Warning: mkdir(): No space left on device in /www/wwwroot/lugardafinancas.com/zhizhutongji.php on line 51
Infla��o alta for�a fam�lias a mudarem h�bitos para n�o estourar o or�amento - Economia - Estado de Minas-lugardafinancas.com (none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Infla��o alta for�a fam�lias a mudarem h�bitos para n�o estourar o or�amento

Com os reajustes de pre�os superando dois d�gitos, corte de despesa exige sacrif�cios


postado em 24/01/2016 07:00 / atualizado em 24/01/2016 08:15

Marcelo e Ludmila com as filhas: cortes radicais nos gastos e mais união(foto: Antônio Cunha/CB/D.A Press)
Marcelo e Ludmila com as filhas: cortes radicais nos gastos e mais uni�o (foto: Ant�nio Cunha/CB/D.A Press)

Bras�lia – O Brasil que voltou aos anos 1990, com infla��o de dois d�gitos e desemprego em alta, est� vendo a fartura virar escassez. Na luta di�ria contra a carestia, quem mais sofre s�o os pobres, � merc� de alimentos caros e indispens�veis. Mas o custo de vida est� pesado para todas as classes sociais e � preciso muito jogo de cintura para driblar os efeitos perversos do aumento desenfreado de pre�os.

O economista da Funda��o Getulio Vargas (FGV) Andr� Braz explica que um conjunto de fatores contribuiu para a eleva��o da carestia. “Os pre�os administrados, como energia el�trica e combust�veis, ficaram represados muito tempo. Em 2015, houve reajuste de mais de 50% no caso das tarifas da conta de luz. Ela encarece v�rios servi�os e produtos em efeito cascata. Tudo que � refrigerado por exemplo”, alerta. O pa�s tamb�m passou por uma crise h�drica. “A falta de �gua obrigou o uso de fontes de energia mais caras, e tamb�m provocou o aumento de pre�os nos alimentos in natura”, destaca Braz.

O pai de fam�lia e corretor de im�veis Marcelo Ramos, de 44 anos, conta como a infla��o mudou a rotina da fam�lia. “Viaj�vamos com frequ�ncia, visit�vamos os familiares da minha esposa toda semana. Mas com a alta da gasolina, conseguir manter o padr�o seria um luxo”, afirma. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) apontam que abastecer o carro no ano passado encareceu 20,10%.

A fam�lia de Marcelo precisou se adaptar. “Vendemos o segundo carro em julho e come�amos a utilizar mais o transporte p�blico. O carro que restou procuramos utiliz�-lo o menos poss�vel, s� nos fins de semana”, explica. Ele conta que hoje a fam�lia gasta mais de R$ 600 por m�s com gasolina. Antes dos reajustes, o valor n�o passava de R$ 400. “At� dois anos atr�s, nem faz�amos contas, t�nhamos dois carros, gast�vamos sem ver, pois nunca faltou. Agora complicou”, observa.

Mesmo com transporte p�blico, Ana Lu�sa Ramos, de 19, operadora de telemarketing e filha de Marcelo, sente dificuldades. Pelas contas, ela gasta quase R$ 400 por m�s com as idas e vindas do trabalho. “Poderia comprar coisas interessantes com esse valor, mas � algo que preciso pagar e n�o d� para abrir m�o”, completa.

Os dias de folga da fam�lia passaram a ser diferentes. Ana conta que, apesar das dificuldades enfrentadas durante os �ltimos meses, a fam�lia est� mais soci�vel e optando por programas mais saud�veis. O pai concorda e acrescenta que as dificuldades fizeram a fam�lia abrir m�o de coisas como wi-fi, tev� a cabo e telefone fixo. “Com certeza, n�o somos mais os mesmos de alguns anos atr�s. N�o temos mais tanto conforto financeiro e mordomia. Mas em compensa��o estamos mais econ�micos e organizados”, avalia Marcelo.

A esposa de Marcelo, Ludmila Ramos, de 38, promotora de vendas, conta que, em 2013, a fam�lia previa que a situa��o financeira do pa�s ficaria cr�tica e, por isso, come�ou a organizar melhor as contas. “Abrimos m�o do cart�o de cr�dito. Decidimos adquirir o h�bito das compras � vista”, explica. A fam�lia precisou dispensar os servi�os de empregada dom�stica. Plano de sa�de tamb�m foi algo que pesou no bolso dos Ramos. “� muito caro, mas � necess�rio, ent�o abrimos m�o de outros itens, para manter o essencial”, diz Ludmila.

