S�o Paulo, 07 - Praticamente dobrou o n�mero de pessoas que enfrentam dificuldades na libera��o do seguro-desemprego em S�o Paulo. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com a Secretaria do Emprego e Rela��es do Trabalho (Sert), �rg�o que recebe pedidos pelo benef�cio federal no Estado, aponta que cerca de quatro em cada 10 solicita��es (38% dos casos) ficaram presas na "malha fina" do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE), entre janeiro e maio de 2016.
O n�mero � o dobro do que se contabilizou em igual per�odo do ano passado, quando 21% das requisi��es seguiram para an�lise em Bras�lia.
A situa��o tem se intensificado desde o dia 20 de abril, com a inaugura��o de uma nova vers�o do sistema antifraudes para a libera��o do benef�cio, batizado de Mais Empregos. A nova tecnologia passou a cruzar as informa��es dos segurados e das empresas com os bancos de dados da Receita Federal e da Caixa Econ�mica Federal (CEF).
Na pr�tica, o efeito imediato � que, para algumas pessoas, o tempo para a obten��o do seguro, que normalmente leva 30 dias depois de protocolado o pedido, saltou para 120 dias. Acrescidos os tr�mites iniciais, a ida e vinda de recursos e os prazos de agendamento nos departamentos p�blicos, esse prazo pode se estender por at� oito meses desde a baixa na carteira de trabalho, segundo conta o supervisor-geral do seguro-desemprego da Sert, Miguel Sanches. "Essa � uma realidade nova que o segurado enfrenta", conta Sanches. "� muito tempo para quem est� desempregado."
Alternativas
A analista de recursos humanos Regina Nonato foi demitida no dia 25 de abril, entrou com o pedido para o seguro na sexta-feira passada, e descobriu que precisaria reagendar um novo atendimento no MTE. Segundo ela, o atendente da Sert avisou que o prazo para agendamento em S�o Paulo era dezembro. Mas que, em S�o Carlos, poderia conseguir em 30 dias. Ela pensa em seguir o conselho. "Acho que vou para o interior. Moro perto da Raposo Tavares. Vale qualquer coisa. Se eu n�o arrumar outro emprego, como eu vou viver at� dezembro?"
Outra que tem plano de pegar a estrada e procurar postos do MTE fora da capital � Renata Sousa. Sem emprego desde o dia 27 de abril, ela conta que tentou protocolar uma solicita��o por tr�s dias, at� que descobriu que seu processo foi bloqueado. "Eu recebi uma carta escrita assim: 'v�nculo n�o encontrado ou divergente'. Ningu�m me explicou o motivo", afirma ela, que buscava informa��es na ag�ncia do MTE no centro de S�o Paulo. "Eles n�o deixam entrar. Dizem que tem de agendar pela internet. � muito descaso com a gente."
Na porta da ag�ncia, Renata � acompanhada a dist�ncia por quatro seguran�as, que olham tudo e ficam posicionados em frente � porta de entrada. Quem tenta entrar sem atendimento agendado para o dia, � barrado. "Minha ordem � n�o deixar ningu�m passar da porta de entrada", diz um seguran�a. Questionado se n�o era poss�vel acessar o balc�o de informa��es localizado a cerca de cinco metros da porta, j� do lado de dentro da ag�ncia, ele dizia que n�o porque j� teve muita "confus�o". "O cidad�o vinha e ficava nervoso. Nesta semana, a gente precisou recorre � viatura (da PM) um monte de vezes."
Na ag�ncia do Poupatempo da S�, no centro de S�o Paulo, que recebe em m�dia 400 solicita��es de seguro-desemprego por dia, o atendente Marvon Santos Junior diz que pelo menos a metade dos pedidos fica travada no sistema. "A gente encaminha para o minist�rio (do Trabalho) umas 200 pessoas por dia", conta ele, que trabalha h� tr�s anos no mesmo local e conta que a situa��o � nova. "Al�m disso, o sistema cai o tempo inteiro. �s vezes, fica horas fora do ar", diz Santos.
Geraldina Moraes, operadora de caixa de supermercados, conta que foi dif�cil encontrar um posto com sistema em opera��o. "Eu fui no da zona norte, no Tucuruvi, e estava tudo parado. Da� eu fui at� a Rua Volunt�rios da P�tria e tamb�m estavam sem sistema", diz ela, sem emprego h� um m�s.
Procurado pela reportagem, o Minist�rio do Trabalho afirma que vai reprocessar todos os requerimentos de seguro-desemprego protocolados desde 20 de abril, quando passou a trabalhar com a nova vers�o do sistema Mais Empregos. Em nota, diz que "o objetivo � reduzir o n�mero de requerimentos bloqueados, que exigiriam an�lise posterior. Em alguns casos, os trabalhadores ser�o dispensados de solicitar abertura de processos administrativos, agilizando a rean�lise e o pagamento do benef�cio". As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.