
Conhecida pelo polo industrial, Nova Serrana atravessou o ano passado num cen�rio de des�nimo e dificuldades. Com a recess�o de 2015, as empresas sentiram a queda no consumo e reduziram a produ��o, o que levou � demiss�o de mais de 2,2 mil trabalhadores do setor, principal empregador da cidade. Cerca de 30 f�bricas foram fechadas de um total de 830 unidades no munic�pio. “As empresas ficaram apavoradas, mas estamos acostumados com as crises e sabemos que chorar atr�s da porta n�o adianta. � preciso agir”, enfatiza o presidente do Sindicato Intermunicipal das Ind�strias de Cal�ados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva.
O setor mant�m cerca de 20 mil empregos diretos na cidade, com produ��o de 110 milh�es de pares por ano. � o terceiro maior polo do segmento no pa�s, atr�s do Rio Grande do Sul e de Franca, em S�o Paulo. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregos e Empregados (Caged), do Minist�rio do Trabalho, em fevereiro deste ano foram admitidas na cidade 2.391 pessoas, ante 657 demitidas, o que gerou saldo positivo de 1.734 contrata��es.
A expectativa do Sindinova � de que os empregos com carteira tenham crescido tamb�m em mar�o. “Fechamos 2015 em situa��o muito inst�vel, e receosos. Foram muitas as demiss�es, as f�bricas enxugaram seus custos e a produ��o”, comenta o empres�rio Rodrigo Amaral Martins, um dos s�cios da f�brica Marina Mello Cal�ados, h� 33 anos no mercado. Ele diz que, no ano passado, o faturamento da empresa chegou a cair 30%, por�m, este ano come�ou aquecido para Nova Serrana.
REA��O Apesar de reconhecer as dificuldades de 2016, a receita dos empres�rios de Nova Serrana para reagir � turbul�ncia da crise foi n�o cruzar os bra�os. “Primeiro, reduzi custos com determinados servi�os, negociei com os fornecedores de mat�ria-prima. Busquei alternativas no mercado e reavaliei meu quadro de funcion�rios, demiti aqueles de alto custo e fiquei com a m�o de obra mais em conta”, revela Rodrigo Amaral Martins, dizendo ainda que reduziu a margem de lucro. E, se antes ele fabricava 1,4 mil pares por dia, hoje s�o 700 unidades. “Ainda n�o d� para respirar aliviado, mas a empresa est� indo bem. N�o pod�amos esperar algo acontecer para reagir, ent�o, pesquisei o mercado e busquei alternativas. Eu reagi”, conta. E avisa: “Estamos contratando”.
A realidade de emprego em crescimento para a cidade � confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Ind�strias de Cal�ados em Nova Serrana. De acordo com o diretor financeiro da entidade, Serafim de Souza, o momento � positivo e n�o tem havido tanto desemprego, como houve em 2015. “H� muitas vagas. Trata-se de um setor para o qual a crise n�o tem impacto t�o forte. Afinal, todo mundo quer andar cal�ado”, diz. Para o empres�rio Rodrigo Amaral, Nova Serrana tem �timos produtos, marcas fortes de n�vel nacional e � uma cidade sem pregui�a para o trabalho.
Segundo o presidente da Sindinova, Pedro Gomes da Silva, que tamb�m tem f�brica na cidade, um dos segredos para a rea��o dos empres�rios foi n�o reajustar os pre�os dos cal�ados. “Eles diminu�ram a produ��o, ajustaram o que tinham para ajustar e se mantiveram competitivos.” Ele espera que a produ��o de sapatos na cidade feche o ano com 90 milh�es de pares produzidos, 20 milh�es a menos do que foram fabricados nos bons tempos do polo cal�adista. Ele conta que, para os trabalhadores, foi dado reajuste salarial de 7% – �ndice abaixo da infla��o de 9,39% nos �ltimos 12 meses, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Pedro Gomes diz que tamb�m aumentou a produ��o da empresa que comanda para 550 pares de sapatos por dia e contratou nove funcion�rios. “Com a crise, produzimos 2,7 mil pares por m�s. Atualmente, estou com 3,3 mil. Se h� demanda, voc� vende. Mas, para isso, tem que estar de olho nas tend�ncias do mercado”, diz. A procura pelos produtos da cidade, de acordo com os empres�rios, � de todos os estados brasileiros e a aposta de aquecimento maior do mercado est� para os Dias da M�es, em maio, e o dos namorados, em junho.