Nova York, 16 - O ex-presidente do Banco Central e s�cio fundador da G�vea Investimentos, Arminio Fraga, acredita que, se o governo do presidente em exerc�cio Michel Temer come�ar bem, � poss�vel que a economia brasileira comece a dar sinais positivos no segundo semestre para voltar a crescer em 2017.
"Acho que se o governo largar bem j� � poss�vel no segundo semestre que a economia comece a dar sinais de vida", afirmou Fraga em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 16, ap�s fazer palestra na C�mara de Com�rcio Brasil e Estados Unidos.
Fraga usou como exemplo de poss�vel rea��o r�pida da economia o ano de 1999, quando se projetava contra��o de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o Pa�s acabou tendo crescimento. "J� no segundo semestre (de 1999) o PIB come�ou a crescer a mais ou menos 4% ao ano e ficou assim at� a crise de 2001. Ent�o, em tese � poss�vel (a rea��o da economia no segundo semestre)."
Fraga avaliou que o Brasil pode voltar a crescer 1% no ano que vem e que, embora pare�a pouco, � um avan�o importante, considerando que o PIB deve ter contra��o forte este ano. Para ele, o Brasil "arrumado" deveria crescer ao redor de 4% ao ano. Questionado se ele v� juros de um d�gito no Pa�s no final de 2017, Fraga avaliou que � pouco prov�vel. "Isso passa por trabalho profundo de ajuste fiscal."
Sobre a Opera��o Lava Jato, ele disse que � essencial que as investiga��es continuem. "� fundamental que seja preservada e que v� at� o fim. Isso vai ser extremamente saud�vel para o Brasil e vai permitir uma evolu��o para a pol�tica e a sociedade." Quando perguntado sobre possibilidade de volta ao governo, Fraga respondeu que esse n�o � seu objetivo.
CPMF
Fraga minimizou o impacto positivo nas receitas do governo da CPMF e defendeu como priorit�ria a reforma da Previd�ncia para que o Brasil consiga arrumar as contas p�blicas e voltar a crescer.
O economista falou da necessidade de a��o r�pida do governo do presidente em exerc�cio Michel Temer para aprovar medidas de ajuste "o quanto antes". "S�o tantas (as necessidades), ent�o vai ter que haver uma sequ�ncia e acho que o importante � come�ar. Na medida em que se crie uma sensa��o de movimento, de progresso, penso que as expectativas v�o come�ar a mudar e talvez seja poss�vel correr atr�s de uma agenda mais longa", disse o ex-presidente do BC aos jornalistas.
As declara��es recentes do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, da inten��o de cortar despesas do governo, mostram na opini�o de Fraga que o ministro est� sendo "realista e pragm�tico". "Ele sabe que o desafio maior � do lado dos gastos. Eu pessoalmente n�o gosto da CPMF. Acho que seria um aumento de receita relativamente pequeno", afirmou. "Seria melhor concentrar esfor�os na reforma da Previd�ncia e no caminho de desvincula��o e desindexa��o do or�amento, esse sim teria um impacto enorme."
A desvincula��o de receitas do or�amento p�blico, na vis�o do ex-presidente do BC, poderia compensar a falta de aumento de impostos no ajuste fiscal. Ele ressaltou ainda que h� "grandes espa�os" nas desonera��es. No caso da reforma da Previd�ncia, Fraga acha positivo que o governo discuta a quest�o com os sindicatos. "Os sindicatos precisam olhar esses n�meros com cuidado e pensar no futuro do Pa�s. Espero que apoiem".
Para Fraga, � poss�vel que medidas saiam do papel em 30 dias, mas o importante neste momento inicial � o governo sinalizar quais s�o as prioridades e "agir de forma comprometida e firme". As primeiras indica��es de Temer, que incluem as redu��o de minist�rios, s�o sinais positivos. "Do ponto de vista quantitativo o efeito � pequeno, mas do ponto de vista do que se sinaliza, a� sim � importante."