Tend�ncias: impeachment abre janela para reverter crise de confian�a

S�o Paulo, 18 - A aprova��o do relat�rio de admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff no domingo, 17, no Plen�rio da C�mara, abre uma janela de oportunidade com capacidade de reverter a crise de confian�a dos agentes econ�micos. A avalia��o � do analista pol�tico e econ�mico da Tend�ncias Consultoria Integrada, Rafael Cortez. No entanto, ele chama aten��o para alguns pontos contr�rios, inerentes ao ambiente pol�tico.

Do lado favor�vel, a continuidade do atual governo pelo vice-presidente Michel Temer oferece, na vis�o de Cortez, um desgaste pol�tico menor do que seria registrado se a presidente Dilma permanecesse no cargo. Todavia, se a oposi��o a um poss�vel governo Temer, que come�ou a se formar a partir da vota��o de ontem, n�o foi suficiente para barrar o processo de impeachment, o apoio que levou � aprova��o do processo pode ser insuficiente para garantir base de apoio ao vice-presidente.

E isso ocorre, em grande parte, por conta de den�ncias envolvendo Temer em supostos atos de corrup��o no �mbito da Lava Jato. Tamb�m contribui para fragilizar o apoio a liga��o de Temer com o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Mas PMDB e PSDB v�o ter que dar uma resposta a essa crise", disse Cortez, para quem h� tamb�m certa dificuldade de se fazer oposi��o mais acirrada ao governo por causa dos incentivos financeiros.

O problema, na avalia��o do analista pol�tico, n�o ser� a falta de partidos se alinhando para dar suporte � recupera��o da economia, mas a agenda que contempla a redu��o dos gastos p�blicos e menos repasses para obras em ano de elei��o. Isso, se a Lava Jato continuar atuando sobre um governo sem a legitimidade do voto, pode limitar a execu��o de uma agenda reformista.

Outro ponto considerado por Cortez � o fato de que o eventual governo Temer, embora de transi��o, n�o conseguir� o mesmo sucesso do governo Itamar Franco. Itamar, segundo o analista da Tend�ncias, conseguiu maior apoio do que Temer poder� ter porque, entre outras coisas, na �poca n�o existia o instrumento da reelei��o. E a� se sobressai a rela��o amb�gua de quem ser� o protagonista do processo sucess�rio. "Temer n�o tem um Plano Real (como Itamar Franco teve), que derrubou a infla��o e trouxe um ganho para a renda da popula��o muito grande", pontuou Cortez.