Gera��o Y sabe de mudan�a na Previd�ncia, mas n�o quer pensar nisso

S�o Paulo, 29 - Os jovens da gera��o Y ser�o diretamente afetados pelas prov�veis mudan�as na Previd�ncia Social que est�o em gesta��o no Pa�s. Embora tenham conhecimento disso, pesquisas mostram que eles falham no planejamento e veem a aposentadoria como algo muito distante e n�o sabem - ou n�o querem - lidar com isso.

A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, a Federa��o Nacional de Previd�ncia Privada e Vida (FenaPrevi) e o instituto de pesquisa Ipsos fizeram um recorte de um ampla pesquisa sobre o tema divulgada na semana passada. A conclus�o � que 62% dos jovens entre 23 e 34 anos j� ouviram falar a respeito de mudan�as que o atual governo pretende fazer nas regras da Previd�ncia, n�mero superior � m�dia geral (54%) e de grupos mais pr�ximos de se aposentar, como a faixa de 50 a 59 anos (46%).

Mas, apesar de conhecerem a discuss�o, os jovens pouco sabem sobre o funcionamento do sistema de Previd�ncia Social. Metade disse n�o saber nada ou desconhecer detalhes sobre o caminho para a aposentadoria - acima da m�dia da popula��o (46%).

De acordo com uma pesquisa do banco BNY Mellon, feita em parceria com a Universidade de Cambridge, isso n�o �, necessariamente, reflexo de falta de interesse dos jovens, mas sim uma grande falha na comunica��o que � feita com eles.

"N�o est� sendo falado para essa gera��o qual � o tamanho da montanha de dinheiro que eles precisam escalar", diz a pesquisa, que ouviu jovens do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Austr�lia, Jap�o e Holanda, nascidos entre meados de 1980 at� a virada do s�culo.

No caso particular do Brasil, no entanto, percebe-se um sentimento de nega��o da realidade. Na amostra geral, 77% dos jovens disseram que querem saber a verdade sobre como ser� a sua aposentadoria, enquanto no Brasil esse n�mero cai para 48%.

Mais do que isso, um ter�o dos jovens brasileiros afirmou que prefere n�o saber como ser� o futuro financeiro na terceira idade, por "n�o saber lidar com a verdade", bem acima da m�dia global (12%).

A verdade � que n�o d� para esperar o tempo passar. Nas contas do superintendente de investimentos do banco Santander, Marcos Figueiredo, para garantir a mesma renda do tempo da ativa aos 65 anos, um jovem de 25 anos precisa investir 10% do sal�rio. Aos 45 anos, esse valor sobe para 31%.

Para Vanessa Vidutto, advogada especializada em planejamento previdenci�rio, a nega��o do jovem brasileiro � reflexo de uma caracter�stica de imediatismo dessa gera��o. "Existe uma falta de compromisso a longo prazo e isso se reflete diretamente na quest�o da previd�ncia, que exige planejamento", disse.

Aline Sun, s�cia da Guide Investimentos e respons�vel por um novo projeto de planejamento financeiro da empresa, � mais otimista. "Acredito que o protagonismo dessa gera��o supera o imediatismo. Esse jovem quer ter controle da pr�pria vida, e a melhor forma de ter isso � se planejando financeiramente."

Previd�ncia privada

Em um cen�rio em que a Previd�ncia Social deve ficar mais restrita, a oferta de produtos financeiros para complementar a renda na aposentadoria tende a crescer no Pa�s. Para o economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) Paulo Tafner, a reforma do modelo previdenci�rio � importante porque pode gerar oportunidades para a cria��o de produtos que atendam �s particularidades da juventude.

Com 25 anos e apenas dois de contribui��o ao INSS, o servidor p�blico Rodrigo Blanco Galv�o est� pessimista com o futuro da Previd�ncia Social no Pa�s e, por isso, quer come�ar a investir em uma previd�ncia privada a partir do ano que vem.

Ainda sem objetivos muito claros, ele pensa em contratar o produto no pr�prio banco, mas n�o pensando em guardar o dinheiro exclusivamente para a aposentadoria. "O objetivo � ter uma reserva para quando eu precisar, como para dar entrada em um im�vel", explica.

Para Aura Rebelo, diretora de marketing e canais da Icatu Seguros, esse desejo mostra a necessidade de criar produtos mistos, que possam, ao mesmo tempo, atingir objetivos diversos, como estudo, viagens, casamento e filhos. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.