S�o Paulo, 17 - O reflexo mais vis�vel da grave crise financeira do Rio est� na rede estadual de sa�de. Nos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), as filas e superlota��es s�o reclama��es constantes. H� ainda relatos da falta de medicamentos e insumos. A situa��o chegou ao extremo no fim do ano passado, quando o governador Luiz Fernando Pez�o (PMDB) declarou situa��o de emerg�ncia na sa�de por 180 dias.
� �poca, o governador, que est� afastado temporariamente para o tratamento de um c�ncer, atribuiu a crise � queda de arrecada��o no Estado e � situa��o econ�mica no Pa�s.
Especialistas apontam outros motivos, como problemas de gest�o, e relatam preocupa��o com a rede de sa�de �s v�speras da Olimp�ada.
A dom�stica Jorgeane F�tima dos Santos, 33 anos, foi � UPA da Tijuca, zona oeste do Rio, na quinta-feira, com sintomas de dengue, zika ou chikungunya. Com fortes dores no corpo e febre, disse que foi encaminhada para uma Cl�nica da Fam�lia, rede de atendimento da prefeitura, para fazer um exame de sangue. �Mal consigo levantar, mas me fazem ir de um lugar para o outro�, reclamou. Tamb�m recebeu indica��o de tomar paracetamol, rem�dio que n�o estava dispon�vel. �Era mais f�cil ter ido numa farm�cia.�
O lanterneiro Est�nio Queiroz da Silva Filho, 46 anos, tamb�m chegou com os mesmos sintomas e diz que foi encaminhado para um posto de sa�de. �A �nica coisa que fizeram foi mandar para outro lugar e ainda n�o me deram nem soro nem paracetamol, que me mandaram comprar numa farm�cia.�
Procurada, a coordena��o da UPA informou que a necessidade de solicita��o de exame de sangue � avaliada pelo m�dico que faz o atendimento. Tamb�m negou que haja desassist�ncia aos pacientes por falta de medicamentos.
Crise
A especialista em sa�de p�blica e professora do Instituto de Estudos em Sa�de Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ligia Bahia, diz que h� duas dimens�es da crise, a econ�mica, citada pelo governador, mas tamb�m a pol�tica. �H� uma queda da arrecada��o, isso � inquestion�vel, mas somente ela n�o justifica tamanha devasta��o na sa�de.�
Para a especialista, o foco deveria ser no custeio, e n�o em investimentos. �A prioridade tem sido fazer o novo, n�o resolver os problemas de sa�de da popula��o. S�o pol�ticas de curt�ssimo prazo, marcas de governo.�
O presidente do Sindicato dos M�dicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, afirma que o Estado tem adotado uma pol�tica para a sa�de temer�ria. Ele citou o fato de o Estado n�o ter destinado 12% do or�amento para a Sa�de no ano passado, porcentual que teria ficado em 9%, com d�ficit de R$ 660 milh�es. Para ele, a sa�de da popula��o est� em risco, assim como ficar� a de quem vier assistir aos Jogos Ol�mpicos.
�Pedimos que quem venha ao Rio n�o fique doente�, disse ironicamente. E completou: �O governo parte do princ�pio de que a doen�a pode esperar�.
Entre os problemas citados est�o hospitais desabastecidos, equipes desfalcadas, filas para marca��o de consulta e atendimento, al�m de car�ncia de leitos de terapia intensiva.
Questionada se haver� um plano de refor�o no atendimento da sa�de durante a Olimp�ada, a Secretaria de Estado de Sa�de informou apenas que caber� � pasta o gerenciamento de 146 ambul�ncias cedidas pelo Minist�rio da Sa�de para os Jogos Ol�mpicos e Paraol�mpicos. A secretaria disse ainda que a rede estadual de urg�ncia e emerg�ncia passar� por processo de reorganiza��o no fluxo de atendimento, visando � otimiza��o de recursos e a melhora da qualidade do atendimento.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.