Edmilson e Maria Lima: a carestia estrangula o curto orçamento da casa(foto: Antônio Cunha/CB/D.A Press)
Edmilson e Maria Lima: a carestia estrangula o curto or�amento da casa (foto: Ant�nio Cunha/CB/D.A Press)

Se a classe m�dia precisa mudar de h�bitos para se adaptar, para os mais desfavorecidos a situa��o � ainda mais complicada. A costureira Maria Lima, de 62, � casada com o aposentado Edmilson Ferreira, de 73. Vivem na mesma casa h� mais de 40 anos, na companhia de quatro filhas, tr�s netos e a m�e de Maria. “Gosto de ter a casa cheia e at� tr�s anos atr�s isso n�o era problema. Mas hoje � dif�cil at� dar uma boa alimenta��o para todos”, afirma. Ela trabalha com costura por necessidade. “J� estou com problemas no bra�o e n�o vou ao m�dico, pois n�o posso imobiliz�-lo. Se eu n�o trabalhar fica pior para todos”, destaca.

O marido � aposentado e recebe sal�rio m�nimo. Ele estima que a renda de toda a fam�lia alcance R$ 1,7 mil. “Para 10 pessoas � quase nada”, calcula. Al�m do mais, Maria cuida da m�e idosa, que est� doente. “Gasto cerca de R$ 800 por m�s s� com medica��o. At� o come�o do ano passado, o gasto era de R$ 400 no m�ximo”, explica a esposa de Edmilson.

Maria conta que junta �gua da chuva para lavar roupas. “N�o imaginava que chegar�amos a tanto”, lamenta o marido, Edmilson. Lazer n�o existe mais. “N�o se passeia e n�o se diverte com dois sal�rios m�nimos e uma fam�lia t�o grande”, diz ela. Sem condi��es de pagar por plano de sa�de, Maria sentencia: “Se adoecer, morre, pois n�o se pode contar com os hospitais p�blicos no Brasil”.

Governo agrava o problema

Bras�lia – Alheio aos dramas dos brasileiros, o governo contribuiu para aumentar a infla��o. Para Adriano Gomes, s�cio-diretor da M�thode Consultoria e professor de Administra��o da ESPM, a infla��o chegou aonde est� por conta do descontrole das contas p�blicas. “O governo acumula enorme d�ficit prim�rio e precisa financiar mais sua d�vida. Como tem quantidade limitada de moeda, ele coloca mais t�tulos p�blicos no mercado a taxas de juros cada vez mais altas. Quem est� tomando dinheiro l� na ponta, cada vez mais caro, para produzir, acaba embutindo isso no pre�o do produto que vende”, explica.

Na opini�o de Paulo Eduardo Nogueira Gomes, da Azimut Brasil Wealth Management, o congelamento das tarifas de energia e combust�veis, para segurar artificialmente a infla��o, e a posterior corre��o da defasagem foram os principais impulsos para a eleva��o da carestia. “Este ano, a tend�ncia � os reajustes n�o serem t�o altos. Mas a infla��o est� resistente”.

Andr� Braz, economista da Funda��o Getulio Vargas (FGV), destaca que a crise pol�tica aumentou a desconfian�a de que o Brasil pode ter reduzida a capacidade de cumprir seus compromissos. “Isso gera evas�o de divisas e desvaloriza��o cambial. O d�lar alto tamb�m pressiona a infla��o, por conta de produtos, componentes e mat�ria-prima importados”, assinala.

Para o especialista, o principal instrumento para reduzir o custo de vida � a taxa de juros. “Mas a Selic n�o consegue conter essa infla��o, porque ela n�o � mais de demanda. Com o desemprego em alta, n�o � o consumo desenfreado que est� inflando pre�os. � a desconfian�a, o d�lar e os pre�os administrados. O Banco Central precisaria refor�ar o compromisso de combate � infla��o para ancorar as expectativas. No entanto, fez o contr�rio”, alerta. (MA e SK)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)