S�o Paulo e Florian�polis, 26 - ressionados pela alta de custos e pela evas�o de alunos, muitos aeroclubes e escolas de avia��o espalhados no Brasil sentem o peso da crise econ�mica. O pre�o maior da hora de voo fez com que muitos frequentadores desistissem ou adiassem o sonho de ser piloto. O n�mero de licen�as emitidas para pilotos de todas as categorias somou 4.921 em 2015, 23% a menos do que o registrado h� dois anos, segundo a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac). Os aeroclubes buscam alternativas para sobreviver - mas nem todos conseguem encontr�-las.
A crise afetou as escolas de avia��o de tr�s formas. Assim como as companhias a�reas, elas t�m custos em d�lar, como a gasolina de avia��o e a manuten��o dos avi�es, que t�m pe�as cotadas na moeda americana. O segundo impacto foi o da retra��o da renda. �Tivemos alunos que pararam o curso porque o pai perdeu o emprego�, disse Nelson Riet, um dos diretores do Aeroclube do Rio Grande do Sul. O terceiro golpe foi a redu��o do pr�prio setor a�reo. �Muitos alunos desistem de fazer o curso porque o mercado n�o est� contratando agora�, afirmou o presidente do Sindicato Interestadual das Escolas de Ensino da Avia��o Civil, Juan Iba�ez.
O custo de forma��o de um piloto comercial, que forma profissionais habilitados a trabalhar como copiloto em uma companhia a�rea, � de cerca de R$ 100 mil. A grande maioria dos interessados paga do pr�prio bolso. O governo lan�ou em 2010 um programa de incentivo para pilotos, com 213 bolsas para piloto privado e comercial. A segunda edi��o do projeto, de 2015, teve s� 55 vagas.
Iba�ez explica que a crise atingiu de forma generalizada os aeroclubes. �O custo fixo � muito alto. Se h� uma queda no volume de receita, h� problemas de caixa�, disse. Assim como as empresas a�reas, os aeroclubes foram atingidos em cheio pelo reajuste do combust�vel, ressaltou.
Alguns n�o resistiram. S� em Santa Catarina pelo menos dois aeroclubes fecharam as portas recentemente. O de Lages, na serra catarinense, completou 73 anos antes de ser extinto no ano passado. O de Joinville, no norte do Estado, fechou em 2014, no ano em que registrou 75 anos.
Alternativas
Entre os que est�o operando, o jeito foi fazer ajustes. No Aeroclube de S�o Paulo, localizado no Campo de Marte, o custo para manter a escola subiu 8% este ano. Mesmo assim, o aeroclube segurou os pre�os, para n�o afugentar os alunos. �Apertamos a margem, mas n�o ficamos no vermelho�, afirmou o presidente do aeroclube, Francisco Souto.
Com essa estrat�gia, o aeroclube conseguiu at� aumentar o n�mero de alunos no curso pr�tico. Neste momento, s�o 455 alunos em forma��o, ante 415 de maio de 2015. �Muita gente daqui que voava no interior fez as contas e viu que n�o vale a pena (procurar pre�os menores). Al�m de n�o gastar com deslocamento, nossa frota � mais moderna. E S�o Paulo tem restri��es no sistema a�reo, o que faz os alunos sa�rem daqui mais experientes�, afirmou.
No curso te�rico, no entanto, que � a primeira etapa da forma��o do piloto, o aeroclube paulistano sentiu a crise. A previs�o � de queda de 11% no volume de alunos em 2016.
Em Araraquara, o aeroclube tomou uma decis�o diferente. A institui��o repassou aos alunos o aumento do combust�vel e seu volume de voos caiu pela metade. O aeroclube tamb�m se desfez de seis de suas dez aeronaves. �Tivemos de reduzir nosso tamanho para sobreviver�, disse a presidente do aeroclube Sandra Meyer. Muitos alunos que j� tinham pagado pela hora de voo est�o sendo encaminhados para outras escolas. O motivo � que alguns deles queriam fazer cursos para avi�es que n�o est�o mais dispon�veis na frota do aeroclube.
Crise antiga
Antes mesmo de a crise afetar em cheio a avia��o, alguns aeroclubes j� passavam por dificuldades. No passado, o segmento recebia aux�lio financeiro do governo para a aquisi��o de aeronaves, que entendia que a forma��o de pilotos era estrat�gica para o Brasil. A pr�tica foi abandonada depois do fim da ditadura militar, e muitos aeroclubes entraram em decad�ncia. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.