Rio, 17 - Anunciada na �ltima sexta-feira pelo diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, a poss�vel venda da subsidi�ria de log�stica, Transpetro, n�o foi discutida ou aprovada pelo Conselho de Administra��o da estatal. O tema tamb�m n�o passou pelo colegiado da pr�pria subsidi�ria. Representantes dos trabalhadores em ambos os colegiados divulgaram nota neste domingo (17), solicitando "imediatos esclarecimentos" sobre a negocia��o, classificada como uma "insubordina��o em rela��o �s inst�ncias decis�rias da companhia".
Em uma semana de derrocada das cota��es internacionais do petr�leo, fechando em m�dia a US$ 29, e das a��es da Petrobras no mercado financeiro, que recuaram 21% nas primeiras semanas do ano, o diretor Monteiro anunciou na sexta-feira (15) a an�lise inicial, feita por um banco, para a venda da subsidi�ria, respons�vel por uma frota de 54 embarca��es e pela gest�o de 49 terminais log�sticos, al�m da rede de oleodutos. A op��o por intensificar a venda de ativos de infraestrutura, com valor de mercado sem rela��o com a cota��o de �leo, foi um novo aceno aos investidores. Na ter�a-feira (12), a companhia j� havia anunciado cortes de US$ 32 bilh�es em investimentos, redu��o da meta de produ��o e revis�o das premissas financeiras para os pr�ximos tr�s anos.
Em nota publicada em sua p�gina, o conselheiro Deyvid Bacelar criticou a negocia��o da subsidi�ria e o an�ncio feito antes de delibera��o nos conselhos e comit�s internos de an�lise de projetos. Bacelar ressaltou que a "pressa em divulgar medidas n�o discutidas no Conselho" demonstra "inabilidade da diretoria na an�lise da conjuntura pol�tica e econ�mica do Pa�s".
"As vendas de quaisquer ativos da Petrobras s�o discutidas internamente, contudo, essas decis�es passam pelo Comit� Estrat�gico (Coest) e, depois, pelo conselho de Administra��o (...) Reafirmo que a situa��o de venda de novos ativos n�o foi discutida nas reuni�es do Conselho", diz o comunicado. "A 'publiciza��o' desses fatos apenas gera especula��es, afeta o ambiente de mercado, bem como o clima da companhia, comprovando uma clara insubordina��o da Diretoria em rela��o �s inst�ncias decis�rias da companhia", completa.
Em campanha pela reelei��o no colegiado da Petrobras, Deyvid Bacelar comparou o plano de venda de US$ 14,4 bilh�es em ativos como a BR Distribuidora, Braskem, F�brica de Fertilizantes (Fafens) e a Transpetro, como um "desmonte" e "privatiza��o" da empresa, indicando que as subsidi�rias atuam em segmentos de grande rentabilidade. O conselheiro lembrou que no Or�amento da Uni�o para 2016 os recursos destinados � Transpetro foram reduzidos em R$ 1 bilh�o frente ao �ltimo ano. Tamb�m na BR Distribuidora, o or�amento destinado foi reservado "para fins de manuten��o".
Bacelar criticou o diretor financeiro Ivan Monteiro de n�o cumprir o "papel de articular a��es da companhia �s estrat�gias do acionista majorit�rio", ao negar a possibilidade de capitaliza��o pelo governo federal. Na �ltima sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff sinalizou que o governo poder� socorrer a empresa se os pre�os internacionais de petr�leo continuarem em queda.
"As press�es cont�nuas de uma vasta gama de atores sociais que desejam a privatiza��o da Petrobras e, dessa forma, fazem uso da instabilidade pol�tica atual da empresa para tentar desmont�-la", argumenta o conselheiro no documento. "Se nem no governo FHC conseguiram fazer isso, n�o ser� no governo Dilma que ir�o desmontar a maior empresa de capital aberto produtora de petr�leo do mundo", diz a nota.
Raildo Viana, representante dos trabalhadores no colegiado da Transpetro, se disse surpreendido com a "alarmante" not�cia da venda da subsidi�ria "como todos os colegas trabalhadores da Transpetro". "Estou pedindo maiores e imediatos esclarecimentos tanto � diretoria financeira da Transpetro como tamb�m ao pr�prio Conselho de Administra��o da companhia. Registro meu rep�dio total a esta iniciativa", reiterou.
A Transpetro foi criada em 1998, na esteira das mudan�as no marco regulat�rio do setor, promovidas no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que acabaram com o monop�lio estatal no setor de petr�leo. � �poca, a separa��o do bra�o de log�stica da estatal foi criticado pelos sindicalistas como um passo para a privatiza��o da empresa. A subsidi�ria � respons�vel pela gest�o de 49 terminais log�sticos, a rede nacional de oleodutos e tamb�m opera embarca��es de transporte de �leo offshore, com uma frota de 54 navios.