente como estrat�gia para sobreviver”, afirma Salvato. Segundo ele, as empresas, principalmente do setor industrial, devem se focar em melhorias em inova��o, gest�o e marketing para obter vantagens em rela��o aos concorrentes. Aqueles que ficarem para tr�s, diz ele, podem fechar as portas. Um exemplo para ele � a ind�stria automotiva com a busca por novos modelos de carro e formas mais atrativas de apresent�-los ao consumidor. “O Brasil sai com maior produtividade.”
Nesse sentido, o secret�rio de Estado de Desenvolvimento Econ�mico de Minas Gerais, Altamir R�so, ciente do cen�rio pouco promissor para o pa�s nos pr�ximos meses, considera que alguns grupos com olhar no longo prazo continuar�o investindo no estado e podem beneficiar-se disso. “O investimento em uma ind�stria leva dois, tr�s anos. As empresas que est�o tocando projetos agora podem aproveitar o momento que o pa�s voltar a crescer.” (PRF)