
Depois que se formou em engenharia civil na Universidade de S�o Paulo (USP) na d�cada de 1970, Meirelles deu in�cio a uma trajet�ria bem-sucedida no BankBoston, onde ganhou experi�ncia internacional e chegou a ser presidente mundial da institui��o. Mais tarde, de volta ao Brasil, foi eleito deputado federal pelo estado de Goi�s, onde recebeu 183 mil votos e o t�tulo de mais bem votado. Sucesso nas elei��es, mandato declinado e partido trocado para iniciar um ciclo de longevidade no Banco Central do Brasil, nos dois mandatos do ent�o presidente Lula. Henrique Meirelles, que perdeu o posto para Joaquim Levy, agora atrai todas as apostas como ministro da Fazenda de uma poss�vel gest�o de Michel Temer (PMDB).
Seu nome acalma o agitado cora��o do mercado, que anda para explodir, e recebe elogios dos economistas de diferentes correntes, Seu perfil � considerado forte, o que lhe daria autonomia na pasta, e j� h� quem aposte que Meirelles pode ser um nome para disputar a Presid�ncia da Rep�blica. Preservar essa popularidade ser� um teste de fogo.
Provavelmente, para domar a descida acelerada da economia brasileira ele ter� que enfrentar medidas impopulares, como conter os gastos p�blicos, aumentar impostos e trazer para um eixo de equil�brio a Previd�ncia Social, principal conta p�blica. Medidas que podem provocar para o mercado a confortante sensa��o de leite morno e biscoitos podem arrepiar os movimentos sociais. O brasileiro est� mais longevo, mas encontrar trabalho na chamada terceira idade � um desafio duro no pa�s, que ainda vive como se n�o estivesse envelhecendo.
Tido como persuasivo em torno de suas ideias, Meirelles se movimenta bem entre a pol�tica e a economia. N�o � a primeira vez que ele � cotado para ministro da Fazenda, seu nome foi indicado por Lula para o governo Dilma, mas no final acabou sendo escolhido Joaquim Levy pela presidente. Ele deixou o cargo um ano depois. Agora, o nome do ex-presidente do BC aparece como certo em uma transi��o do PMDB.
Cacife
Nascido em An�polis, no estado de Goi�s, no �ltimo dia de agosto e sob o signo de virgem (que nas consultas r�pidas ao or�culo apontam para o perfeccionismo e a organiza��o), Meirelles ter� que elevar ao topo seu potencial pol�tico para destravar a economia.
O atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, depois de quatro meses atuando na pasta, n�o conseguiu aprovar no Congresso nem uma das nove propostas feitas em diversas �reas da economia. A chegada de Meirelles � Fazenda � tida como um retorno da autonomia � pasta, que ganharia mais poder de decis�o, com for�a para indicar executivos em institui��es como o BNDES e o Banco do Brasil
“A presidente Dilma optou por ministros fr�geis. O papel pol�tico que o Henrique Meirelles teria em caso de assumir o cargo � de relacionamento com o governo e com o Parlamento, papel que pode ser maior que o do pr�prio presidente”, observa M�rcio Pochmann, professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-presidente do Instituto de Pol�tica Econ�mica Aplicada (Ipea) nos dois primeiros anos do governo Lula. Segundo Pochmann, Meirelles n�o � ide�logo como Joaquim Levy, e pesa a seu favor a experi�ncia na participa��o pol�tica, “diferente de Nelson Barbosa”, critica.
A conduta pragm�tica do ex-presidente do Banco Central tamb�m � lembrada por economistas. M�rcio Pochmann recorda que, decidido, quando considerou pertinente, Meirelles assumiu a postura de conter o ciclo de alta da taxa de juros, assumindo o movimento inverso e contrariando orienta��o para manter a taxa elevada.
