Rio, 15 - Pela primeira vez em 12 anos, a cota��o internacional do petr�leo fechou abaixo de US$ 30 por barril nesta sexta-feira, 15. Temores em rela��o ao crescimento da China e a perspectiva de aumento nas exporta��es do Ir� levaram as cota��es �s m�nimas. No Brasil, as a��es da Petrobras derreteram 9,14% (cota��o da PN, preferencial, que fechou a R$ 5,17), arrastando junto o Ibovespa, principal �ndice da bolsa, que encolheu em 2,36% hoje e j� perde 11% em 2016.
A cota��o do petr�leo influencia negativamente as a��es de todas as petroleiras, por causa da diminui��o da perspectiva de receita. No caso da Petrobras, um patamar muito baixo ainda dificulta a venda de ativos para fazer caixa - uma das estrat�gias da empresa para driblar a crise financeira - e lan�a d�vidas sobre a viabilidade econ�mica de explorar o pr�-sal, que exige pesados investimentos em tecnologia e log�stica.
No in�cio da semana, as a��es da Petrobras j� haviam tombado ap�s a estatal anunciar que trabalha com a proje��o de uma cota��o m�dia de US$ 45 por barril para este ano, considerada otimista demais pelo mercado.
Hoje, o barril tipo Brent fechou a US$ 28,94 na ICE, bolsa de mat�rias-primas de Londres, queda de 6,28%. O petr�leo do tipo WTI, negociado em Nova York, tombou 5,71%, para R$ 29,42 o barril, menor pre�o em 12 anos.
Segundo especialistas, o tombo nas cota��es do petr�leo neste in�cio do ano se deve a um cen�rio de excesso de oferta e demanda fr�gil, mas as cota��es abaixo de US$ 30 parecem exageradas.
Na estimativa da ag�ncia classificadora de risco Standard & Poor's (S&P), o pre�o m�dio deste ano ficar� em US$ 40 por barril. Hoje, a S&P anunciou uma revis�o em suas proje��es - antes, a proje��o de 2016 era de US$ 50.
A diretoria da Petrobras defendeu hoje suas estimativas. "Est� todo mundo com os n�meros muito semelhantes aos da Petrobras. O que aconteceu at� hoje � uma queda numa velocidade inacredit�vel", afirmou o diretor financeiro, Ivan Monteiro. Segundo ele, uma revis�o para baixo entrar� no radar somente se as cota��es se consolidarem abaixo de US$ 30 o barril.
Na avalia��o da LCA Consultores, o barril poder� chegar ao fim do ano negociado em torno de US$ 50. Em relat�rio publicado hoje, a consultoria prev� recupera��o dos pre�os a partir da sinaliza��o da redu��o da oferta internacional e da expectativa de manuten��o da demanda.
Na vis�o de professor Edmar Almeida, do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, os problemas est�o mais do lado da oferta. "Havia uma expectativa de que a Ar�bia Saudita fizesse algo para evitar a queda dos pre�os, mas, pelo contr�rio, eles deram sinais opostos", afirmou.
A Ar�bia Saudita � o pa�s mais forte da Opep - organiza��o das na��es exportadoras de petr�leo, que influi nas cota��es controlando a oferta - e, desde 2014, vem demonstrando disposi��o de deixar os pre�os ca�rem para n�o perder mercado para novos produtores, como o petr�leo de folhelho (shale oil) dos Estados Unidos.
As recentes tens�es diplom�ticas entre os sauditas (de maioria sunita) e o Ir� (de maioria xiita), em vez de escalarem os pre�os do petr�leo, como fazem os conflitos no Oriente M�dio, est�o jogando as cota��es para baixo. A aproxima��o do Ir� com o Ocidente desagrada sauditas e abre oportunidade para redu��o de san��es e, portanto, mais oferta de petr�leo.
"O fim das san��es n�o poderia vir num momento pior para o mercado de petr�leo e, portanto, poder�, potencialmente, pressionar os pre�os ainda mais para baixo", disseram, em nota, analistas do banco alem�o Commerzbank.
Do lado da demanda, os olhos est�o todos voltados para a China, e isso pode explicar certo exagero na desvaloriza��o do petr�leo neste in�cio de ano, segundo Marcel Caparoz, economista da RC Consultores, que considera mais fact�vel o barril ficar entre US$ 30 e US$ 40.
O ano come�ou com fortes quedas nas bolsas chinesas, algo que se tornou recorrente, inclusive no preg�o de hoje. "O medo � a desacelera��o na China ser mais forte", disse Caparoz, lembrando que os efeitos se espalham nas cota��es de todas as mat�rias-primas demandadas pela China. "H� expectativa de demanda mais fraca, num momento de sobreoferta de petr�leo", completou o economista. (Colaborou Altamiro Silva Junior, com Dow Jones)