Rio, 28 - As duas �ltimas semanas de dezembro, entre os festejos de Natal e Ano-Novo, s�o marcadas por uma intensa queda na procura por emprego, e 2015 n�o foi diferente, notou a t�cnica Adriana Beringuy, da Coordena��o de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Isso pode ter ajudado na queda da taxa de desemprego, de 7,5% em novembro para 6,9% em dezembro, apontou.
"Quem tenta o trabalho tempor�rio se insere at� o in�cio de dezembro. Nas duas �ltimas semanas, h� uma queda acentuada na procura, que gera redu��o na popula��o desocupada", observou Adriana. "Ent�o, o crescimento da inatividade pode ter contribu�do para que essa taxa (de desemprego em dezembro) n�o fosse mais alta."
Segundo o IBGE, o n�mero de inativos (que n�o trabalham nem buscam emprego) cresceu 1,0% na passagem do m�s, com 203 mil pessoas a mais nesta condi��o. J� o contingente de desocupados diminuiu 7,6% no per�odo, com 142 mil pessoas a menos na fila por uma vaga.
A popula��o ocupada, por sua vez, avan�ou apenas 0,3% em dezembro ante novembro, uma estabilidade segundo o �rg�o. A pesquisa aponta que 58 mil vagas foram abertas no per�odo.
"J� a compara��o dezembro de 2014 mant�m os mesmos movimentos vistos ao longo de 2015: queda acentuada na ocupa��o e, por outro lado, a desocupa��o crescendo num porcentual bastante elevado", afirmou Adriana.
Com�rcio
A contrata��o de tempor�rios para trabalhar no Com�rcio na �poca do Natal foi mais t�mida em 2015, sem render grandes frutos ao setor ou �queles que contavam com um bico para melhorar sua situa��o. A atividade abriu 96 mil vagas entre novembro em dezembro, alta de 2,2% na popula��o ocupada ante novembro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego.
"Nem mesmo o com�rcio, que tem essa pr�tica de fim de ano de contratar tempor�rios, apresentou expans�o importante na popula��o ocupada no fim de 2015", afirmou Adriana. "A varia��o foi muito discreta em rela��o ao que era visto em anos anteriores", destacou.
Prova de que o Natal foi menos favor�vel ao com�rcio em 2015, o setor cortou 112 mil vagas em dezembro na compara��o com igual m�s de 2014, um recuo de 2,5% nesta base comparativa.
Cen�rio de cortes
A queda no contingente de pessoas empregadas em 2015 foi provocada por um processo de dispensas que se estendeu a todas as atividades, � exce��o dos servi�os dom�sticos, destacou Adriana. Ao todo, a popula��o ocupada encolheu 1,6% ante 2014, com extin��o de 369 mil vagas.
S� a ind�stria foi respons�vel por 201 mil demiss�es no ano passado, com redu��o de 5,5% no n�mero de trabalhadores em rela��o a 2014, apontou o IBGE. Com isso, a atividade inclusive perdeu participa��o na popula��o ocupada das seis regi�es metropolitanas do Pa�s, que passou de 15,5% em 2014 para 14,9% no ano passado.
"Houve processo de dispensas em setores importantes, como ind�stria, constru��o e alguns servi�os", disse Adriana. Na constru��o, foram 64 mil dispensados, enquanto nos outros servi�os houve demiss�o de 43 mil.
Na contram�o, os servi�os dom�sticos cresceram 1,5% em 2015 ante 2014, com 22 mil vagas a mais. "O que pode estar associado ao aumento do trabalho dom�stico � esse processo de dispensas no com�rcio e nos servi�os. As pessoas que antes estavam nesses setores, ao perderem o emprego, podem estar retornando ou recorrendo ao emprego dom�stico", explicou Adriana. Com a alta de 2015, o emprego dom�stico interrompeu o processo de queda iniciado em 2010.
Renda real
A primeira retra��o no rendimento m�dio real dos brasileiros ap�s uma d�cada de avan�os foi provocada pelo baixo poder de barganha dos trabalhadores em pleitear reajustes maiores e pelo avan�o da infla��o, explicou Adriana Beringuy. Em 2015, a renda m�dia encolheu 3,7% ante o ano anterior.
"Em alguns meses de 2015 houve, inclusive, queda no rendimento nominal. Al�m disso, houve um indicador bastante elevado para a infla��o, o que contribuiu para a queda", destacou a pesquisadora. No ano passado, os sal�rios nominais (ou seja, o valor bruto, sem descontar a infla��o), cresceu 5,5% ante 2014, bem abaixo do aumento m�dio de pre�os, que atingiu 10,67% em 2015.
"Al�m disso, as pessoas que perderam o emprego foram principalmente da ind�stria, atividade que tem sal�rios maiores. Isso impacta tanto o rendimento quanto o v�nculo (carteira assinada, que tamb�m caiu)", acrescentou Adriana.