Londres, 22 - Os limites impostos pelas maiores operadoras para a internet fixa no Brasil s�o menores que os usados no exterior. Enquanto brasileiros poder�o ter que limitar seu consumo entre 30 gigabytes (GB) e 50 GB para serem utilizados em um m�s nos planos mais baratos, clientes em pa�ses como Alemanha, Chile e Estados Unidos podem usar capacidades algumas vezes maiores.
Dados dispon�veis nas p�ginas das duas principais operadoras brasileiras mostram que os planos de banda larga fixa mais econ�micos contam com limite de uso de dados de 30 GB na NET e 50 GB na Vivo. Essas s�o os limites para planos com velocidade de transmiss�o de 2 Mbps e 4 Mbps, respectivamente em cada operadora, vendidos na cidade de S�o Paulo.
Os chilenos, por exemplo, contam com 500 GB mensais no plano mais barato em uma empresa que � do mesmo grupo da Vivo, a Movistar. � um teto 16 vezes superior ao oferecido pela NET, ou dez vezes maior do que o da Vivo. Na Alemanha, a O2 (que tamb�m � controlada pela espanhola Telef�nica) oferece 100 Gb na op��o mais econ�mica. J� nos Estados Unidos, a AT&T tem franquia m�nima de 250 GB mensais, enquanto a Comcast pratica limites diferentes conforme a localidade, mas a m�dia � de 300 GB mensais.
Uma pesquisa recente feita pela Ofcom, �rg�o regulador de telecomunica��es no Reino Unido mostrou que, na m�dia, cada resid�ncia brit�nica usou cerca de 82 GB por m�s em 2015 - suficientes, por exemplo, para ver 27 horas de filmes em resolu��o HD (alta defini��o) atrav�s do servi�o de streaming Netflix.
O consumo de dados aumentou 41% na compara��o com o ano anterior. Para efeito de compara��o, o consumo m�dio de dados nos celulares correspondeu a cerca de 1% da m�dia usada na internet fixa ou 870 MB por m�s, segundo a pesquisa brit�nica. A Ofcom estima que atualmente 65% do uso da internet fixa � consumido por servi�os de v�deo como YouTube e Netflix. A pesquisa cita que mais de 80% dos clientes brit�nicos t�m internet fixa sem limite de dados.
Mudan�a
A imposi��o de cotas para o uso da banda larga fixa no Brasil faz parte da transi��o das operadoras, que veem quedas nas receitas com voz e trabalham para se transformar em "f�bricas de gigabytes" para internet, tentando faturar mais. Dona da Vivo, a espanhola Telef�nica diz que a meta � aproveitar o momento e "monetizar" o tr�fego de dados nas resid�ncias.
Com a mudan�a, a companhia promete "dobrar a taxa de crescimento das receitas em um futuro pr�ximo".
Analistas que acompanham o setor de telecomunica��es encaram a medida com bons olhos, pois permitiria ao setor ganhar f�lego para os investimentos exigidos pelo uso crescente da internet. "Atualmente, o servi�o de dados � o que importa para as operadoras. Esse limite � uma forma de cobrar mais de quem usa mais", diz o analista da corretora Renta4 em Madri, Iv�n Carbajo.
Maior operadora alem�, a Deutsche Telekom usou o mesmo argumento ao anunciar o limite do uso de dados em 2013. Na �poca, a empresa projetava que o volume de dados quadruplicaria entre 2013 e 2016. O limite da operadora, por�m, foi bloqueado pela Justi�a e a operadora continua oferecendo banda larga fixa sem limite na maioria de seus pacotes.
A estrat�gia de impor limites come�ou em 2008, nos EUA, com a Comcast. Nos primeiros anos, clientes eram raramente acionados pelo uso. Atualmente, por�m, h� n�mero crescente de reclama��es de consumidores que atingem o limite e s�o obrigados a pagar mais. A tamb�m norte-americana AT&T adotou igual estrat�gia em 2011. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.