O mercado financeiro se sentiu tra�do pelo Banco Central, depois da divulga��o, nesta v�spera da decis�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) sobre a Selic, da nota com coment�rios do presidente Alexandre Tombini a respeito das revis�es feitas pelo Fundo Monet�rio Internacional (FMI) para o PIB brasileiro.
Para os economistas, a autoridade monet�ria vinha at� ent�o, por meio de seus documentos e discursos, direcionando as expectativas do mercado para uma eleva��o da taxa b�sica em 0,5 ponto porcentual, ao ressaltar seu compromisso com a trajet�ria de converg�ncia da infla��o para a meta central de 4,5% at� 2017 e o objetivo de evitar que a infla��o fechasse 2016 acima do teto de 6,5%, como ocorreu em 2015.
Mas a nota de hoje deixou a impress�o de que o BC, pressionado por demais membros do governo para dar uma alta menor nos juros, ou nem aumentar, aproveitou o relat�rio do FMI, que n�o fez nada al�m de mostrar o que os n�meros da atividade - e o pr�prio mercado - v�m atestando h� meses, para corrigir a rota das expectativas. O saldo � um impacto fort�ssimo na j� abalada credibilidade do BC.
Segundo apurou o Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, o governo trabalha com um alta de 0,25 ponto porcentual na taxa. A presidente Dilma Rousseff conversou na segunda-feira, 18, com Tombini, em reuni�o que n�o constou da agenda oficial.
Segundo a nota emitida nesta manh�, Tombini avalia que as mudan�as nas proje��es do FMI para o PIB do Brasil foram "significativas". Ele tamb�m afirmou na nota que "todas as informa��es econ�micas relevantes e dispon�veis at� a reuni�o do Copom s�o consideradas nas decis�es do colegiado". De acordo com relat�rio publicado pelo FMI, a proje��o de queda do PIB brasileiro em 2016 passou de 1% para 3,5%. Para 2017, saiu de uma alta de 2,3% para zero.
Nesse contexto, o fato de o BC publicar nota desse tipo na v�spera da decis�o gerou revolta e indigna��o no mercado. "Inacredit�vel o BC fazer isso de v�spera. Absolutamente injustific�vel usar os dados do FMI para isso quando o mercado inteiro j� est� com o cen�rio consolidado muito ruim para este ano e o ano que vem", disse S�rgio Vale, economista-chefe da MB Associados. "Aparentemente descobrir que a recess�o continua este ano pelo FMI realmente s� joga mais uma p� de cal na credibilidade do BC", completou Vale.
Dois ex-integrantes do Copom se disseram "perplexos" com a divulga��o da nota, para quem uma postura dessas n�o tem par na hist�ria do BC. "� contradit�rio com toda a linha apresentada desde o final do ano passado. Ou o BC n�o passou os recados certos ou teve de mudar de posi��o de �ltima hora, o que � muito pior", avaliou um deles. "Todos os sinais do BC eram mais hawkishes (inclinado ao aperto), apesar da recess�o. N�o entendemos o motivo de Tombini passar um recado t�o dovish (suave) no meio do caminho", disse outro ex-membro.
Um economista do mercado financeiro admitiu que ficou "bem decepcionado" com a atitude do Banco Central, por ser diferente dos comunicados anteriores. "Recentemente a Dilma falou que o BC era aut�nomo, mas n�o independente. Na constitui��o � isso mesmo, mas d� um sinal ruim para o mercado", disse. Segundo o economista, outro ponto "esquisito" que o mercado levou em conta foi a reuni�o ontem entre Tombini e a presidente Dilma, que n�o estava agendada. "Por isso acho que o mercado agiu t�o r�pido", afirmou.
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Nota de Tombini contradiz comunica��o anterior do BC e mercado se v� 'tra�do'
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