
As raz�es de afastamento foram lideradas, em 2015, por motivos n�o especificados pelos m�dicos nos atestados, seguidos de dor lombar, diarr�ia e gastrointerite, e, na quarta posi��o, dor articular. Os trabalhadores infectados pelo mosquito da dengue ficaram ausentes entre cinco e sete dias, tamb�m em m�dia, no ano passado.
Houve situa��es extremas em que os afastamentos se estenderam por um m�s. Em 2014, a soma dos afastamentos foi de 65 dias — como se um funcion�rio ficasse parado a cada tr�s meses, considerando-se os dias �teis. O n�mero evoluiu para 253 no ano passado. � como se, a cada 50 funcion�rios com a doen�a, um n�o tivesse trabalhado durante todos os dias �teis do ano. “O impacto disso pode ter sido o equivalente a cinco empregados ficando o ano inteiro sem trabalhar”, analisa o diretor Comercial e de Marketing da consultoria, F�bio Diogo.
“A situa��o � alarmante”, afirma o presidente da Federa��o Nacional das Empresas Prestadoras de Servi�os de Limpeza e Conserva��o (Febrac), Edgar Segato Neto. Na empresa dele, apenas neste m�s os atestados por dengue chegaram a 50% do total. Em todo o setor de limpeza, essa propor��o chega a 30%. S� em fevereiro, em um condom�nio para o qual a empresa de Segato presta servi�os, dos seis trabalhadores designados apenas um n�o teve dengue.
O problema faz os custos das empresas aumentarem, conta o presidente da Febrac. “Isso causa um transtorno danado na presta��o do servi�o di�rio, at� que os novos funcion�rios designados para o servi�o aprendam a rotina; sem falar no lado financeiro, devido aos gastos com treinamento, supervis�o, vale-transporte e alimenta��o dos substitutos.”
Os n�meros registrados pelo governo federal n�o colocam a dengue entre as 20 doen�as que mais acometem trabalhadores, mas os casos de desenvolvimento da doen�a aumentam. De janeiro a novembro de 2015, foram providos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 1.185 aux�lios-doen�as para brasileiros acometidos pela doen�a. Foi quase o dobro do registrado no ano anterior, de 657 benef�cios, segundo dados do Minist�rio do Trabalho e Previd�ncia.
Diferentemente do governo, que faz o levantamento com base nas concess�es do aux�lio-doen�a, a Gesto usa dados de cobertura de assist�ncia m�dica por empresas de sa�de suplementar. � com investimentos em planos de sa�de que F�bio Diogo, da Gesto, acredita que os empres�rios podem amenizar os impactos provocados pela dengue. “Eles est�o entendendo que, se o funcion�rio n�o tiver acesso � medicina, a empresa tem uma perda econ�mica objetiva”, sustenta.
A consultoria aponta que, no ano passado, a dengue provocou aumento do custo per capita de sa�de no pa�s. Em m�dia, o gasto com um trabalhador infectado pelo v�rus foi 200% maior do que a m�dia. “Isso ocorre por uma s�rie de motivos, entre eles o aumento na demanda por exames de diagn�stico da dengue e o fato de o tratamento da doen�a ser feito pelos prontos-socorros e atendimentos emergenciais, onde a cobran�a pelo atendimento � maior do que em consultas eletivas”, salienta F�bio.
PRODUTIVIDADE Outras medidas podem ser tomadas pelas empresas para reduzir os impactos provocados pela dengue, como uma maior aproxima��o do trabalhador da sa�de ocupacional e assistencial, e a prepara��o de ambulat�rios para receber parte da demanda dos empregados para aliviar a press�o sobre a rede de sa�de suplementar. A a��o das empresas, contudo, n�o pode suprimir o papel do Estado, avalia Carlos Alberto Ramos, professor de economia da Universidade de Bras�lia (UnB).
“O trabalhador pode pegar dengue em casa e afetar a produ��o. O empres�rio n�o pode fazer saneamento b�sico nas cercanias da casa do empregado, nem o pr�prio funcion�rio. � a mesma coisa com seguran�a, e educa��o e sa�de. N�o se pode simplesmente substituir uma atividade tipicamente estatal por uma privada”, analisa. Na opini�o de Ramos, � importante combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite, al�m da dengue, a febre chicungunha e o zika v�rus.
SURTO
Em 2015, o pa�s registrou recorde de 1.649.008 casos prov�veis de dengue, n�mero 178% maior que o do ano anterior, de acordo com o Minist�rio da Sa�de. A doen�a n�o mostra sinais de tr�gua. At� o in�cio deste m�s, o Brasil registrou 495.266 casos, aumento de quase 50% em rela��o ao ano anterior.