S�o Paulo, 06 - O recuo do cr�dito e o aumento do desemprego ajudaram a esfriar o ritmo de alta do pre�o dos im�veis em 2015. O valor do metro quadrado anunciado em 20 cidades brasileiras subiu 1,32% no ano passado, de acordo com o �ndice FipeZap Ampliado. � a menor alta j� registrada na s�rie hist�rica do indicador de 2008.
O dado ainda representa uma queda real (descontada a infla��o) de 8,5%, na compara��o com a proje��o para o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado. Nesta sexta-feira, ser�o conhecidos os n�meros oficiais do IPCA de 2015.
Das 20 localidades que comp�em o indicador, todas registraram varia��o menor do que a infla��o. J� nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Bras�lia e Niter�i houve queda nominal dos pre�os durante o ano passado.
"Com o cen�rio de crise n�o dava para imaginar que seria diferente", afirma Eduardo Zylberstajn, pesquisador e coordenador da pesquisa.
E, diante da expectativa de prolongamento do cen�rio recessivo da economia, o indicador pode fechar 2016 em queda pela primeira vez. "Todos os fatores determinantes para recuo dos pre�os est�o presentes: desemprego alto, sal�rios em queda, taxa de juros elevada e cr�dito escasso", diz Zylberstajn.
Nas estimativas do pesquisador, o �ndice FipeZap pode recuar at� 6% neste ano. Ele faz a ressalva, contudo, de que pode existir uma boa margem de erro na proje��o porque a metodologia para estimar o indicador nunca foi testada em cen�rios de recuo do valor do metro quadrado, um fato in�dito na hist�ria recente do Brasil.
A perda de f�lego do setor � evidenciada no comportamento dos pre�os dos im�veis em S�o Paulo e no Rio de Janeiro, que representam juntos quase 50% do indicador.
Na capital fluminense, o pico de alta no pre�o dos im�veis ocorreu em 2010, quando a valoriza��o do metro quadrado chegou a 39,63%. No ano passado, contudo, houve um recuo de 1,36% pelo �ndice FipeZap. J� em S�o Paulo, o auge do boom marcou uma valoriza��o 26,96% no metro quadrado, em 2011, e desacelerou para um avan�o de 2,51% em 2015.
Crise
A restri��o do cr�dito para compra da casa pr�pria � uma das explica��es para o recuo da procura por im�veis e o seu reflexo sobre os pre�os. Al�m de a crise econ�mica ter freado a disposi��o dos consumidores em assumir uma d�vida de longo prazo, os bancos tamb�m se tornaram mais restritivos na concess�o de financiamento.
Isso porque a caderneta de poupan�a, usada como uma das principais fontes de recursos para o setor, registrou saques de mais de R$ 58 bilh�es nos primeiros onze meses de 2015.
No mesmo intervalo, foram destinados R$ 70,8 bilh�es para aquisi��o e constru��o de im�veis, de acordo com a Abecip, entidade que re�ne os bancos que captam recursos da poupan�a para financiar a habita��o. O volume representa uma queda de 30,7% em rela��o ao verificado no mesmo intervalo de 2014.
Desconto
Apesar do cen�rio adverso para os neg�cios no segmento, Zylberstajn destaca a "rigidez" de pre�os que � caracter�stica do mercado imobili�rio.
"Parece que, para alguns vendedores, � mais f�cil subir os pre�os do que baixar. Quando as condi��es se deterioram, h� aqueles que esperam mais para vender no lugar de baixar os pre�os", afirma.
Esse comportamento, ressalta o pesquisador, pode resultar em perdas financeiras para vendedores com a atual conjuntura da economia.
"Se o dono do im�vel 'carreg�-lo' de um ano para o outro j� deixa de ganhar a rentabilidade que poderia ter com aplica��es atreladas ao CDI (balizador da rentabilidade da renda fixa), ainda mais no cen�rio de juros e infla��o elevados. O melhor seria baixar o pre�o porque, de um jeito ou de outro, o vendedor vai perder", diz o pesquisador. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.