S�o Paulo, 18 - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou nesta sexta-feira, 18, em evento promovido pela revista Carta Capital, que os problemas econ�micos brasileiros n�o v�o "desaparecer como um passe de m�gica, com uma solu��o pol�tica extremada", em uma aparente men��o � possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o Brasil vive um cen�rio conturbado, mas a melhora na situa��o econ�mica ajudar� a situa��o pol�tica, e vice-versa.
"Hoje, as incertezas pol�ticas atrasam a recupera��o da economia. Temos desafios, independentemente de prefer�ncias, ideologias e escolhas. Temos de ser capazes de ter um di�logo civilizado. Um debate p�blico onde todo mundo grita e ningu�m ouve, n�o leva a lugar nenhum. Propostas extremas, para um lado e outro, n�o s�o sustent�veis e n�o v�o resolver os problemas", comentou.
Barbosa lembrou que as solu��es para os problemas estruturais brasileiros ser�o necess�rias "em qualquer cen�rio". Ele lembrou que agora o governo conta com colabora��o do ex-presidente Lula, "que � um negociador ex�mio em v�rios aspectos", para construir solu��es pol�ticas e econ�micas.
O ministro afirmou que a democracia brasileira resolveu o problema da infla��o elevada, resolveu o problema do endividamento externo e promoveu inclus�o social. "Tenho confian�a de que a democracia brasileira vai ser capaz de promover um di�logo civilizado para resolver os problemas atuais e concretizar o potencial que temos de crescer mais, com redu��o da desigualdade".
Em um discurso mais alinhado com o PT, o ministro fez quest�o de ressaltar que "o objetivo final de qualquer pol�tica econ�mica � sempre melhorar as condi��es de vida da popula��o". "O resto � instrumento."
Urg�ncia e serenidade
Nelson Barbosa afirmou que � preciso conciliar medidas de curto prazo para estabilizar a economia com a��es de longo prazo para refor�ar o compromisso do governo com a estabilidade fiscal e o combate � infla��o. "Temos atuado com a urg�ncia que a situa��o pede, mas tamb�m com serenidade", afirmou.
"Precisamos de um programa de estabiliza��o da economia, mas com uma reforma fiscal para que essa estabiliza��o seja duradora. J� tivemos recentemente no governo a experi�ncia de ado��o de medidas de est�mulo. O Pa�s cresceu um ano e depois desacelerou. Precisamos de bases duradouras para um novo ciclo de crescimento".
Segundo ele, a redu��o as expectativas de crescimento afeta as proje��es de arrecada��o e obriga fam�lias, empresas e governo a ajustarem seus or�amentos. Isso acaba gerando uma press�o por liquidez e por isso o governo lan�ou em janeiro um pacote de a��es para estimular o cr�dito, que pode liberar at� R$ 83 bilh�es. "Isso ser� feito sem inje��o de dinheiro novo por parte da Uni�o, sem gasto para equalizar juros, sem custo adicional aos contribuintes."
Medidas de cr�dito
O ministro da Fazenda disse que a Pasta est� estudando com o Banco Central novas medidas relacionadas ao esfor�o do governo para aumentar a oferta de cr�dito. "Conversamos com o BC, vemos necessidade de novas medidas e, se necess�rias, vamos tom�-las", disse o ministro.
De acordo com ele, n�o h� ainda uma decis�o formada, mas sim v�rias ideias de assist�ncia � liquidez com a utiliza��o do compuls�rio. Barbosa ressaltou, no entanto, que isso deve ser feito com cuidado, porque simplesmente baixar o compuls�rio n�o assegura que os recursos chegar�o "na ponta".
"J� houve casos em que o BC baixou o compuls�rio de manh� e teve que recolher no fim do dia com opera��es compromissadas, que � uma coisa que aumenta a d�vida p�blica do governo", disse Barbosa, acrescentando que essa � uma quest�o mais de regula��o do que de liquidez e tem rela��o com a forma como s�o registrados e administrados esses cr�ditos.
Negocia��o de d�vida dos Estados
Nelson Barbosa afirmou que o governo deve anunciar na pr�xima segunda-feira, 21, os detalhes da proposta de alongamento de d�vidas de Estados com a Uni�o, em reuni�o conjunta com os 27 governadores.
Segundo ele, diversos Estados vivem problemas de caixa e muitas vezes acabam recorrendo a solu��es locais e isoladas que podem "gerar problemas sist�micos, por isso a Uni�o resolveu entrar no jogo".
O ministro deixou claro que o al�vio de caixa que a Uni�o est� dando exigir� como compensa��o a ado��o de medidas fiscais pelos Estados, sobretudo relacionadas com a folha de pagamento e a previd�ncia dos servidores. "Isso � preciso para que (o al�vio) resulte em uma situa��o mais s�lida no futuro."