S�o Paulo, 21 - O pedido de recupera��o judicial da Oi mostra que a pol�tica encampada durante o governo do PT de cria��o de grandes empresas, capazes de competir globalmente, com a ajuda do BNDES, foi, no m�nimo, discut�vel. Apesar de toda a ajuda federal, essas companhias nem sempre se mostraram capazes de assumir a posi��o de lideran�a que almejavam. No caso espec�fico da Oi, a "supertele nacional" jamais chegou a amea�ar a posi��o das rivais Vivo, Claro e TIM em telefonia celular.
Entre outros neg�cios que foram eleitos como priorit�rios pelo governo, o resultado foi variado: enquanto a JBS se tornou l�der global em carnes e a Fibria � a maior empresa de celulose do Pa�s, a LBR, de l�cteos, pediu recupera��o judicial e saiu do mercado. O frigor�fico Marfrig tamb�m tem atuado no vermelho e teve de vender ativos.
A "supertele nacional" surgiu em 2008, quando a Oi se fundiu com a Brasil Telecom, criando � �poca uma empresa com atua��o em todos os Estados, � exce��o de S�o Paulo. Para que essa fus�o fosse feita, o governo teve de mexer na legisla��o - havia uma s�rie de entraves legais ao neg�cios.
Em 2013, tamb�m com uma ajuda do governo, a Oi, j� em dificuldades, se uniu � Portugal Telecom. A ideia foi vendida, � �poca, como uma forma de criar uma multinacional de l�ngua portuguesa capaz de concorrer at� em outros continentes. Mas nada disso deu certo, a d�vida da empresa n�o parou de subir e acabou culminando na recupera��o judicial.
Malsucedido
Para Sergio Lazzarini, professor do Insper, a pol�tica chamada de campe�s nacionais tem mais casos de insucessos. "Nossos estudos mostram que o BNDES at� ajudou companhias no passado. As que prosperavam eram aquelas que precisavam de capital e tinham bons projetos", diz. A Embraer, por exemplo, foi um caso que contou com ajuda estatal e conseguiu prosperar.
"No caso da Oi, houve uma conjuga��o pol�tica importante. Foi uma movimenta��o que buscava duas coisas: resolver os conflitos que estavam ocorrendo entre os acionistas e a decis�o do governo Lula de criar grandes grupos."
De acordo Lazzarini, a pol�tica de campe� nacional acabou no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. "Um divisor de �guas foi a tentativa do Ab�lio Diniz de fundir o Carrefour e o P�o de A��car, com o dinheiro do BNDES. Na �poca, foi extremamente criticado."
Em entrevista recente, Rodrigo Zeidan, professor de economia da Funda��o Dom Cabral, disse que um dos problemas da pol�tica de campe�s nacionais foi n�o ter focado em setores estrat�gicos, mas sim em empresas que mantinham boa rela��o com o governo.
Em entrevista ao jornal
O Estado de S. Paulo
, em 2013, o ent�o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a promo��o da competitividade de grandes empresas era uma pol�tica que havia se exaurido. Coutinho contestou, � �poca, o termo "campe�s nacionais". O BNDES diz que associar o banco a campe�s nacionais pressup�e que h� privil�gios a poucas empresas, o que seria incorreto.
Prioridade
Pelo menos, agora, em recupera��o judicial, o BNDES ter� uma vantagem. Os credores com garantia real - casos do BNDES e o BRB (Banco de Bras�lia) - s�o os que dever�o receber primeiro, al�m das d�vidas trabalhistas. Os credores restantes entram na mesma fila. "No fundo, o pedido de recupera��o judicial n�o � ruim para a Oi. Eles ca�ram na real de que a situa��o � cr�tica e que a reestrutura��o ter� de ser feita", disse uma fonte a par do assunto. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.