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Estado de Minas

Crise agrava trapa�as nos servi�os de festas e eventos

Descumprimento de contratos para celebra��o de casamentos, formaturas e anivers�rios cresce na Grande BH, com registro de 41 reclama��es contra empresas somente neste ano


postado em 26/07/2016 06:00 / atualizado em 26/07/2016 07:29

Parentes e amigos dos noivos Raquel e Daniel improvisaram a comemoração, com bolo comprado em padaria e champanhe servido em copo descartável(foto: Arquivo Pessoal)
Parentes e amigos dos noivos Raquel e Daniel improvisaram a comemora��o, com bolo comprado em padaria e champanhe servido em copo descart�vel (foto: Arquivo Pessoal)
Depois de planejar toda a cerim�nia, escolher padrinhos, cerimonial, vestido, retirar e incluir parentes e amigos das listas de convidados, e arrumar a festa dos sonhos, o “felizes para sempre” nem sempre � garantia para o dia dos noivos. Tem crescido em Belo Horizonte o n�mero de empresas contratadas para prestar servi�os em casamentos que est�o deixando a desejar nas condi��es previstas em contrato. Os buf�s – parte fundamental da celebra��o – ganham mais destaques quando o assunto � reclama��o e, de acordo com Procon de Belo Horizonte, as queixas v�o desde a cobran�a indevida at� o calote no “grande dia.”


Somente neste ano, o �rg�o de defesa do consumidor j� registrou 41 reclama��es contra empresas de eventos na capital e, com a crise econ�mica, que tem levado muitas empresas a fechar as portas, a tend�ncia � qie surja um n�mero bem maior daqui pra frente. No �ltimo s�bado, os noivos Raquel Ramos Santana Melo, de 31 anos, e Daniel Carreiro Miranda, 28, sentiram na pele essa frustra��o. Em fevereiro deste ano, eles contrataram o buffet D'Paula, de Contagem, na Grande BH, para a fazer a festa de casamento deles, no dia 23 de julho, �s 16h, no S�tio Para�so da Mapa, em Vespasiano.


A empresa contratada cobrou pelo servi�o o valor de R$ 7 mil, contemplando doces, bebidas e salgados para servir 150 pessoas, mas n�o o servi�o n�o apareceu. Segundo os noivos, os fornecedores garantiram at� o �ltimo minuto que as comidas estavam chegando e algum tempo depois pararam de atender os telefones celulares. Diante do preju�zo financeiro e moral, o casal vai registrar boletim de ocorr�ncia e acionar a Justi�a contra a empresa.


A noiva, Raquel, conta que o buffet D'Paula est� registrado como Dpaula Rocha Recep��es e Eventos em nome de Gustavo de Paula Barcellos. Ela diz que tudo havia sido confirmado por ela e pelo cerimonial na v�spera do casamento. Em uma das liga��es feitas ao propriet�rio antes do desligamento dos aparelhos celulares, Barcellos chegou a dizer que os salgados haviam estragado e que mandaria, em substitui��o, itens de comida de boteco para o evento.


A espera continuou e nada apareceu. A festa s� n�o foi totalmente estragada por causa da solidariedade de parentes e amigos, que improvisaram o resto da comemora��o e, inclusive, a champanhe foi servido em copos descart�veis e o bolo foi comprado em padaria. Os estudantes Renata Santos, 24, e Matheus Ferreira, 25, que se casaram no mesmo dia e hor�rio em Contagem, ficaram sem festa por causa do mesmo buffet.


A noiva conta que pagou cerca de R$ 20 mil por mob�lia e fornecimento de salgados, comida de boteco e jantar, al�m de um barman para fazer drinks na hora. No lugar do servi�o contratado, recebeu alimentos insuficientes, carne congelada, jil� e lim�o estragados. “Ele n�o mandou vasilhame, n�o tinha �gua nem g�s para fazer a carne, n�o dava mesmo. Os gar�ons queriam ir embora porque ele n�o tinha pago ningu�m. Meu pai teve que pagar tamb�m a mob�lia, que queriam levar de volta por causa do cano”, conta Renata, que decidiu cancelar a festa e, ontem, registrou boletim de ocorr�ncia.

PROVAS VITAIS
Em Sete Lagoas, na Regi�o Central de Minas Gerais, de acordo com o advogado Adriano Cotta Barros, buffets tamb�m t�m acumulado queixas feitas por consumidores insatisfeitos. Ele afirma que, recentemente, cerimoniais que oferecem pacote de decora��o e buf� foram motivo de desespero de noivos. “Um deles, o buf� Cardoso Eventos foi julgado pela Justi�a depois de, em setembro, n�o oferecer nem 40% do que foi acordado. A empresa foi condenada a devolver 35% dos R$ 30 mil pagos pelos noivos e R$ 10 mil pelos danos morais”, destaca, recomendando aos que passam por situa��es como essas a obterem o maior n�mero poss�vel de provas, como fotos, filmagens e outros fornecedores como testemunha.


