S�o Paulo, 09 - As vendas do com�rcio varejista subiram 0,10% em junho ante maio, na s�rie com ajuste sazonal, superando a mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Proje��es Broadcast, que esperavam uma queda de 0,30%. Os dados do varejo foram divulgados na manh� desta ter�a-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Segundo analistas, o varejo d� sinais de estabiliza��o, mas uma recupera��o n�o est� garantida, j� que a deteriora��o do mercado de trabalho, a infla��o ainda elevada e a restri��o de cr�dito inibem o consumo.
"Com uma alta de 0,10% n�o d� para falar em recupera��o, no m�ximo podemos ver uma estabiliza��o no varejo, assim como ocorre na atividade econ�mica como um todo. Estamos chegando ao fim do processo de ajuste econ�mico, no fundo do po�o", comenta o economista-s�nior do banco Haitong, Fl�vio Serrano.
J� o assessor econ�mico da Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de S�o Paulo (FecomercioSP), F�bio Pina, chama aten��o para a queda de 7% no acumulado do ano at� junho. "� uma queda forte sobre uma base j� fraca que t�nhamos no primeiro semestre do ano passado. N�o d� para ser otimista com esses n�meros", diz.
Na avalia��o da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a atividade do com�rcio varejista segue fraca, limitada pela renda das fam�lias, pelo mercado de trabalho e pelo cr�dito. "O processo de retomada da economia n�o ser� liderado pelo consumo. Isso se dar� pelos investimentos", aponta. Ela projeta uma redu��o de 7% para o varejo restrito e de 11% para o ampliado este ano.
Na avalia��o dos dados de junho, a economista-chefe do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil), Marcela Kawauti, acredita que o avan�o no volume de vendas de tecidos, vestu�rio e cal�ados (0,7%) de maio para junho � resultado do frio intenso no come�o do inverno.
J� a queda de 0,4% em hipermercados, supermercados, produtos aliment�cios, bebidas e fumo � pontual. "N�o d� para cravar uma tend�ncia nesse resultado. Isso pode ser troca de marcas mais caras por produtos mais baratos nos estabelecimentos", cita.
Em relat�rio, o Bradesco aponta para o comportamento das vendas do varejo restrito em termos nominais no primeiro semestre de 2016. O banco relata que, ap�s terem registrado estabilidade ao longo de quase todo o ano passado, apesar de a infla��o ter mostrado varia��es superiores a 10% no per�odo, as receitas nominais t�m apresentado eleva��es consecutivas nesses seis primeiros meses do ano.
Especificamente em junho, houve alta de 0,9% ante maio, na s�rie livre de influ�ncias sazonais. "Quando analisamos o crescimento semestral anualizado, a receita avan�ou 4,5% no per�odo, apontando para alguma retomada do consumo das fam�lias � frente."
Segundo o Bradesco, esse processo de recupera��o deve ser fortalecido pelos sinais positivos recentes de redu��o do ritmo de ajuste do mercado de trabalho, com avan�o mais moderado da taxa de desemprego e saldos cada vez menos negativos da gera��o de emprego formal, medidos pelo Caged.
J� Maur�cio Schwartsman, da Schwartsman & Associados, tem uma vis�o mais pessimista sobre os n�meros do varejo. Ele aponta que a m�dia m�vel de tr�s meses, na s�rie ajustada, caiu pelo 19� m�s seguido em junho e voltou para os n�veis de 2010.
O economista diz que o carrego estat�stico deste ano j� est� em -7,7%, o que significa que as vendas no varejo teriam de crescer 4,45% ao m�s no restante deste ano para que o resultado de 2016 ficasse est�vel ante 2015. "A contra��o em 2016 � um resultado concreto, a despeito do que ocorra na segunda metade do ano", explica.
Resumindo as d�vidas que pairam sobre o setor, o Banco Fator afirma em relat�rio que o dado de junho segue indicando ritmo fraco na atividade varejista, ainda que com sinais de estabiliza��o. "O mercado de trabalho ainda deve piorar, assim como a renda, mas indicadores de confian�a dos consumidores e do com�rcio sugerem um espa�o para d�vida relevante", exp�e o texto. Nesse cen�rio, o banco mant�m inalterada sua estimativa de que as vendas devem cair 5,6% este ano.
De qualquer forma, solidificado o quadro de estabiliza��o no varejo, o ciclo de ajuste no setor vai ter registrado 19 meses de contra��o. Parece muito, mas � bem inferior ao per�odo de retra��o na ind�stria, que somou 31 meses. Serrano, do Haitong, lembra que medidas de est�mulo e o mercado de trabalho apertado no come�o da atual crise adiaram o ajuste no varejo, porque as fam�lias n�o estavam sentindo ainda os impactos que viriam. Quando o desemprego come�ou a subir rapidamente, o ajuste no varejo foi brusco, observa.