S�o Paulo, 13 - Com desemprego em alta e cr�dito cada vez mais escasso, o consumidor brasileiro tem evitado fazer d�vidas e est� concentrando suas compras em itens b�sicos e indispens�veis � sobreviv�ncia. Foi o que mostrou, nesta ter�a, 12, a �ltima pesquisa da Federa��o do Com�rcio do Estado de S�o Paulo (Fecom�rcio-SP). Em outubro, as vendas do setor no Estado registraram queda de 10,2%, pressionadas pelos segmentos de vestu�rio, m�veis e decora��o, ve�culos e eletroeletr�nicos. O novo padr�o de consumo j� se reflete no resultado das maiores varejistas do Pa�s.
Segundo o economista Altamiro Carvalho, da Fecom�rcio-SP, as fam�lias se concentram nos produtos de primeira necessidade nos momentos de crise. "Houve, em 2015, queda real do rendimento. Isso � um obst�culo para o consumo de bem dur�vel", explica o especialista. O presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, afirma que a base da pir�mide est� fazendo de tudo para economizar. "Diante da instabilidade econ�mica, a classe C tem feito um ajuste fiscal dom�stico, que � basicamente aumentar receita, reduzir despesas e n�o gastar mais do que ganha."
O receio das fam�lias em consumir bens de maior valor, que costumam ser comprados a presta��o, est� refletido no balan�o das grandes companhias. O Grupo P�o de A��car divulgou ontem uma alta de 5,5% em sua receita em 2015, para R$ 69,1 bilh�es, com resultado desigual entre as �reas. O faturamento do ramo alimentar subiu 7,1%; enquanto isso, a Via Varejo, que concentra as redes Casas Bahia e Ponto Frio, teve retra��o de 15%.
O Magazine Luiza, outra rede de eletr�nicos que tem a��es negociadas na BM&F Bovespa, teve a nota de cr�dito rebaixada pela ag�ncia de risco Standard & Poor�s na segunda-feira. A rede M�quina de Vendas (das bandeiras Ricardo Eletro e Insinuante) tem capital fechado, mas tamb�m est� reestruturando seu neg�cio com a ajuda de consultores externos.
Segundo os dados da Fecom�rcio-SP, a venda de eletrodom�sticos caiu 16,3% no acumulado de janeiro e outubro do ano passado. E, por enquanto, n�o h� sinais de recupera��o no horizonte. "A gente n�o v� nenhum ponto de inflex�o na queda de demanda dos semidur�veis (categoria de bens em que se enquadram os eletroeletr�nicos)", diz o analista de varejo do Banco Brasil Plural, Felipe Cassemiro.
Foi por causa dessa falta de perspectiva macroecon�mica que o banco passou a recomendar a venda de a��es do Magazine Luiza, apesar de considerar que a empresa vem se defendendo bem da crise, com a��es para refor�ar o seu caixa e ganhar mercado frente a concorrentes mais fortes, como a Via Varejo.
Perdas
Levantamento feito pelo Estado, com base nos dados da Econom�tica, mostrou que as a��es de empresas do varejo de vestu�rio e eletrodom�sticos sofreram na BM&FBovespa em 2015 com a piora do cen�rio econ�mico. As mais castigadas foram justamente Magazine Luiza (-71,8%) e Via Varejo (-81,4%).
No ramo de confec��es e cal�ados, as maiores perdas foram na rede popular Lojas Marisa e na Restoque, dona de bandeiras de alto valor agregado, como Le Lis Blanc, Dudalina, John John e Bob�. Dentro do setor, Guararapes (que controla a Riachuelo) e Hering tamb�m fecharam o ano com as a��es no vermelho (veja mais detalhes acima). Segundo a Fecom�rcio, o varejo de confec��es acumulou queda de 11,7% nas vendas at� outubro de 2015.
A maior alta entre as principais varejistas foi da Raia Drogasil, empresa que cresce acima da m�dia do mercado de farm�cias - em meio a recess�o, o papel subiu 40% em 2015. O mercado como um todo cresceu: ao lado dos supermercados, as drogarias foram o �nico segmento varejista a crescer em 2015, segundo a Fecom�rcio paulista.
Por�m, a compara��o das a��es feita pela reportagem mostra que, no varejo, gest�o faz diferen�a. As a��es da BR Pharma, que re�ne os neg�cios de drogarias do BTG Pactual, ca�ram 96,2% no ano. O resultado foi influenciado pela pris�o do banqueiro Andr� Esteves, no fim de novembro, mas o neg�cio j� havia anunciado antes disso que precisava de uma inje��o de capital de R$ 600 milh�es.
Em uma recess�o, empresas com a melhor performance t�m a chance de ganhar mercado. � o que est� ocorrendo atualmente com a Lojas Renner, de confec��es, que vem apresentando resultados de vendas bem superiores aos da concorr�ncia. Com isso, a a��o da empresa ficou no azul, com alta de 12% acumulada em 2015, mesmo em um cen�rio adverso para as redes de moda. "O mercado de moda � segmentado. Ent�o, oferece oportunidade para movimentos como o da Renner", explica Cassemiro, do banco Brasil Plural./ COLABORARAM F�TIMA LARANJEIRA e MARCELLE GUTIERREZ
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.