Rio, 10 - As altas de pre�os, o cr�dito mais caro e restrito e a deteriora��o no mercado de trabalho est�o entre os principais ingredientes por tr�s da retra��o nas vendas do com�rcio varejista do Pa�s. A perda de poder aquisitivo da popula��o tem sido determinante para explicar a redu��o no volume vendido, apontou a gerente da Coordena��o de Servi�os e Com�rcio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), Isabella Nunes.
Em janeiro, as fam�lias cortaram significativamente as compras em supermercados (-5,8% ante janeiro de 2015), m�veis e eletrodom�sticos (-24,3%) e combust�veis (-14,1%), entre outros.
"A queda de supermercados est� muito associada � renda. A evolu��o dos pre�os dos alimentos est� acima do �ndice geral de pre�os. A press�o inflacion�ria nesse segmento faz com que os consumidores se ajustem a marcas mais baratas. Consequentemente, o volume de receitas do segmento cai", explicou Isabella.
Em rela��o a dezembro, os supermercados ca�ram 0,9%. J� s�o tr�s meses consecutivos de taxas negativas no setor, per�odo em que acumulou perda de 3,7%.
O IBGE lembra que os pre�os dos combust�veis acumularam aumento de 23,7% nos 12 meses encerrados em janeiro, enquanto a alimenta��o no domic�lio ficou 14,2% mais cara no per�odo, de acordo com os dados do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja taxa foi de 10,7%.
"Em termos de pre�os, a gente pode creditar uma press�o maior nos supermercados e nos combust�veis. Essas atividades v�m com evolu��o de pre�os acima da m�dia da infla��o. Ent�o a press�o dos pre�os inibe as vendas, � um fator que reduz o poder de compra", justificou a pesquisadora.
No caso de m�veis e eletrodom�sticos, o cr�dito mais caro e restrito afeta o desempenho da atividade. A taxa de juros ao cr�dito para pessoas f�sicas subiu de 32,4% ao ano em janeiro de 2015 para 39,2% ao ano em janeiro de 2016, de acordo com os dados do Banco Central.
Al�m disso, a massa real de sal�rios em circula��o no Pa�s diminuiu 10,4% entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano. No mesmo per�odo, o n�mero de trabalhadores com carteira assinada recuou 2,8%. "Os consumidores est�o mais endividados e com uma renda menor. Esse quadro macroecon�mico teve impacto (sobre o varejo)", concluiu Isabella.
Queda espalhada
De acordo com o IBGE, todas as atividades do com�rcio varejista registraram queda nas vendas em janeiro, na compara��o com o mesmo m�s do ano anterior. O volume vendido recuou 10,3%, a d�cima taxa negativa consecutiva e a mais acentuada desde mar�o de 2003 (-11,4%).
O m�s de janeiro de 2016 teve apenas 20 dias �teis, um dia �til a menos do que janeiro de 2015. No entanto, a generaliza��o dos resultados negativos mostra que o efeito calend�rio n�o pesou de forma t�o significativa.
"O resultado est� suportado por um desempenho negativo de v�rias atividades", afirmou Isabella Nunes. "O m�s de janeiro tradicionalmente n�o � bom para as vendas, porque concentra a maior parte das f�rias, concentra pagamento de tributos. Mas este m�s de janeiro acabou sendo o mais negativo da s�rie hist�rica", complementou a pesquisadora.
O setor de M�veis e eletrodom�sticos, com queda de 24,3% em janeiro ante janeiro de 2015, deu a principal contribui��o negativa para a taxa global. A atividade registrou no m�s o pior desempenho da s�rie hist�rica da pesquisa, iniciada em 2001.
"M�veis e eletrodom�sticos t�m uma din�mica mais ligada a cr�dito, que est� mais caro e mais restrito", lembrou Isabella.
O segundo maior impacto sobre o recuo global do varejo veio da queda de 5,8% nas vendas dos Hipermercados, supermercados, produtos aliment�cios, bebidas e fumo, seguido por Combust�veis e lubrificantes, com redu��o de 14,1%, tamb�m a mais acentuada da s�rie hist�rica para a atividade.
Os demais resultados negativos foram de Outros artigos de uso pessoal e dom�stico (-12,5%); Tecidos, vestu�rio e cal�ados (-13,8%); Equipamentos e material para escrit�rio, inform�tica e comunica��o (-24,0%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-13,3%); e Artigos farmac�uticos, m�dicos, ortop�dicos, de perfumaria e cosm�ticos (-0,2%).
No com�rcio varejista ampliado, o recuo de 13,3% foi o mais acentuado da s�rie hist�rica da pesquisa, em fun��o das perdas de Ve�culos, motos, partes e pe�as (-18,9%) e de Material de constru��o (-18,5%, tamb�m a maior queda da s�rie).
Perda acumulada
Os �ltimos dois meses de retra��o nas vendas fez o com�rcio varejista acumular uma perda de 4,1% apenas em dezembro e janeiro, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Com�rcio. Em janeiro, o varejo recuou 1,5% em rela��o ao m�s anterior, ap�s j� ter apresentado queda de 2,7% em dezembro.
A taxa acumulada em 12 meses ainda atingiu a perda mais acentuada da s�rie hist�rica da pesquisa, iniciada em 2001, ao recuar 5,2%."As vendas no varejo est�o 10,8% abaixo do pico registrado em novembro de 2014", lembrou Isabella Nunes.
No varejo ampliado, que inclui as atividades de ve�culos e material de constru��o, as vendas est�o 17,7% abaixo do pico registrado em agosto de 2012.