“A crise econ�mica pode at� ajudar nesses casos, mas o que prevalece � a falta de car�ter desses empres�rios”, critica. Nem mesmo tradicionais empresas do setor est�o imunes ao golpe. No ano passado, o Buffet Cl�o Perrela fechou as portas, deixando de honrar pelo menos 10 contratos. Na �poca, a respons�vel admitiu passar por um per�odo de dificuldades e, de acordo com coordenador do Procon do Minist�rio P�blico, Fernando Abreu, ela tem procurado pagar o que deve aos consumidores lesados.
“Mas no caso do buf� de Tereza Cavalcanti, que fechou em 2014 �s v�speras de casamentos e festas, deixando pelo menos 400 pessoas desatendidas, a hist�ria foi diferente. Como eles sabiam que dariam o golpe, passaram bens em nomes de terceiros”, comenta Abreu. As v�timas, em sua maioria noivos, debutantes e formandos, � �poca da fal�ncia, ainda n�o receberam o valor investido de volta ou foram indenizadas. No site do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG) h� mais de 250 processos envolvendo o nome do grupo.

PARA SE PROTEGER
Confira os conselhos dos �rg�os de defesa do consumidor
» Procure contratar buf�s por indica��o de amigos ou busque aqueles cujos servi�os voc� j� presenciou em uma festa e gostou.
» Estranhe sempre os pre�os muito abaixo dos praticados pelo setor no mercado. Pesquise qual � a m�dia cobrada e tente contratar aqueles que est�o dentro dela.
» Antes de contratar o servi�o escolhido, pesquise o nome da empresa na Justi�a do Trabalho. Geralmente, um buf� que est� em m�s condi��es j� � alvo de processos trabalhistas.
» Confira nos �rg�os de defesa do consumidor as reclama��es referentes � empresa escolhida.
» Ainda que o servi�o possa ficar mais caro, pe�a ao contratado uma garantia banc�ria, como se fosse um seguro.
» Ao ser v�tima de um calote, procure os �rg�os de defesa do consumidor que podem, na Justi�a, apresentar a��o e pedir o bloqueio de bens dos acusados.


Cobran�a indevida � pr�tica comum

“Este tipo de calote, infelizmente, tem sido comum”, comenta a coordenadora do Procon-BH, Maria L�cia Scarpelli. De acordo com dados do �rg�o, em 2015, na capital mineira, foram 71 reclama��es contra empresas contratadas para eventos, inclusive buf�s. Neste ano, j� s�o 41 queixas e, para Scarpelli, trata-se de um n�mero alto e a tend�ncia � de esse tipo de insatisfa��o crescer. “Temos visto calotes e servi�os de m� qualidade em festas de casamento, anivers�rios e formaturas”, conta.

Segundo ela, a maioria das reclama��es � sobre a cobran�a indevida, que � apresentada aos contratantes como um adicional �s v�speras do evento. “As empresas est�o alterando o pre�o quando a festa se aproxima. Mas caso essa possibilidade n�o estiver expl�cita no contrato, a cobran�a � indevida”, avisa Scarpelli. Outra quest�o destacada pela coordenadora do Procon-BH � a entrega diferente do servi�o contratado. “Os consumidores pagam por um tipo de fornecimento e, no momento da festa, h� n�mero de salgados e bebidas inferior ao combinado”, afirma.

A mais grave das queixas � a fal�ncia do buf� bem no “grande dia”. “Lembro-me de um caso de v�rias turmas de formandos que contrataram um buf� que oferecia pre�os mais em conta para a festa de formatura. Na v�spera, a empresa faliu e deixou v�rias turmas na m�o. Muitos outros buff�s se reuniram e conseguiram oferecer o servi�o e soubemos que a dona da empresa sumiu e a fam�lia dizia que estava internada em uma cl�nica de psiquiatria”, conta. A coordenadora do Procon-BH faz um alerta sobre pre�os cobrados abaixo do valor de mercado.

“As pessoas buscam o milagre acreditando que ele exista, mas n�o existe”, avisa, alertando que uma diferen�a de R$ 300 a R$ 400 � compreens�vel. “Mas de R$ 2 mil, R$ 10 mil � para se duvidar”, diz. O mesmo alerta faz o coordenador do Procon do Minist�rio P�blico, Fernando Abreu. Ele v� os fechamentos de buf�s como reflexo da crise econ�mica nas presta��es de servi�o de uma forma geral.

“S�o servi�os contratados a longo prazo, por isso, o consumidor deve ter total cautela antes de fechar qualquer contratado e pesquisar bem”, avisa, acrescentando que, mesmo com toda a precau��o, nada garante que o contratante n�o v� se frustrar. “Mas � bom ressaltar que em um processo de repara��o no processo de fal�ncia, a��es tribut�rias e trabalhistas t�m prefer�ncia e, muitas vezes, o consumidor pode ficar sem nada. Ou, muitas vezes, os s�cios j� passaram os bens das empresas para terceiros.” Abreu diz que o sonho de um casamento n�o pode cegar os consumidores e que toda rela��o de consumo � baseada na confian�a e boa-f�.


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