
As obras de amplia��o do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, de Confins, na Grande Belo Horizonte, entraram na reta final a um ritmo surpreendente do ponto de vista da paralisia que tem marcado os investimentos do setor produtivo no Brasil. A menos de cinco meses da data prevista de inaugura��o, em 15 de dezembro, s� neste m�s a concession�ria do terminal, a BH Airport, enxergou a rea��o da curva de demanda dos passageiros, depois de uma s�rie de relat�rios indicando fluxo decrescente no primeiro semestre deste ano. Segundo a Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), a retra��o do transporte nos c�us de janeiro a junho no Brasil alcan�ou 6,6% frente a id�ntico per�odo do ano passado.
Foi com certo al�vio que o diretor-presidente do cons�rcio operador de Confins, Paulo Rangel, conferiu, embora ainda no campo vermelho das estat�sticas comparadas a 2015, a mudan�a de dire��o neste m�s. Era o sinal positivo mais esperado, quando os s�cios da BH Airport contabilizam desembolso da ordem de R$ 860 milh�es em menos de dois anos de contrato da concess�o.
“A curva que vinha decrescendo mostrou inflex�o e acreditamos que essa nova dire��o est� relacionada a um ambiente de maior confian�a na economia”, diz o executivo, convicto de que a recupera��o do tr�fego vai aparecer nos relat�rios de outubro, com o retorno de aeronaves que companhias costumam deslocar para mercados em condi��es, diferentemente do Brasil hoje, de garantir as metas desejadas de lucro do neg�cio. Sem qualquer semelhan�a com os tempos em que o tr�fego a�reo avan�ava 8% ao ano, Confins registrou queda de 13,7% da movimenta��o de passageiros no acumulado do primeiro semestre deste ano – foram transportados 4,84 milh�es de pessoas em voos dom�sticos e internacionais –, ante os mesmos meses de 2015.
Passou de 760 mil a perda de passageiros no terminal da Grande BH na primeira metade de um 2016 afetado pela economia fraca e contaminada por sucessivos respingos da crise pol�tica. Medida em junho, a redu��o foi mais intensa, de 17,7%, ante id�ntico m�s do ano passado. Na dif�cil tarefa de analisar o comportamento da demanda nas salas de embarque e desembarque, Paulo Rangel tem trabalhado com um balan�o deste ano ainda inferior ao de 2015, com 10,5 milh�es a 10,8 milh�es atendidos em voos partindo ou chegando a Confins, ante os 11,3 milh�es registrados no ano passado. “Esper�vamos crescimento para 12 milh�es de passageiros, mas o importante � que assistimos a uma recupera��o neste segundo semestre, devagar, e que deve ser efetiva em 2017”, diz o presidente da BH Airport.
Ao revisitarem o plano do neg�cio de Confins, os s�cios da BH Airport estruturam como projeto de longo prazo o investimento na concess�o, que transfere o risco do tr�fego � empresa gestora contratada. A Sociedade de Prop�sito Espec�fico, composta pelo grupo CCR, uma das maiores empresas de infraestrutura da Am�rica Latina, e o operador Zurich Airport, gestor de um dos principais aeroportos europeus, com participa��o de 51% no cons�rcio, e a Infraero, dona de 49%, planejam investir R$ 1,5 bilh�o nos primeiros oito anos do contrato. Considerando-se o prazo legal de 30 anos estipulado pela concess�o, ser�o R$ 3,5 bilh�es.
CONECTIVIDADE Estrat�gia e gente preparada para o trabalho s�o pontos fortes que o terminal da Grande BH j� tem aprendido com a experi�ncia do Zurich Airport, de acordo com Paulo Rangel. “A ideia � criar conectividade suficiente em Confins para trazer voos internacionais e tamb�m os nacionais, confirmando BH como hub (express�o usada para aeroportos capazes de atrair grande n�mero de voos e/ou onde as companhias a�reas mant�m hangares ou terminais dedicados). Queremos resgatar para Confins os mineiros que voam ao exterior”, afirma.
Principal projeto de curto prazo do cons�rcio, as obras do terminal 2 est�o preparando o aeroporto para dobrar a capacidade de atendimento de passageiros at� 2020, para 22 milh�es de pessoas por ano. A conclus�o do empreendimento proporciona melhorias em 49 mil metros quadrados, com novas salas de embarque, novas �reas para embarque e desembarque internacional, 17 pontes de embarque, seis esteiras rolantes e esteiras para restitui��o de bagagem.
Para uma pr�xima fase, a BH Airport iniciou os estudos para avaliar a melhor solu��o do que poder� se tornar um edif�cio-garagem. Antecipando-se ao planejamento enquadrado no contrato, a concession�ria trabalha tamb�m no projeto de constru��o de uma pista com 2.500 metros de extens�o e 45 metros de largura. Paulo Rangel informou ao Estado de Minas que o pedido de licenciamento ambiental j� dever� ser feito no ano que vem, para evitar que o processo se transforme em um problema, tendo em vista a longa dura��o na concess�o das licen�as das obras realizadas e em curso no terminal.
O gatilho que vai disparar a constru��o da segunda pista parece ainda distante para quem transita em Confins, mas n�o para os s�cios do cons�rcio. Ela est� projetada para at� 2020 ou quando o n�mero de pousos e decolagens, hoje de 113 mil por ano, atingir 198 mil ao ano.
Aos passageiros que se irritaram na semana passada com a demora e as filas maiores provocadas pela entrada em funcionamento das novas regras de revista nos aeroportos brasileiros, o diretor da BH Airport diz que dar agilidade ao processo � preocupa��o dos operadores. “Ampliamos o efetivo em Confins e temos agora 11 canais de inspe��o de passageiros, em lugar dos seis anteriores”, afirma.
Quanto ao quesito de custo/benef�cio dos produtos de lanchonete e restaurante que deram ao aeroporto baixa avalia��o dos passageiros na mais recente pesquisa de satisfa��o encomendada pelo Minist�rio dos Transportes, Portos e Avia��o Civil, Rangel disse que a concession�ria est� trabalhando firme para reverter a insatisfa��o. “Estamos oferecendo possibilidades de pre�os e criando ofertas, para abrir a concorr�ncia entre as lojas. Nos contratos, negociamos condi��es para que os pre�os sejam equalizados com aqueles vigentes em mercados de servi�os semelhantes, como os shopping centers.”
