S�o Paulo, 19 - Os efeitos dos esc�ndalos de corrup��o e m� gest�o na reputa��o das empresas podem ir al�m do impacto imediato nos neg�cios e afastar talentos de todas as faixas de idade, de iniciantes no mercado de trabalho a executivos de alta ger�ncia.
Entre os mais jovens, uma pesquisa do site de recrutamento Vagas.com mostra que 81% deles deixariam de se candidatar a uma vaga se a empresa estiver envolvida em casos de corrup��o, desvio de dinheiro e m� gest�o. E, para 89%, o sucesso de uma companhia est� ligado aos valores que ela pratica. O levantamento foi realizado com 1.400 pessoas, a maioria na faixa de 26 anos, com ensino superior completo e incompleto.
O coordenador da pesquisa, Raphael Urbano, destaca que, mesmo com o desemprego na casa de dois d�gitos, a preocupa��o persiste entre os jovens. "Os jovens hoje n�o t�m tempo de maturar o desenvolvimento. Se � um estagi�rio, ele quer ser gerente em tr�s anos e, por isso, prefere escolher uma empresa que tenha valores claros", explica.
Apesar desse receio, outro levantamento, elaborado pela Cia de Talentos, mostra que a Petrobras e a Odebrecht ainda est�o entre as mais admiradas por quem est� come�ando. De acordo com Maira Habimorad, CEO da empresa, os candidatos entendem que os problemas com a Lava Jato est�o restritos a um grupo de pessoas. "A impress�o que eles t�m � que a Petrobras foi assaltada pelo governo e que a Odebrecht tinha que jogar o jogo."
J� nos cargos de lideran�a, explica Maira, a preocupa��o � maior, pois � mais dif�cil o executivo ficar isento em caso de alguma irregularidade.
Clarissa Oliveira, s�cia do Veirano Advogados, pondera que hoje poucas empresas t�m o compliance como cultura. "O que a gente costuma ver � que elas s� se estruturam depois que a pol�cia chega. Ela tem de provar que, apesar dos treinamentos e capacita��o, um grupo de pessoas decidiu agir em benef�cio pr�prio", diz.
A s�cia de Compliance do W. Faria Advogados, Alessandra Gonsales, destaca que as companhias precisam entender que o compliance serve para cuidar da reputa��o. "Na hora de preencher uma vaga antes ocupada por um executivo afastado por corrup��o, a empresa vai ter de ser mais convincente e at� oferecer sal�rio maior."
Henrique Bessa, diretor da Michael Page, especializada em cargos de m�dia e alta ger�ncia, explica que a legisla��o brasileira d� brechas para casos de corrup��o porque n�o pune o mau funcion�rio. "Buscamos o candidatos s� pelas refer�ncias. Quando ligamos para uma empresa em que ele trabalhou e ela diz que n�o pode falar, j� desconfiamos que tenha um problema."
A advogada Alessandra Gonsales defende um equil�brio entre a prote��o do funcion�rio e das empresas. "Quando as empresas s�o acusadas de lavagem de dinheiro, elas precisam adotar um procedimento de know your employees (conhe�a seu empregado), mas como fazer isso se a legisla��o n�o deixa?", questiona.
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Esc�ndalos de corrup��o afastam talentos de empresas
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