Barbosa afirma que 'Brasil n�o pode desperdi�ar uma boa crise'

Davos, 22 - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta sexta-feira, 22, em Davos que "o Brasil n�o pode desperdi�ar uma boa crise", uma refer�ncia ao fato de que a forte queda do PIB pode levar o Congresso a ficar mais sens�vel � necessidade de aprovar as reformas fiscais propostas pelo governo, especialmente a CPMF e a Desvincula��o de Receitas da Uni�o (DRU).

A declara��o foi feita durante almo�o no F�rum Econ�mico Mundial, em Davos, do qual participaram Mauricio C�rdenas, ministro das Finan�as da Col�mbia; Federico Sturzenegger, presidente do Banco Central da Argentina; Rodrigo Vald�s Pulido, ministro das Finan�as do Chile; e Alonso Segura Vasi, ministro das Finan�as do Peru. O debate foi mediado pelo economista Ricardo Hausmann, da Venezuela.

Barbosa disse ao p�blico de investidores e autoridades econ�micas da Am�rica Latina que dois anos consecutivos de queda do PIB s�o um fator que pode ajudar o governo a convencer o Congresso a aprovar reformas estruturais. Um pouco mais cedo, em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas, o ministro j� havia batido na mesma tecla, ao dizer que a severidade da recess�o deve fazer com que os pol�ticos do Congresso fiquem mais dispostos a colaborar com a pauta fiscal do governo.

Barbosa disse tamb�m que o Brasil "est� abrindo a economia para investimentos". Ele mencionou um encontro sobre infraestrutura do qual participou esta manh� em Davos, no qual uma das principais constata��es foi de que h� supercapacidade em quase todos os setores da economia global, mas com a exce��o da infraestrutura, em que a oferta est� aqu�m da demanda.

Segundo Barbosa, a forte volatilidade cambial � um risco a mais para os investidores em infraestrutura no Brasil, e por isso mesmo � preciso uma pol�tica fiscal s�lida que ajude a estabilizar a taxa de c�mbio. Perguntado sobre corrup��o, Barbosa disse que confia nas institui��es democr�ticas brasileiras, que nas �ltimas d�cadas j� levaram o Pa�s a superar diversos desafios, como derrotar a hiperinfla��o e reduzir a pobreza e a desigualdade.

Durante o almo�o, os atuais problemas do Brasil foram contrastados com a forma bem mais suave com que Chile, Col�mbia e Peru est�o enfrentando o fim da alta de commodities. Nos tr�s pa�ses, o PIB desacelerou-se, mas o crescimento ainda � positivo; a infla��o subiu, mas bem menos do que no Brasil; e h� regras fiscais c�clicas que permitem suavizar as metas fiscais em momentos desacelera��o sem comprometer a credibilidade, al�m de preservar o espa�o para investimentos em infraestrutura.