Bras�lia, 06 - Mesmo em um ano de desconfian�a pol�tica e de indicadores ruins da economia, que levaram o Brasil a perder o selo de bom pagador por duas ag�ncias de classifica��o de risco, o fluxo cambial total de 2015 ficou positivo em US$ 9,414 bilh�es. O resultado � o melhor para o Pa�s desde 2012, quando o volume de entradas de d�lares superou o de sa�das em US$ 16,753 bilh�es. Nos dois �ltimos anos, o envio de recursos foi maior do que os ingressos. Em 2014, o resultado ficou negativo em US$ 9,287 bilh�es e, em 2013, em US$ 12,261 bilh�es.
De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo Banco Central, a �rea financeira pode ser avaliada como o lado ruim dessa conta, assim como j� havia ocorrido em 2014. No acumulado de 2015, houve sa�das l�quidas de US$ 16,071 bilh�es da rubrica que re�ne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras opera��es. Neste segmento foram registrados ingressos de US$ 522,731 bilh�es e envios de US$ 538,802 bilh�es no per�odo.
Em 2014, a �rea financeira tamb�m foi a principal porta de sa�da de recursos do Pa�s, somando US$ 13,4 bilh�es. Assim, a retirada de d�lares do Brasil por meio do canal financeiro ficou 20% maior do que a do ano passado, apesar de o resultado acumulado do ano ter terminado positivo.
Isso ocorreu gra�as � conta de com�rcio exterior, que surpreendeu com quase US$ 20 bilh�es de super�vit da balan�a em 2015. O fluxo comercial ficou positivo em US$ 25,486 bilh�es no ano passado, com importa��es de US$ 156,174 bilh�es e exporta��es de US$ 181,660 bilh�es. Nas exporta��es, est�o inclu�dos US$ 34,773 bilh�es em Adiantamento de Contrato de C�mbio (ACC), US$ 47,479 bilh�es em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 99,408 bilh�es em outras opera��es.
Ao longo de 2015, houve resultado positivo em cinco meses do ano (janeiro, mar�o, abril, agosto, novembro) e negativo em sete: fevereiro, maio, junho, julho, setembro, outubro e dezembro. O m�s que mais atraiu recursos estrangeiros ao Brasil foi abril, num total de US$ 13,107 bilh�es. J� a maior sa�da foi vista em junho, no valor de US$ 4,694 bilh�es.
Dezembro
Ap�s ter registrado saldo positivo de US$ 3,895 bilh�es em novembro, o fluxo cambial de dezembro teve sa�das l�quidas US$ 2,146 bilh�es maiores do que as entradas do per�odo. Sazonalmente, meses de dezembro t�m mais envios do que ingressos de recursos por causa do prazo limite para que empresas instaladas no Brasil mandem lucros e dividendos �s matrizes no exterior.
Para se ter uma ideia, apenas no �ltimo m�s de 2014 o fluxo cambial ficou negativo em US$ 14,050 bilh�es. Desta vez, o volume de retiradas no �ltimo m�s do ano ficou bem menor.
Mesmo assim, a sa�da de d�lares pelo canal financeiro no m�s passado foi significativa, de US$ 9,270 bilh�es no per�odo, resultado de entradas no valor de US$ 49,501 bilh�es e de envios no total de US$ 58,772 bilh�es. Este segmento re�ne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras opera��es.
J� no com�rcio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 7,124 bilh�es em dezembro, com importa��es de US$ 11,607 bilh�es e exporta��es de US$ 18,731 bilh�es. Nas exporta��es, est�o inclu�dos US$ 2,661 bilh�es em ACC, US$ 8,285 bilh�es em PA e US$ 7,786 bilh�es em outras entradas.
Semana
O fluxo cambial da �ltima semana de 2015 - de 28 de dezembro a 1 de janeiro, mas que contou com apenas tr�s dias �teis - ficou negativo em US$ 2,956 bilh�es, conforme o Banco Central. A retirada l�quida de d�lares pelo canal financeiro foi de US$ 3,537 bilh�es no per�odo, resultado de entradas no valor de US$ 7,457 bilh�es e de envios no total de US$ 10,994 bilh�es. Este segmento re�ne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras opera��es.
J� no com�rcio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 581 milh�es de 28 de dezembro a 1 de janeiro, com importa��es de US$ 1,586 bilh�o e exporta��es de US$ 2,167 bilh�es. Nas exporta��es, est�o inclu�dos US$ 259 milh�es em ACC, US$ 381 milh�es em PA e US$ 1,528 bilh�o em outras entradas.
Leil�es de linhas
O Banco Central vendeu, em termos l�quidos, US$ 315 milh�es por meio de leil�es de linha em dezembro do ano passado, conforme informou nesta quarta a autoridade monet�ria. Foram registradas na contabilidade da autarquia seis opera��es no m�s.
De acordo com a contabilidade do BC, no dia 2 foi registrada recompra de US$ 1,985 bilh�o. J� no dia 7, a autarquia vendeu o lote integral de US$ 500 milh�es, assim como ocorreu tamb�m no dia 14, no dia 17 e no dia 21. No dia 24 de dezembro, mais uma nova tranche do mesmo valor foi oferecido ao mercado, mas foram fechados contratos no total de US$ 300 milh�es.
O leil�o de linha funciona como uma esp�cie de "empr�stimo" de d�lares, j� que o BC vende contratos de moeda americana com a promessa de recompra em data futura. � uma venda spot conjugada com uma compra a termo. O BC voltou a oferecer recursos novos no final do ano, quando h� um aumento da demanda por empresas que precisam enviar lucros e dividendos a suas matrizes no exterior. Mas desde o in�cio deste ano, a autarquia n�o ofertou mais recursos por meio desses leil�es ao mercado.
Posi��o vendida
Os bancos mantiveram a posi��o vendida em c�mbio em dezembro pelo 29� m�s consecutivo. A quantia nessa posi��o no m�s passado aumentou para US$ 20,139 bilh�es, ante US$ 18,297 bilh�es em novembro. Esta � a maior marca desde outubro, quando estava em US$ 21,477 bilh�es.
Em setembro, de acordo com o hist�rico do Banco Central, essa posi��o vendida somava US$ 17,833 bilh�es. Em mar�o do ano passado, o valor foi de US$ 23,830 bilh�es e, em abril, por conta de forte fluxo positivo naquele m�s, o volume da posi��o vendida dos bancos foi bem menor, de US$ 10,528 bilh�es - desde dezembro de 2014, essa posi��o estava na casa dos US$ 20 bilh�es. Naquele �ltimo m�s de 2014, ali�s, foi registrado o maior volume da s�rie hist�rica iniciada em janeiro de 1994 nessa posi��o, de US$ 28,261 bilh�es.
No jarg�o financeiro, estar "comprado" significa, na maioria das vezes, que o mercado fez hedge de passivo cambial. A posi��o tamb�m pode estar atrelada � expectativa de que a cota��o do d�lar vai subir porque, ao ter a moeda em caixa, � poss�vel lucrar com uma eventual alta das cota��es.
J� "estar vendido" representa previs�o de queda da cota��o da moeda ou que se acredita que os juros internos ser�o mais elevados do que a valoriza��o do d�lar em determinado per�odo. Para se ter uma refer�ncia, a taxa b�sica Selic est� atualmente em 14,25% ao ano.