Bras�lia - O desemprego ser� a maior amea�a � estabilidade da gest�o Michel Temer. Economistas admitem que a mudan�a de governo n�o ter� efeito para conter as demiss�es, o que tende a elevar o n�vel de descontentamento da popula��o com a economia. As estimativas mais conservadores indicam que pelo menos 2 milh�es de pessoas v�o se juntar, at� o fim do ano, ao recorde de 11,1 milh�es de desocupados identificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) at� mar�o. Os mais pessimistas falam em 3 milh�es de demiss�es neste ano, independentemente da troca de governo.
Na avalia��o do economista Alexandre Esp�rito Santo, da �rama Investimentos, os pr�ximos 60 dias ser�o cruciais para que o presidente em exerc�cio d� nova dire��o � economia, indicando a retomada do crescimento, mesmo que num prazo mais longo que o desejado. Caso n�o consiga p�r em pr�tica medidas que levem � queda mais forte da infla��o e � retomada da confian�a, Temer ter� que lidar com cobran�as muito fortes, inclusive do empresariado que o est� apoiando. Em m�dia, tr�s pessoas orbitam em torno de um desempregado. Ou seja, 44,4 milh�es de brasileiros est�o sofrendo com a forte retra��o da economia, que pode encolher at� 4% neste ano.
Para tentar reverter o pessimismo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve anunciar hoje um pacote de medidas a fim de conter o d�ficit p�blico, abrir espa�o para a queda da infla��o e reconstruir a credibilidade junto aos agentes econ�micos. N�o ser� tarefa f�cil. “A economia n�o aceita mais paliativos”, afirma o economista-chefe da MacroAgro, Carlos Thadeu Filho. Para ele, o pa�s precisa de um plano consistente de recupera��o da atividade. Caso o governo Temer seja capaz de pavimentar as pontes, ser� poss�vel falar em crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produ��o de bens e servi�os do pa�s) em 2017. Tudo, por�m, s�o expectativas at� agora.
Segundo Thadeu Filho, o empresariado j� demonstrou que vai cooperar com o novo governo. O problema � que a popula��o n�o est� disposta a esperar muito tempo. Desde o fim de dezembro de 2014, a taxa de desemprego passou de 6,8% para 10,9% e pode ir a 13% ou 14% ao longo deste ano, dependendo da capacidade de Temer de reconstruir a confian�a no pa�s. “A urg�ncia � grande”, assinala o economista.
Para Alexandre Esp�rito Santo, da �rama Investimentos, assim que os empres�rios tiverem certeza de que n�o haver� sobressaltos mais � frente, poder�o desengavetar projetos que tendem a reanimar o PIB.
10,9%
� a taxa de desemprego medida em mar�o no pa�s
13%
Estimativa de quanto ser� a taxa de desocupados em dezembro
Taxa menor de juros � esperada
“Essa � a hora de voltarmos aos trilhos do progresso”, diz o economista Alexandre Esp�rito Santo. Ele acredita que outro pleito dos empres�rios para voltarem a investir est� prestes a se tornar realidade: a queda dos juros.
Para isso, por�m, a equipe de Meirelles ter� que apresentar um programa fiscal consistente. Segundo o economista da �rama, � pouco prov�vel que o pa�s consiga apresentar super�vits prim�rios a curto e a m�dio prazos. Contudo, ser� importante indicar, sem malabarismos ou pedaladas fiscais, que, em dois ou tr�s anos, as contas voltar�o ao azul.
Esse � o �nico caminho, na avalia��o de Carlos Thadeu Filho, para que as expectativas de infla��o convirjam mais rapidamente para o centro da meta, de 4,5%. “A chance de a confian�a voltar � grande”, avalia. Para ele, contudo, ser� necess�rio muito mais do que promessas. “Precisaremos ver a��es claras no sentido de corrigir todas as distor��es que foram criadas na economia nos �ltimos anos”, frisa.
Apenas a mudan�a de governo j� levou bancos e consultorias a revisarem, para cima, as estimativas de crescimento da economia para o pr�ximo ano. O Bank America Merrill Lynch passou a prever alta de 1,5% para o PIB ante incremento de 0,8%.
O Bradesco, por sua vez, reviu as proje��es de crescimento de 1,3% para 1,5%. J� o Banco Fibra elevou seus progn�sticos de 1,5% para 2,1% e o Credit Suisse, de queda de 1% para alta de 0,5%.