Equipe
Para o ex-diretor do Banco Central S�rgio Werlang, respons�vel pela pol�tica de metas da infla��o durante a gest�o de Arm�nio Fraga no Banco Central, Meirelles � um nome cotado pela sua trajet�ria no mercado e no governo. “Ele se mostrou um bom gestor, reunindo assessores de alto valor”, comenta o economista, assessor da presid�ncia da Funda��o Getulio Vargas (FGV). E na semana passada, Meirelles j� come�ou a reunir a equipe. Ele convidou o economista M�rio Mesquita, s�cio do Banco Brasil Plural, para ser o presidente do BC em uma eventual gest�o Temer. Mesquita ainda n�o respondeu se aceitar� a miss�o.
Com a certeza matem�tica de que suas a��es v�o ser duras, S�rgio Werlang aposta que Meirelles vai atacar a quest�o fiscal. “Tenho seguran�a de que esse ser� o principal ponto dele. Nenhum aumento de impostos consegue resolver a economia se n�o houver corte dos gastos p�blicos.”
H� quem diga que a heran�a pol�tica que herdou do av�, que foi prefeito em An�polis, tenha despertado em Meirelles, hoje no PSD, o gosto pela pol�tica. Certo ou n�o, as aspira��es pol�ticas ter�o antes que travar a batalha real de recolocar a economia nos trilhos e gerar emprego, term�metro mais preciso do bem-estar social.
Com o aval do mercado
Visto como “queridinho” do mercado financeiro, Henrique Meirelles recebeu as honras quando os analistas de bancos e corretoras, investidores e empres�rios comemoraram o convite feito a ele, na semana passada, para ser ministro da Fazenda em um eventual governo Michel Temer. No entanto, o bord�o da festa n�o passou de “que bom! Vamos romper com a pol�tica econ�mica errada que est� a�”, diz Alex Agostini, economista-chefe da ag�ncia de classifica��o de riscos Austin Rating.
O ex-presidente do Banco Central de Lula transfere confian�a aos agentes econ�micos, contudo, precisa de respaldo e da articula��o de toda a eventual nova equipe para ser eficiente e eficaz, principalmente no equil�brio fiscal que o mercado financeiro tanto aguarda.
De fato, Meirelles vai precisar de toda a prote��o que os perfeccionistas virginianos recebem, regidos por Merc�rio, o que lhes concede talento, racioc�nio r�pido e intelig�ncia incomum. A trajet�ria dele no mercado financeiro n�o deixa d�vidas do quanto ele conhece o ch�o que pisa. “O mercado n�o tem cora��o, nem sentimento. � pragm�tico e quer ganhar dinheiro”, recorda o analista Miguel Daoud, da consultoria Global Financial Advisor.
No governo e nos bancos
Henrique Meirelles
. Nasceu em An�polis, Goi�s
. 70 anos
. Estudou engenharia civil na Escola Polit�cnica da USP, em S�o Paulo, onde se formou em 1972
. Em 1984, assumiu a presid�ncia do BankBoston no Brasil, cargo que exerceu por 12 anos
. Ainda em 1984, cursou na Harvard Business School curso que prepara executivos para a presid�ncia de grandes corpora��es
. Entre 1996 e 1999, foi presidente do BankBoston mundial, nos Estados Unidos
. Entre 2003 e 2011, foi presidente do Banco Central do Brasil
. Atualmente, faz parte do conselho consultivo da J&F, holding que controla empresas como a JBS, Eldorado Brasil, uma das maiores produtoras de celulose de fibra curta do mundo, Canal Rural e Havaianas.
. 2016 – Poder� assumir o Minist�rio da Fazenda
QUERIDO PELO MERCADO
Por que ele � aplaudido por analistas de bancos e corretoras, investidores e empres�rios
. Tem tr�nsito no meio empresarial e no pol�tico
. Trabalhou no exterior e seu nome tem prest�gio l� fora
. � reconhecido como bom gestor econ�mico e financeiro
. Entende como Bras�lia funciona, no jarg�o de analistas do mercado financeiro
. Enquanto presidiu o Banco Central entre 2003 e 2010, no governo Lula, a infla��o ficou dentro da meta e o pa�s cresceu, como seus pares das economias emergentes
