A decis�o da Caixa Econ�mica Federal de aumentar a fatia financi�vel para aquisi��o de im�veis usados, cerca de um ano ap�s reduzir essa porcentagem, indica a falta de convic��o do banco em sua pol�tica para cr�dito imobili�rio, afirmou o pesquisador da Fipe, Eduardo Zylberstajn. O especialista ressaltou que essa volatilidade � negativa para o mercado, uma vez que afeta o planejamento do consumidor para um processo de prazo t�o longo quanto o financiamento imobili�rio.
"A volatilidade nas regras do jogo prejudica o mercado, pois o consumidor n�o sabe como ser�o as normas quando comprar um im�vel", afirmou o especialista. "Isso faz com que o planejamento, de um processo de prazo t�o longo, seja bastante afetado", acrescentou.
Mais cedo, a Caixa anunciou a eleva��o da cota de financiamento do im�vel usado pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH) de 50% para 70% no caso de clientes do setor privado que queiram adquirir im�veis de at� R$ 750 mil. Para setor p�blico, cota foi elevada de 60% para 80%.
Os im�veis usados financiados pelo Sistema Financeiro Imobili�rio, acima de R$ 750 mil, em Minas Gerais, S�o Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, e de R$ 650 mil nos demais Estados, passar�o a ser financiados em 60%, dos atuais 40%, para o setor privado. Para o setor p�blico, cota passou de 50% para 70%
A decis�o foi anunciada menos de um ano ap�s a fatia ser reduzida pela Caixa. Em maio de 2015, a Caixa havia informado a redu��o da cota de 80% para 50% no caso do SFH e de 70% para 40% no caso do SFI. Na �poca, o banco disse que o objetivo era focar a oferta de cr�dito habitacional em moradias novas.
J� nesta ter�a-feira pela manh� o discurso trouxe foco mais amplo, envolvendo uma recupera��o econ�mica. "Essas medidas t�m duplo impacto, uma vez que viabilizam o acesso � moradia para a popula��o e aquecem o segmento da constru��o civil, gerando mais emprego e renda", ressaltou a presidente do banco, Miriam Belchior Miriam Belchior, em evento ocorrido em S�o Paulo.
O pesquisador ressaltou que o mercado imobili�rio precisa ser analisado como um todo, em vez de segmentar entre novos e usados. "N�o s�o mercados separados. Tem quem compre um novo com o dinheiro da venda do usado. � uma rela��o pr�xima e mudan�as nas regras, e nas prioridades, podem criar desequil�brios", afirmou.
De acordo com o an�ncio, a Caixa tamb�m vai passar a financiar a compra de um segundo im�vel, nas mesmas condi��es utilizadas para financiar o primeiro. Dessa forma, o cliente poder� ter dois im�veis financiados ou mais tempo para vender o primeiro, destacou a presidente do banco.
Apesar da inten��o da Caixa em estimular o mercado, o problema do setor n�o est� apenas na disponibilidade de cr�dito, mas tamb�m na demanda por unidades residenciais, afirmou o especialista. "As pessoas est�o com dificuldades no mercado de trabalho e falta confian�a para aquisi��o de um im�vel", afirmou. "O impacto da medida da Caixa n�o vai ser completo, pois � preciso resolver a demanda tamb�m, embora o banco n�o tenha grande influ�ncia sobre isso", afirmou.
Essas mudan�as na pol�tica da Caixa, de acordo com o especialista, indicam a necessidade de discutir o modelo de financiamento imobili�rio no Brasil. "As altera��es mostram que n�o � clara a maneira pela qual busca-se melhorar o cr�dito imobili�rio", afirmou. "� preciso pensar no longo prazo e sair do imediatismo", acrescentou.
