Com o aprofundamento da crise econ�mica no Brasil, o desemprego tem se tornado cada vez mais o principal motivo para que o consumidor deixe de pagar as suas d�vidas. � o que aponta pesquisa feita no �ltimo trimestre de 2015 pela Boa Vista SCPC (Servi�o Central de Prote��o ao Cr�dito). Os resultados foram divulgados nesta ter�a-feira, 19, e mostram que, no fim do ano passado, 41% dos inadimplentes citaram a falta de emprego como justificativa para atrasar o pagamento de suas contas, o maior n�vel desde o primeiro trimestre de 2012.
O desemprego � historicamente a principal causa da inadimpl�ncia entre os brasileiros, mas h� quase quatro anos esta n�o superava o patamar de 40%. Al�m disso, � a sua segunda alta seguida, depois de ter registrado 35% no terceiro trimestre de 2015 e 31% no segundo. No �ltimo trimestre de 2014, era de 36%.
Se a falta de emprego cresce como justificativa, cai o descontrole financeiro, geralmente atribu�do a quem deixa de pagar simplesmente porque n�o tem cuidado com seus gastos. Este saiu de 29% no terceiro trimestre para 23% nos �ltimos tr�s meses do ano.
"Esse avan�o, ao longo de 2015, da falta de emprego como causa da inadimpl�ncia reflete bem o que foi o ano passado, uma vez que o desemprego vem crescendo de forma ininterrupta desde janeiro", afirmou o economista-chefe da Boa Vista SCPC, Fl�vio Calife. "E a tend�ncia � que isso continue em 2016, com a piora do mercado de trabalho e o consequentemente aumento da inadimpl�ncia", acrescentou. "Mas n�o como em 2015, ser� uma piora mais gradual", disse.
O levantamento aponta ainda que os mais jovens s�o mais afetados. Entre os entrevistados com idade at� 25 anos, 51% deles citaram o desemprego como motivo do atraso das d�vidas. Na faixa de 26 a 35 anos, o n�vel � de 54%. Da� em diante a taxa cai para 47% entre aqueles de 36 a 45 anos e para 30% na faixa de 46 a 55 anos.
"Os mais jovens s�o os que t�m mais dificuldade de encontrar emprego e tamb�m s�o os que tomam menos cr�dito para comprar bens dur�veis, ficam mais concentrados nas contas do dia a dia, por isso o desemprego acaba afetando-os mais fortemente", avalia Fl�vio Calife, economista da Boa Vista.
Na classifica��o por renda, os mais pobres s�o os que mais citam o desemprego. Entre os que t�m renda familiar de at� tr�s sal�rios m�nimos, a falta de trabalho � mencionada por 46%, quase o mesmo patamar observado na faixa de tr�s a 10 sal�rios m�nimos: 47%. Acima de 10 sal�rios m�nimos, o n�vel � de 36%.
A forma de pagamento mais utilizada na compra que gerou a inadimpl�ncia foi o carn�/boleto, com 34% das cita��es, seguida por cart�o de cr�dito (28%), cheque (14%), empr�stimo pessoal (12%), cart�o da loja (7%) e cheque especial (5%). Quanto ao valor das d�vidas, 31% dos consumidores disseram que a soma das d�vidas em atraso � de at� R$ 500, enquanto 51% t�m entre R$ 500,01 e R$ 5.000 e 18% devem acima de R$ 5.000.
O levantamento da Boa Vista SCPC mostrou tamb�m queda na inten��o dos consumidores em realizar novas compras, ap�s quitarem as d�vidas: apenas 21% pretendem fazer novas compras depois de saldar seus compromissos - redu��o de 11 pontos porcentuais em compara��o com �ltimo trimestre do ano anterior.
Segundo a pesquisa, 78% dos consumidores n�o pretendem realizar novas compras. A pesquisa � feita trimestralmente e a �ltima ouviu 1.017 consumidores, entre os dias 23 de novembro e 2 de dezembro.