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Estado de Minas

Segunda maior pot�ncia em startups, Israel agora tenta criar 'gigantes'


postado em 04/07/2016 11:43

Tel Aviv, 04 - Num caf� no centro de Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel, Liat Hertanu envia e-mails e mensagens por meio do WhatsApp enquanto conversamos. Em poucos minutos, ela j� havia me apresentado virtualmente a quase uma dezena de empreendedores israelenses. Um deles est� do outro lado do sal�o, aguardando ela terminar o caf� para mais uma sess�o de aconselhamento. Todas essas pessoas s�o mais que contatos do ecossistema local de startups perdidos na agenda do smartphone. "A maioria dos meus amigos s�o empreendedores", diz ela. "Todo mundo por aqui est� tentando criar uma startup � noite, nos finais de semana."

Liat n�o � exce��o. Ap�s passar quatro anos com sua fam�lia nos Estados Unidos, ela voltou � terra natal para criar a pr�pria startup. "Eu havia me tornado m�e e, como sempre trabalhei em startups, me sentia sobrecarregada", conta. Em 2013, ela e o marido criaram um aplicativo de calend�rio chamado de 24Me, um assistente pessoal inteligente. Hoje, com uma equipe de seis pessoas, o app j� superou a marca de 1 milh�o de usu�rios no mundo.

A startup j� recebeu um valor significativo de investidores - a empresa n�o revela o valor exato. A segunda rodada de investimentos deve acontecer em breve, quando Liat lan�ar uma nova vers�o do aplicativo. Agora, al�m de "arranjar" tempo para os usu�rios fazerem o que gostam, o calend�rio permitir� a contrata��o de pessoas para cuidar de tarefas, como levar as roupas � lavanderia. "Vamos conectar as pessoas a prestadores de servi�o locais", afirma Liat.

Entrar no espa�o dos assistentes pessoais � uma briga e tanto para uma pequena startup como a 24Me. Esse terreno vem sendo ocupado por sistemas desenvolvidos pelas principais gigantes do setor de tecnologia: Apple, Facebook, Google e Microsoft t�m aplicativos do g�nero que se valem da intelig�ncia artificial - e da integra��o com servi�os de terceiros - para funcionar. Liat n�o se intimida.

"Cada uma dessas empresas desenvolveu assistentes baseados em determinados servi�os, como a busca ou aplicativo de mensagens", diz a israelense. "N�s acreditamos que o assistente deve estar no calend�rio." O caminho da 24Me � longo, mas a ambi��o � grande, assim como a de muitas outras startups fundadas no pa�s.

Conhecida pelo apelido de "na��o das startups", Israel re�ne atualmente cerca de 6 mil empresas de tecnologia em est�gio inicial, de acordo com estimativas de fontes consultadas pelo jornal

O Estado de S. Paulo

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Sozinho, o n�mero pode ser considerado pequeno, j� que � pouco superior ao total de startups em opera��o no Brasil - s�o 4,1 mil, de acordo com dados divulgados em janeiro pela Associa��o Brasileira de Startups (ABStartups). Por�m, ele se torna impressionante quando comparado � popula��o israelense, de cerca de 8 milh�es de habitantes, n�mero inferior ao da cidade de S�o Paulo.

"Perdemos apenas para o Vale do Sil�cio", diz o israelense Uri Levine, cofundador do aplicativo de navega��o em mapas Waze (ler entrevista abaixo). O servi�o, que hoje re�ne mais de 50 milh�es de usu�rios no mundo, foi vendido em 2013 para o Google por quase US$ 1 bilh�o.

M�quinas

A principal raz�o para o sucesso do ecossistema de startups de Israel tem a ver com a jornada que os jovens enfrentam muito antes de pensar em empreender. O servi�o militar � compuls�rio - a na��o est� rodeada por advers�rios desde que declarou sua independ�ncia, em 1948. O Ex�rcito pin�a as mentes mais brilhantes todos os anos para as unidades estrat�gicas. A principal delas � chamada de 8200 e cuida da intelig�ncia e ciberseguran�a. L�, os escolhidos recebem treinamento altamente especializado e t�m acesso a informa��es estrat�gicas.

Ap�s o per�odo obrigat�rio, nem todos seguem carreira no Ex�rcito. "Entre 3 mil e 5 mil t�cnicos s�o despejados no mercado todo o ano", explica Fiona Darmon, s�cia do fundo de venture capital JVP, baseado na capital Jerusal�m. "Essas pessoas saem do Ex�rcito com experi�ncia e conhecimento em alta tecnologia. Elas s�o �m�quinas�."

Bastam alguns minutos de conversa com empreendedores das mais variadas startups para descobrir que muitos deles come�aram a vida militar na 8200. A estimativa � de que mais de mil empresas tenham sido criadas s� por ex-integrantes dessa unidade. A lista inclui Levine, do Waze, que passou pela unidade como desenvolvedor.

"Me ajudou a ter habilidades de pesquisa e desenvolvimento muito cedo", conta. Gil Shwed, presidente executivo da Check Point, empresa israelense que inventou o firewall - software de seguran�a que atua como uma barreira de prote��o entre computadores e a internet -, os fundadores da Mirabilis, empresa que deu in�cio � era dos mensageiros instant�neos como o ICQ, tamb�m come�aram na 8200.

Na mira de gigantes

A avalanche de recursos humanos qualificados que chega ao mercado n�o passa despercebida para as grandes empresas de tecnologia. Gigantes como HP, IBM e Microsoft t�m centros de pesquisa e desenvolvimento no pa�s. Elas s�o respons�veis por grande parte dos investimentos em P&D feitos em Israel, que chegam a 4,5% do PIB, segunda maior taxa do mundo segundo a Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE). "Dois ter�os do valor investido em P&D em Israel vem de fora", explica Isaac Ben-Israel, diretor do principal centro de pesquisa em ciberseguran�a do pa�s.

Construir um neg�cio que atrai a aten��o de gigantes globais j� � uma grande conquista, mas est� deixando de ser a meta principal no pa�s. Mais capitalizadas, por meio de aportes estrangeiros, essas startups t�m mais chance de seguir o pr�prio caminho. � o caso do Moovit, app de rotas de transporte p�blico (ler mais ao lado). A empresa j� foi assediada v�rias vezes por multinacionais de tecnologia. "Desejo que possamos continuar independentes", diz Nir Erez, presidente executivo da Moovit. "Ser� recompensador se o Moovit mudar o mundo, sem precisar ser parte de uma grande companhia."

Educa��o

O futuro parece guardar ainda mais �xitos para as startups de Israel, mas h� uma preocupa��o un�nime entre empreendedores: a educa��o. "Gra�as � extensiva atividade em Israel nas �ltimas duas d�cadas, tivemos conquistas extraordin�rias", afirmou o presidente do conselho da autoridade de inova��o de Israel, Avi Hassom, em um relat�rio divulgado na semana passada. "Mas parece que estamos alcan�ando nosso teto de vidro."

Ele se refere � previs�o do Minist�rio da Economia e Ind�stria israelense de que vai faltar mais de 10 mil engenheiros e programadores em Israel na pr�xima d�cada. O "apag�o" ser� resultado da queda no n�mero de pessoas que fazem gradua��o na �rea de exatas: em 2004, eles representavam 14% do total de formandos, mas o n�mero caiu para 8,4% em 2014. Esse pode ser o principal obst�culo para manter o ritmo de crescimento no setor de alta tecnologia. E pode p�r em risco pela primeira vez o t�tulo de "na��o das startups" se nada relevante for feito. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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