S�o Paulo, 15 - A retra��o do mercado imobili�rio em 2015 atingiu com mais for�a o segmento de loca��o. O pre�o m�dio dos novos contratos de aluguel caiu pela primeira vez desde 2008 no ano passado, de acordo com o �ndice FipeZap, que acompanha o valor anunciado de loca��o em nove cidades brasileiras. O recuo foi de 3,34% que, se descontada a infla��o pelo IPCA, chega a uma queda real de 12,66%.
"Os propriet�rios tendem a ser mais flex�veis na negocia��o do aluguel do que no pre�o de venda. Essa diferen�a faz com que o mercado de loca��o seja mais din�mico do que o de venda", afirma Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe.
O pre�o anunciado de venda dos im�veis, por exemplo, encerrou o ano passado com valoriza��o de 1,32%, ainda segundo levantamento do �ndice FipeZap, e s� deve migrar em 2016 para o campo negativo.
Oliva explica que, no lugar de dar um desconto para conseguir vender um im�vel, os propriet�rios preferem colocar a propriedade para loca��o e eliminar custos como o de IPTU e condom�nio, al�m da manuten��o. Segundo ele, o crescimento da oferta de unidades para loca��o tamb�m ajuda a explicar o recuo do pre�o pedido pelos propriet�rios.
Para quem depende do aluguel para morar, o recado � que chegou a hora de negociar com mais facilidade e conseguir evitar, pelo menos, aumentos que acompanhem a infla��o. O �ndice Geral de Pre�os Mercado (IGP-M) - usado para reajustar a ampla maioria dos contratos de aluguel - fechou 2015 com avan�o de 10,54%. Mas, em um ambiente de recuo do custo de loca��o, deve prevalecer a negocia��o.
"Os donos de im�vel come�aram a perceber que n�o adiantava cobrar valores altos de aluguel ou mant�-los, j� que n�o era isso que o mercado estava disposto a fazer", diz Mark Turnbull, diretor de loca��o do Secovi-SP, o sindicato da habita��o. Ele lembra que a desacelera��o do mercado de aluguel vem ocorrendo h� pelo menos um ano e meio e, a partir da metade do ano passado, come�ou a ganhar mais intensidade.
Por enquanto, o momento ruim da economia deve continuar a favorecer os locat�rios. "N�o h� nenhum fator que indique neste primeiro semestre que o pre�o do aluguel possa voltar a subir. Esperamos, pelo menos, mais oito meses de recuo", afirma Turnbull.
Para ele, os propriet�rios devem refletir no vencimento dos contratos e avaliar se, em busca de maior rentabilidade, vale a pena abrir m�o de um inquilino cujos h�bitos j� s�o conhecidos.
O Secovi tamb�m pesquisa o valor de loca��o residencial, mas a metodologia � diferente da usada pela Fipe. A pesquisa do sindicato usa os valores j� firmados em contratos, e n�o das ofertas de aluguel. Pelos dados mais recentes, referentes ao m�s de novembro do ano passado, o aluguel na cidade de S�o Paulo acumula um recuo de 2,1% na compara��o com os doze meses anteriores.
Cidades
O recuo do pre�o do aluguel pelo �ndice FipeZap foi puxado pelo desempenho das cidades de S�o Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores mercados imobili�rios do pa�s. S� na capital fluminense, o aluguel ficou 8,27% mais barato no ano passado e, em S�o Paulo, caiu 3,70%. Santos, no litoral paulista, tamb�m registrou queda no pre�o de loca��o em 2015, de 1,5%.
"O Rio de Janeiro foi o mercado que mais subiu durante o boom imobili�rio, ent�o � natural que o ajuste seja mais forte", diz Oliva, da Fipe. Apesar da baixa no ano passado, o Rio continua a ter o aluguel mais caro do Brasil: cada metro quadrado tem o custo de R$ 37,79. Um im�vel de 100 m², por exemplo, tem aluguel m�dio de R$ 3.779.
As demais cidades (Bras�lia, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, S�o Bernardo do Campo e Campinas) registraram varia��es abaixo da infla��o. A rentabilidade do aluguel tamb�m est� em baixa. De acordo com a Fipe, o retorno anual est� em 4,6%, quase a metade do in�cio da s�rie, em 2008, quando rondava 8%.
A rentabilidade � calculada com base na divis�o do pre�o mensal de loca��o pelo de venda. O resultado dessa opera��o � multiplicado por doze. A ideia � simular o retorno m�dio para os pr�ximos doze meses. Para Turnbull, contudo, nem sempre � adequado comparar os rendimentos com aluguel com os encontrados na renda fixa ou vari�vel.
"Im�vel � um investimento de longo prazo, que n�o tem liquidez. Em momentos como este, � recomend�vel aceitar eventuais perdas porque ele pode voltar a se valorizar", diz. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.