Washington, 08 - O d�lar forte � uma nova amea�a � estabilidade econ�mica global, pressionando o sistema e os mercados financeiros, afirma o Banco de Compensa��es Internacionais (BIS, na sigla em ingl�s).
Em um coment�rio preparado para ser lido em uma confer�ncia nesta quarta-feira, Hyun Song Shin, conselheiro econ�mico e diretor de pesquisa da entidade, que representa 60 bancos centrais do mundo, diz que a aprecia��o da moeda norte-americana contribui para intensificar as anomalias em mercados emergentes e avan�ados.
Segundo ele, a quantidade de d�vida denominada em d�lares de empresas financeiras fora dos EUA estava em cerca de US$ 9,7 trilh�es, dos quais US$ 3,3 trilh�es s�o de empresas em economias emergentes. Esse montante tem pesado sobre esses pa�ses desde que o d�lar come�ou a se valorizar, em 2014, disse.
Na �poca em que o d�lar se enfraquecia contra as demais moedas, era f�cil pagar as d�vidas. No entanto, os �ltimos dois anos viram a moeda norte-americana se valorizar cerca de 17% em rela��o a uma cesta de moedas. A eleva��o dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), em dezembro, e expectativas de novos apertos monet�rios continuam a fortalecer a moeda, inverte o efeito, o que freia os fluxos de capital do d�lar em dire��o a outras divisas. No pior dos casos, os devedores precisam se desfazer de ativos para cumprir com suas obriga��es.
Em seu alerta, Shin cita o colapso do equil�brio no mercado financeiro, ou paridade coberta de juros - a ideia de que juros impl�citos nos mercados de c�mbio deveriam guardar rela��o com os juros do mercado. Esta rela��o se desfez durante a crise financeira, quando a especula��o era alta e em apenas uma dire��o, o que fazia subir a diferen�a entre as taxas futuras e spot, o que expunha o risco de c�mbio.
Nos �ltimos 18 meses, a despeito do per�odo de relativa calma, o equil�brio est� novamente saindo dos eixos, o que coincide com a valoriza��o do d�lar. "O impressionante � que isto � verdade n�o apenas para mercados emergentes, mas para moedas vistas como seguras, como o iene japon�s e o franco su��o", disse.
Dado o papel dominante do d�lar no sistema banc�rio global - tomadores de empr�stimo pedem em d�lares e credores emprestam em d�lares, independentemente do lugar - o universo de ativos denominados em d�lar se estende muito al�m das fronteiras dos Estados Unidos. Mudan�as no valor da moeda norte-americana causam efeitos em todos os lugares do planeta. Assim, a pol�tica monet�ria norte-americana ganha um peso importante na determina��o as condi��es financeiras globais", disse Shin.
O enfraquecimento da paridade coberta de juros reflete a diverg�ncia de pol�ticas monet�rias em todo o planeta e a o fim da era do d�lar barato. Quando este se valoriza, bancos diminuem a quantidade de cr�dito ofertada e o cr�dito declina.
As consequ�ncias desse movimento s�o grandes, alerta o diretor de pesquisa do BIS. Quando esse indicador sai do lugar, o hedge feito por investidores e empresas para neutralizar o risco de transacionar em diferentes moedas � amea�ado.
Shin admitiu que alguns fatores minimizam o problema, como o fato de que boa parte da d�vida em d�lar pertencente a emergentes est� na forma de t�tulos longos e de que muitos desses pa�ses det�m reservas em moeda estrangeira em volume substancial, em contraste com momentos anteriores.
"Apesar disso, n�o existe espa�o para complac�ncia", disse, alertando que, mesmo que uma grande quantidade da atual d�vida n�o estiver pr�xima do vencimento, existem outras consequ�ncias caso a tomada de empr�stimo em d�lares come�ar a recuar. Ele citou o risco de que problemas em grandes seguradoras possam se espalhar pela economia e evid�ncias de que um quarto dos empr�stimos em d�lar tomados por companhias emergentes acabou no caixa dessas empresas. Fonte: Dow Jones Newswires.